Noite

Galpão completa 19 anos de diversidade, consolidado no underground pelotense

Comemoração será nesta sexta-feira com discotecagem da DJ Helô e apresentação de Humberto Schumacher e banda

Foto: Volmer Perez - Depois de 19 anos na rua José do Patrocínio, Galpão deve se mudar ainda neste ano, mas continuará no Porto, assegura Mano Val Robe, um dos proprietários

Galpão hoje é a referência de festa e do underground de Pelotas. A cena alternativa encontrou um espaço que contempla a diversidade da cidade, fluindo entre os gêneros musicais e abraçando diferentes públicos noturnos. Inicialmente do Rock e há treze anos Satolep, o conceito da diversidade sonora completa 19 anos neste fim de abril, e para comemorar, o set list de hoje no Galpão traz um retorno às origens da pluralidade, lá de 2011, com a discotecagem da Dj Helô e a música do violonista Humberto Schumacher e banda.

“O Galpão era do rock lá atrás, quando começou em 2005 e rolava festivais de metal, rock’n roll, neste período até 2011. Eu chego para o que posso chamar de uma segunda fase do Galpão, a primeira coisa que faço é dizer ‘não é mais Galpão do Rock’, criei o conceito de diversidade sonora, que não é mais do rock, mas também é hip hop, samba, MPB, ou seja, tudo o que o nosso ouvido dialoga e gosta é permitido neste conceito”, diz Mano Val Robe, um dos proprietários do Galpão.

Ele mantém o Galpão ao lado de Raphael Machado Coelho, que criou o Galpão do Rock ao lado de Antonella, Daniel e Janice, depois alugou-o a Manoval em 2011 e mais tarde decidiu que não iria mais alugá-lo, mas entrar na sociedade que dura até hoje. Raphael afirma que, lá atrás, não imaginava a proporção e longevidade que o Galpão alcançaria no cenário underground pelotense.“É muita alegria poder ter essa longevidade toda. A ideia do galpão surgiu depois do antigo Porto das Artes fechar as portas, uma casa que abrigava as bandas de som pesado e autoral, que ficaram sem espaço. Aí veio a ideia do Galpão”, conta Raphael. “Ainda hoje é a casa do underground, e que leva a sempre a cultura da paz e do respeito adiante”, completa o proprietário.

Ter a DJ Helô, uma das principais referências da cena musical pelotense, é uma espécie de retorno às origens do que Mano Val considera a segunda fase do Galpão, de diversidade musical. “A Helô vai tocar nessa noite simbólica, mas ela não tem feito mais festas no Galpão, porque não é aquela mesma galera do som brasil de 2011, mas é muito legal também porque é outro público que a gente tem o mesmo carinho e cuidado, e que deixa a gente muito feliz”, diz Manoval. “Andamos um tempo afastados, mas o amor segue. Faz algum tempo que não toco no Galpão, por ter mudado o público, mas já fiz coisas muitos lindas lá, toquei com muitas pessoas. Toquei a festa para o primeiro disco do Zulu, toquei com Pata de Elefante, Apanhador Só, Júpiter Maçã, Juliano Guerra… Nossa, muitas figuras, muita gente”, relembra Helô.

A DJ promete o que sempre entregou em suas festas: transitar entre a MPB, o funk e o soul, suas principais referências musicais. “A expectativa é que apareçam pessoas que há muito tempo não aparecem no Galpão”, projeta.
“[O Galpão] É um espaço que acolhe os estudantes, gente com pouca grana que não pode pagar outros lugares, que se encontra no Galpão como esse espaço de acolhimento e de festa”, celebra Helô, que afirma não ter mistério tocar para as diferentes gerações que devem comparecer à festa. “Toco em outros lugares que a juventude anda sempre, estou acostumada. Vai ser tranquilo, toco no Flama, no Bloco, Nave… Tudo certo com isso”, conclui.

Mano Val aponta para uma alteração ao que tem sido feito majoritariamente no Galpão nos últimos tempos, de maior atenção ao funk e ao pop, ao convidar Helô e Schumacher para a festa que comemora os 19 anos do espaço.
“A Helô é uma pessoa que eu amo, uma amizade de muitos anos, mas não só isso, nossa relação é também profissional. O Schumacher é muito talentoso, vejo-o com respeito e admiração, um sucessor natural da melhor tradição sonora pelotense, à la Milton Sete Cordas”, diz.

O violonista promete uma apresentação voltada à música brasileira, “a gente vai fazer uma incursão pela música brasileira, desde os Ticoans até Fundo de Quintal. Vai ser uma noite bastante especial”, relata Schumacher, que tocará ao lado de Everton Maciel (percussão), Gabriel Soares (bateria), Alinson Alaniz (baixo), Vitinho do Cavaco e Mapa do Trombone. O músico exalta o Galpão como um ícone da cultura e da boemia pelotense. “O Galpão é um feliz milagre na noite pelotense, algo que os deuses da boemia nos deram. Estar aberto há tanto tempo, com esse perfil diverso, é fruto de muito trabalho”, diz. “O Galpão resume o que o Porto é para a cidade de Pelotas. É certamente um momento muito feliz para mim [tocar na comemoração de aniversário].”

Novos ares
O endereço José do Patrocínio, 8 ficará marcado para diferentes gerações que passaram por Pelotas nos últimos 19 anos. Nos próximos meses, no entanto, o Galpão terá uma nova casa, sem sair do Porto. “Essa é a última tocada do Helô na Casa. Faremos algumas despedidas, este é o começo do fim, a primeira delas. Vamos deixar em surpresa o novo local, mas permanece no Porto, eu sempre vivi esse ecossistema e continuaremos fazendo parte dele”, promete Mano Val. “É um processo que não tem como não ser melancólico. Casais se conheceram aqui e tiveram filhos, as pessoas me contam. Quando eu era novo, ia no Mafuá das Artes e Boate do Direito. Tem gerações que sentem isso pelo Galpão”, relata Mano Val. “A gente precisa trabalhar na esperança do novo, um espaço que terá arte, um complexo cultural além da casa noturna. Trabalhar as melhorias estruturais sem perder a essência do underground”, conclui.

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