Infantil

Coletivo de escritores lança livro de histórias para crianças

O Poção Literária, edição de estreia do Coletrinhas - Caderno Literário Infantil 1, será disponibilizado gratuitamente às escolas

Ilustração: Divulgação DP - O cusco Ladino e o gavião Bombachinha (imagem) são alguns dos personagens que aparecem nas histórias

O Coletivo Autores de Pelotas (CAP) completou cinco anos em 16 de fevereiro e desde o início os integrantes cogitavam, um dia, escrever para o público infantil, com o objetivo de trabalhar o estímulo à leitura nas escolas. No ano passado, o CAP deu os primeiros passos neste sentido - discutiu questões de literatura infantil, definiu um projeto, estipulou prazo de escrita e escolheu ilustrador, entre outras etapas - e neste mês finalizou o Poção Literária - Histórias e poemas para despertar o prazer da leitura, a edição de estreia do projeto Coletrinhas - Caderno Literário Infantil, um passo decisivo para começar o #EuLeioPelotasparaCrianças. A publicação será disponibilizada gratuitamente para as escolas e a versão impressa do livro, que está em pré-venda até este domingo de Páscoa, será entregue em maio.

 O CAP conta com 17 integrantes (esse número é flutuante), entre eles há professores na ativa que conhecem as dificuldades da educação pública das últimas décadas. Na opinião destes educadores a pandemia agravou o que já estava complicado e, atualmente, há alunos de até sexto ano que ainda não dominam a leitura nem a escrita. Motivados por situações como esta, o grupo queria se dedicar a um projeto infantil. Porém, ainda que a maioria tivesse vários livros publicados, quase ninguém tinha experiência em literatura infantil. Mesmo assim, 14 escritores abraçaram a proposta e toparam o desafio de escrever para crianças.

 Assim como as vivências e a escrita dos participantes, o conteúdo do Poção Literária é diversificado, conta com 12 contos e dois poemas que trazem reflexões e aprendizados ao abordar temas bem variados: a rotina de sala de aula; o medo do escuro; o estranhamento ao diferente (e a tendência natural de rejeitá-lo); a importância da empatia, de ser solidário, de respeitar as diferenças e de não acreditar em tudo o que se ouve, sem checar a informação; o poder da amizade, da bondade e do amor; as consequências da ganância e da mentira. Os textos também trazem incentivo a brincadeiras saudáveis (com outras crianças, e menos no celular) e reflexões sobre a relevância de ouvir a intuição e de respeitar a própria essência.

"É importante estimular o gosto pela leitura, que desenvolve a capacidade imaginativa e ajuda a criança a distinguir fatos de opiniões, por exemplo. Torna-a capaz de tomar decisões, no futuro, baseada nos conhecimentos adquiridos através da pesquisa, da leitura, e não apenas repetir aquilo que o outro disse no grupo de whatsapp", pondera J. Gonçalves, que lecionou para crianças de oito e nove anos e adorou a experiência inédita de escrever para os pequenos. No Poção Literária, Gonçalves apresenta Deisoquinha, a professora minhoquinha, um poema indicado para crianças de até sete anos, que teve por inspiração a esposa e os filhos.

As 14 histórias estão organizadas por faixas etárias: até sete anos; para oito e nove anos; de 10 a 12 anos. Cada história é acompanhada por uma ilustração infantil, de Luan Alves, o que dá um teor mais colorido à publicação. O nome Poção Literária foi ideia de Charlie Rayné, que tem dois livros solo publicados e integra diversas coletâneas, durante um brainstorm dos 14 participantes. "Estávamos em busca de um título que dialogasse com a proposta. Aqui a palavra 'poção' tem um sentido duplo, porque esperamos que a leitura tenha um efeito de encantamento nas crianças e, ao mesmo tempo, nutrimos essa esperança de que o livro consiga avanços milagrosos, para que elas não só melhorem na leitura como ainda se apaixonem por livros e se tornem leitoras ávidas", explica Rayné, que participa no livro com O cusco Ladino e o gavião Bombachinha, indicado para crianças de 10 a 12 anos.

Formação pedagógica

Em agosto de 2023, o CAP fez o primeiro contato com a Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed) para apresentar o projeto que pretende desenvolver junto às escolas de Pelotas, a partir desse ano. No início deste mês, com a primeira edição concluída, houve nova reunião com a representante do setor Pedagógico, a bibliotecária Simone Echebeste, e a coordenadora de Língua Portuguesa da Smed, Laís Costa. "As duas ficaram tão entusiasmadas com o projeto que resolveram organizar uma formação com as professoras, para que entendam como trabalhar com o material", conta a escritora Beatriz Mecking, que no Poção Literária apresenta a historinha A nova companheira.

O Coletrinhas - Caderno Literário Infantil será disponibilizado gratuitamente no blog do CAP (euleiopelotas.blogspot.com) no formato A4, para facilitar a impressão em papel ofício nas escolas, e também será repassado ao Pedagógico da Smed, ou a professores que contatarem o grupo, um link de acesso e o arquivo em PDF, a fim de facilitar ao máximo o acesso ao material. O tamanho da letra também é diferenciado, adequando-se às necessidades das crianças - nas duas primeiras faixas, estão em corpo 16 e 14, respectivamente, com as fontes em maiúsculas (caixa alta), atendendo sugestão de profissionais experientes com ensino fundamental, para facilitar a compreensão dos leitores mirins.

A proposta inicial é que o professor escolha a(s) história(s) que melhor se adéque ao perfil dos seus alunos - ele conhece melhor que ninguém as características peculiares da sua(s) turma(s) - e a escola imprima os textos a serem trabalhados. Depois que o professor trabalhar o material com eles, o/a autor/a vai até à escola para que as crianças o/a conheçam pessoalmente, uma forma de diminuir a distância entre autor(a)/leitor(a). O CAP entende que é importante que as crianças vejam que os autores são pessoas "normais", o que deve incentivar aquelas que gostam de escrever, mas muitas vezes pensam que ser escritor é algo "glamoroso e impossível no universo delas".

"Como professora de Português, busco incentivar a leitura por acreditar que o ensino da língua materna tem como propósito aperfeiçoar a fala e a escrita do nativo, e sabemos que quanto mais a pessoa lê, melhor se expressa. Como leitora e escritora, percebo a importância do trabalho nas escolas com autores locais, pois o encontro dos alunos com o autor aguça ainda mais o interesse pela leitura", reflete Karen Schiller, que dá aula de português para o sexto ano na rede municipal de ensino e responde pela autoria do conto As bruxinhas que eram más no livro. O texto está em processo de montagem com crianças que fazem aula de teatro com Karen no Espaço Kacha Preta, na Cohab Tablada, com estreia prevista para maio.

Lançamento
A versão livro impresso tem 78 páginas, em formato 16x23cm, e fica em pré-venda até o dia 31 de março, com 20% de desconto sobre o preço de capa. Pode ser adquirido por meio das redes sociais @euleiopelotas e dos autores participantes. Os exemplares serão entregues em festa de lançamento no dia 25 de maio, às 17h30min, na Casa Dois, Praça Coronel Pedro Osório, 2, durante o 6º Festim de Maio #EuLeioPelotas, com sessão de autógrafos coletiva. A pequena celebração à literatura local terá atividades desenvolvidas ao longo de três dias, 24, 25 e 26 de maio, e na tarde do dia 25, antes do lançamento, haverá uma programação especial para as crianças, o Caminho das Cores.

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