Impacto

Postes caídos e prejuízos em estabelecimentos pela falta de luz continuam em Pelotas

Relatos de residências sem energia elétrica pipocam em todas as regiões do município; Rio Grande decreta emergência

Foto: Volmer Perez - DP - Prejuízos em razão da falta de energia são vários

Por Heitor Araujo
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Seguem relatos vindos de todas as regiões de Pelotas de falta de abastecimento de energia elétrica - e consequentes transtornos no dia a dia da população e prejuízos aos comerciantes. Um poste permanece atravessado sobre uma via na Sanga Funda, com a fiação esticada no chão rente aos portões das residências, enquanto no coração da cidade, na Avenida Bento Gonçalves, uma quadra inteira permaneceu sem luz durante quase cinco dias.

Na Bento, um restaurante tradicional da cidade estima em mais de R$ 50 mil o prejuízo pelos cinco dias fechados. No fim de semana, período de maior faturamento, uma reserva que previa 40 clientes teve que ser cancelada.

O proprietário, Adriano Martin Funk, reclama da falta de diálogo com a CEEE Equatorial que, segundo ele, prejudica o planejamento dos estabelecimentos que tiveram que manter as portas fechadas.

Sem luz, o jeito foi doar as carnes e demais insumos para o fim de semana, e mesmo com o retorno de luz no fim da tarde de desta segunda-feira (25), ele ainda não sabe se conseguirá organizar o local para abrir no horário do almoço desta terça-feira (26).

Na mesma quadra, outros estabelecimentos contabilizam os prejuízos. Muitos passaram os cinco dias sem luz fechados, enquanto outros operaram com grande queda de número de clientes. Segundo técnicos da CEEE Equatorial que trabalharam no restabelecimento da energia no local na tarde desta segunda, o problema era em um transformador.

Relatos pela cidade

Na Zona Norte, no Fragata, no Laranjal, no Parque Una… São inúmeros os relatos de regiões, quadras ou até prédios isolados que estavam sem energia até a tarde desta segunda, quatro dias e meio após o temporal que castigou o Estado.

Uma influenciadora digital publicou nas redes sociais que um único prédio no Parque Una permanecia sem energia elétrica. Ela relatou que vizinhos idosos ou com dificuldades de locomoção, sem o elevador, tiveram que se manter isolados nos seus apartamentos.

Situação delicada também viveram moradores da Sanga Funda, onde um poste caiu sobre a via durante a tempestade e fios de luz no chão permaneceram por quatro dias entrando em curto circuito, rente aos portões de entradas de mais de dez residências.

Segundo Andréia Barbosa, 28 anos, até a tarde desta segunda nenhum técnico da empresa fora à rua para trocar o poste e recolher a fiação caída. Ainda na segunda, no entanto, funcionários da Equatorial estiveram na rua de trás e isolaram a rede da área para acabar com os curtos circuitos.

Moradores que não tinham parentes ou amigos próximos com energia elétrica relatam que perderam todo o alimento que tinham na geladeira. "Tenho que comprar leite todo dia pra minha filha pequena, dou duas mamadeiras e tenho que jogar o resto fora, porque não tem como refrigerar", disse Andréia à reportagem. "Estamos há cinco dias desamparados pela Equatorial", completa.

Zona Rural

Na zona rural, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Doutor Berchon funciona sem energia elétrica e sem abastecimento de água. Morador do Capão do Almoço, Fabrício Tessman Lubke relata que muitas crianças deixaram de ir às aulas por conta disso.

Ele diz, ainda, que há diversos pontos vizinhos sem energia elétrica, e muitos postes permanecem caídos. Sem luz há cinco dias, ele teve que comprar um farolete para iluminar a casa que divide com a mulher. O banho é gelado e os celulares são carregados no isqueiro do carro.

"Já mandei mais de 30 mensagens e liguei três vezes para a Equatorial, e eles só respondem que reforçar o atendimento. Piorou muito o atendimento no interior. Estamos nos sentindo vulneráveis sem luz", afirma Fabrício.

Rio Grande em situação de emergência

O município de Rio Grande decretou nesta segunda situação de emergência e estado de calamidade pública em decorrência dos estragos causados pelo temporal da semana passada. Na cidade, também havia relatos de quadras sem abastecimento de energia elétrica até segunda.

É o caso do advogado Carlos Roberto de Freitas Júnior, morador do Centro, próximo ao canalete, que entrou com uma ação judicial contra a CEEE Equatorial, e recebeu como resposta da Justiça a tutela de emergência para o restabelecimento de energia em até 24 horas, cumprido pela empresa no fim da tarde.

"No sábado começou o caos, perdi as coisas da geladeira. As caixas d'água do prédio foram esvaziando, e no domingo acabou a água. Tivemos que descer para pegar água das torneiras da garagem", diz o advogado, que pediu na ação judicial uma reparação por danos morais, com embasamento em uma normativa da Aneel, que prevê o restabelecimento de energia elétrica em até 24 horas no perímetro urbano.

Equatorial

A CEEE Equatorial manifestou-se por meio da assessoria de imprensa. A empresa afirma que, em toda a área de cobertura, restam dez mil unidades consumidoras sem o abastecimento de energia e, pelas redes sociais, informou que "99% dos clientes" já tinham a situação normalizada.

"No Sul do Estado, temos aqueles clientes do meio rural, em que as equipes de atendimento têm mais dificuldade de acesso e de recomposição das ocorrências", respondeu a empresa.

Nas últimas semanas, a CEEE Equatorial foi classificada como a segunda pior em relatório da Aneel, em cálculo que envolve a quantidade de quedas de luz e o tempo para restabelecimento do serviço nas unidades consumidoras.

O índice do ano passado, inclusive, caiu em relação ao de 2022. A empresa respondeu, na ocasião, que a piora devia-se aos eventos climáticos adversos no Estado e que ainda não havia tempo para que os investimentos feitos dessem o retorno esperado.​

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