A Prefeitura de Pelotas anunciou cinco processos de licitação que envolvem a restauração da infraestrutura de diversas ruas, em regiões variadas da cidade. Com isso em vista, o DP foi a alguns desses locais que são alvos de constantes reclamações dos moradores. O recurso estimado é de mais de R$ 22 milhões, evolvendo financiamento junto ao Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), com contrapartidas do Município e, também, emendas parlamentares do deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB) e da bancada na Câmara Federal.

Considerando todas as licitações, um conjunto de 20 ruas e avenidas da cidade estão inclusas nos projetos e receberão obras de requalificação. São elas: avenida Fernando Osório, trechos da avenida Alfredo Theodoro Born, avenida Senador Augusto Assumpção, trechos das ruas Nilo Peçanha, Daniel Capdeboscq, Lindolfo Collor, Professor Osvaldo Pinho Louzada, Barão de Itamaracá, ruas 26, 33 e 35 (Jardim Europa), ruas Triunfo, Gonçalves Chaves, João Pessoa, Adolfo Aveiro, Doutor Nunes Vieira, Zola Amaro, Professor Paulo Marcant Gonçalves, Francisco de Paula Barreto, e Manoel de Oliveira Thomaz Júnior.

No início da tarde de ontem, a reportagem do DP circulou pela cidade para verificar o estado em que se encontram as ruas que serão contempladas pela execução dos projetos. A necessidade de reformas infraestruturais é evidenciada pelos cenários dos locais, que geram, inclusive, dificuldades de deslocamento a outros pontos. Buracos de diferentes tamanhos foram encontrados, cheios de água por conta das chuvas recentes, ao mesmo tempo em que o lamaçal tomava conta das calçadas em praticamente todas as ruas visitadas. O que se viu, também, foram moradores enfrentando dificuldades para transitar a pé, de bicicleta, motocicleta ou carro.

Uma das vias que será requalificada é a rua 35 do Jardim Europa. Lá, a estrada de chão batido e a buraqueira é o que mais incomoda moradores do bairro. O trajeto entre a casa e o trabalho é um momento desafiante para Jaison Rodrigues, de 24 anos, que enfrenta obstáculos com a sua bicicleta, desviando e passando entre as fissuras abertas no chão, evitando se sujar ou se acidentar. “Eu passo por aqui todos os dias. Se chover ou não chover, é a mesma coisa. Não adianta nada”, diz o homem, alegando que a rua é ruim mesmo no tempo seco. Próximo à rua João Zabaleta, três a quatro crateras acumulam água, bloqueando 90% da passagem. De carro, é impossível passar pela rua sem enfiar quase metade do pneu dentro da água. “Muitas pessoas passam de bicicleta. A gente passava pela calçada, só que os vizinhos começaram a reclamar pela grama deles, colocavam alguns pregos… Aí, tem que passar pela rua mesmo."

No mesmo local, outra moradora critica a acessibilidade da rua e enfatiza que as más condições não estão relacionadas às mudanças do tempo. “Vem uma visita, reclama. Meu irmão não quer vir aqui, porque ele acha que estraga o carro. Ele estaciona lá na esquina. Em dia de chuva, esses buracos ficam cheios de água. Em dia de calor, não pode abrir a casa, porque enche tudo de terra. [...] Eu não sei porque nunca colocaram asfalto aqui”, questiona Beatriz Pinheiro, de 45 anos. Segundo Antônio Luiz Motta, de 70 anos, a pavimentação nas ruas do bairro é uma demanda antiga da comunidade. “Esse é o bairro que desafoga as outras ruas lá pra cima, do Dunas, da Bom Jesus, do corredor do Obelisco que é cheio de apartamento agora. O pessoal procura andar por aqui, que é mais perto e foge da fila lá”, diz o homem.

Areal

No bairro Areal, algumas vias estão nas licitações. Uma delas é a rua Barão de Itamaracá, onde mora a idosa Norma Pereira da Silva, de 78 anos. Uma das moradoras mais antigas da região, ela revela que, ainda no ano passado, uma parte da rua recebeu a aplicação do pavimento, mas o serviço não foi realizado em toda sua extensão, restando um trecho de uma quadra. O pedaço, segundo Norma, não foi concluído por falta de verbas do Município, segue cheio de buracos e dificulta o acesso das pessoas. “Eu era contra o asfalto. Achava que o terreno irregular iria drenar a água e o asfalto não. Agora que eu vi como ficou aquela parte, com um bom escoamento, quero muito que termine aqui”, afirmou.

Cronograma

As propostas financeiras de empresas interessadas na Tomada de Preços poderão ser feitas presencialmente na Comissão Especial de Contratações, a serem realizadas na sede da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), localizada na rua Menna Barreto, 752, no Areal. Já as concorrências eletrônicas ocorrerão por meio de endereço digital, no site.

De acordo com Roberto Ramalho, titular da Seplag, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) é o órgão responsável apenas pelos repasses dos recursos, os quais são provenientes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A partir da apresentação dos projetos ao BRDE e, posteriormente, aprovação dos mesmos por parte do BNDES, o Município recebe a liberação para abertura das licitações.

O secretário de Planejamento e Gestão explica que, ao todo, foram lançados cinco editais, o que corresponde a cinco contratos distintos. Diante da previsão de obras que contemplará o total de 20 vias, entre ruas e avenidas, cada um dos contratos terá seu próprio cronograma, podendo as obras serem desenvolvidas simultaneamente. A partir da necessidade de cadastramento e participação de empresas no certame, essencial para dar início às obras, a expectativa da Prefeitura é continuar avançando no processo de melhorias da infraestrutura de Pelotas, qualificando ruas e avenidas importantes da malha viária do Município.