Pela grande oscilação dos crimes de campo em Rio Grande entre janeiro (10), fevereiro (2) e março (12), as equipes do Núcleo de Combate ao Abigeato do Município intensificaram as ações no início de abril. Na sexta-feira, por exemplo, o grupo, em ação conjunta com a Força Tática e a Patrulha Rural da Brigada Militar, cumpriu um mandado de busca e apreensão na localidade da Palma, o que impediu o carregamento de animais bovinos para o município de Cruz Alta. Em razão de investigação de possível crime de estelionato, 29 animais foram apreendidos, assim como documentos e celulares que auxiliarão nas investigações.

De acordo com o coordenador do Núcleo, delegado Ronaldo Coelho, durante o cumprimento da ordem judicial, possíveis vítimas fizeram contato com a equipe relatando situações semelhantes. "Chamou a atenção um caso em que a pessoa que é analfabeta, com idade avançada e sem nenhuma condição financeira, teria sido convencida a negociar seus animais, restando com prejuízo de mais de R$ 60 mil", conta. A situação de sexta, explica Coelho, é esporádica, uma vez que o investigado mudou-se há pouco para Rio Grande e, ao saber que estava na mira da polícia, tentou voltar para Cruz Alta e levar os animais comprados e não pagos. "Normalmente os animais ficam no entorno, no máximo em municípios vizinhos".

Em um comparativo desde o início das operações, em dezembro de 2020, o delegado diz que em anos anteriores, o problema maior eram as carneadas de animais no campo. "Conseguimos baixar esse índice com a prisão de alguns carneadores, através de trabalhos de investigação qualificada, buscando toda a rede desde o furto até os receptadores da carne. Atualmente, temos enfrentado problemas com furtos de animais em pé, desaparecimento dos animais do campo", revela.

O responsável pelo Núcleo ressalta que a união das forças de segurança impediu, em tempo hábil e preciso, a apreensão do gado, evitando um significativo prejuízo a algumas possíveis vítimas da localidade. "Estamos buscando a integração e a soma de esforços com a Polícia Militar. Recentemente a Brigada recriou a Patrulha Rural no município e, com isso, temos buscado troca de informações e operações integradas", destaca. Um dos reforços é a criação do Risp (Região Integrada de Segurança Pública), que é um grupo de trabalho do RS Seguro na Zona Sul, com regiões policiais sediadas em Pelotas e Rio Grande, e, conforme o delegado Ronaldo Coelho, tem como indicador local o abigeato. "Terá uma atenção diferenciada a este tipo de crime".

Ainda falta investimentos
No entanto, Coelho se diz ressentido pela falta de uma Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e de Abigeato (Decrab) na Região Sul. Atualmente o Núcleo é atendido pela Especializada de Camaquã, antes era de Bagé. "A nossa unidade de combate aos abigeatos e crimes rurais busca suprir essa demanda, porém sem a autonomia e os recursos que são destinados às Decrab", lamentou. Ele destaca que os policiais do Núcleo têm origem rural e afinidade com o tema. "Com isso, buscamos a aproximação com o produtor rural, inclusive para enfatizar o registro dos crimes e uma maior efetividade".

Participação
Essa aproximação faz com que a comunidade auxilie o trabalho da polícia, seja pelo WhatsApp, ou pessoalmente na Delegacia. A equipe disponibiliza os telefones (53) 98404-5172, 98403-1154 e 99975-1730 para informações e denúncias anônimas.

Resultados
Em três anos e três meses de ações, o Núcleo de Combate ao Abigeato em Rio Grande já realizou 28 operações, com 67 presos entre flagrante e preventivas. Isso rendeu a apreensão de 63 armas e 134 animais restituídos. Além disso, foram mais de três mil animais identificados e fiscalizados (com marca e sinal) e apreensão de barcos, tratores e caminhões, resultado do cumprimento de aproximadamente 110 mandados de busca e apreensão.