Um crime insolúvel; uma sociedade secreta que determina o que deve ser lido e por quem e um grupo de seis pré-adolescentes dispostos a descobrir toda a verdade. Essas são as três vertentes da trama de suspense criada pela escritora e cronista do Diário Popular Lisiani Rotta para a O casarão, terceiro livro da autora. A sessão de autógrafos em Pelotas ocorrerá na terça-feira (26), a partir das 19h, no 4 Galeria Café, rua Santos Dumont, 125.

Depois de lançar o infantil O pintinho rouco (2000) e a coletânea de crônicas Ao pé do ouvido (2011), Lisiani revela aos leitores uma aventura repleta de tons sombrios, neste seu primeiro romance. Embora voltado ao público infanto-juvenil, O casarão promete encantar também os adultos. As inspirações da autora foram nas histórias góticas do espanhol Carlos Ruiz Zafón e nas eletrizantes narrativas da norte-americana Tess Gerritsen.

Instalado nos túneis da antiga Cervejaria Ritter (1986-1940), o 4 Galeria Café foi escolhido para sediar a noite de autógrafos porque integra a memória de Pelotas. Segundo a autora, como o livro aborda a importância da valorização do patrimônio histórico, nada melhor do que fazer o lançamento em um local como este.

Nascido no teatro

A obra nasceu no final da década de 1990, quando Lisiani dava aulas de teatro, na Escola Mario Quintana. A autora conta que, naquele período, a professora de Português comentou da preocupação com a falta de interesse dos alunos na leitura e pediu uma ajuda.

Lisiani teve a ideia de criar um texto e fazer a leitura de um capítulo a cada encontro, instigando a curiosidade dos alunos. A história de suspense chamou a atenção dos adolescentes que ficaram curiosos com o desfecho do intrincado enredo. “Na leitura do último capítulo eles ficaram me esperando na porta da Escola e eu fiquei até preocupada em decepcioná-los. Mas não, eles ficaram tão animados que pediram para transformar aquele livro inicial numa peça”, relembra. E foi o que aconteceu, no final do ano.

O conto de suspense levantou outras ideias entre os alunos, como a de dar uma encorpada no texto e transformá-lo em um romance. A ideia mexeu com a cabeça da autora, que ficou fomentando essa possibilidade. “A sugestão da gurizada ficou na minha cabeça, aí eu peguei aquele pequeno livro, comecei a trabalhar nele, fiz ele crescer, virar um romance de verdade”, relembra.

Movida pelo desafio

Sem prazo para terminar, a professora foi movida pelo desafio. “Coloquei numa determinada época, pesquisei sobre aquela época, entraram mais personagens e novos capítulos surgiram”, conta. A dedicação foi tão prazerosa que parecia uma terapia, confessa a autora. Quando achou que tinha algo quase pronto começou a ler para os próprios filhos, que também se entusiasmaram e a motivaram a procurar uma forma de publicar a obra. Neste período, amigos para quem ela passava o texto, também incentivaram a publicação.

O que aconteceu no ano passado. “Como meu público é inicialmente infanto-juvenil eu achei que estava escrevendo para este público, mas muitos adultos que leram diziam que não era só para um público infanto-juvenil.” Mesmo assim a autora procurou a editora Viseu que é especializada em livros infanto-juvenis. “Enviei o material e eles me enviaram um e-mail dizendo que a obra tinha sido aprovada por unanimidade. Eles foram maravilhosos comigo, porque eu não tinha nenhuma experiência e me ajudaram a tornar o livro o que ele é hoje. Foi um processo lento, mas muito prazeroso”, comenta.

O Casarão marca o início de uma trilogia que deve ser lançada nos próximos anos. O segundo livro já está sendo escrito. Este primeiro volume oferece uma história completa e independente, mas que prepara o terreno para sua continuação. Cada um deles resolve alguns mistérios e lança linhas para os outros, uma forma que a autora encontrou para contar a história como ela queria. O livro também foi disponibilizado no formato de e-book pela Amazon.

Fora do mapa

A história de O casarão é ambientada na fictícia cidade Vila Verde, que mistura traços urbanísticos de Jaguarão, município no qual a autora nasceu e viveu até os 17 anos, e Pelotas, para onde se mudou na adolescência e onde reside até hoje.

“Jaguarão e Pelotas se parecem muito, com os seus casarões e as histórias de família e lendas. Uma dessas lendas conta que Jaguarão não crescia porque a igreja tinha sido construída de costas para o rio e isso tem no meu livro. Mas Vila Verde é uma cidade que não consta em nenhum mapa”, fala.

Na trama uma confraria de anciãos que detêm o poder da cidade e determina o que poderia ser lido, inclusive as notícias sobre um crime acontecido em um palacete abandonado. Nisto um grupo formado por seis pré-adolescentes se propõe a desvendar esses e mais acontecimentos inexplicáveis de um passado distante, mas que ecoa e provoca medo nos dias atuais. “É um livro que fala muito sobre o respeito ao ser humano, independência, raízes e vidas passadas.”, diz a autora.

Serviço

O quê: lançamento do livro O casarão (Editora Viseu), de Lisiani Rotta
Quando: terça-feira (26), às 19h
Onde: 4 Galeria Café, rua Santos Dumont,
Valor da obra: R$65,00​