Protestos

População vai às ruas após dias sem energia elétrica

Indignação perante aos prejuízos, os transtornos na rotina e a falta de previsão do restabelecimento pela CEEE Equatorial motivaram as manifestações

Foto: Divulgação - Ecosul - População se manifestou após dias sem luz

Por Victoria Fonseca e Helena Schuster
[email protected]
[email protected]

A manhã de terça-feira (26) iniciou com manifestações na BR-116 organizadas por moradores da Colônia de Pelotas que não têm previsão de restabelecimento da energia elétrica. Com placas como "SOS" e "Equatorial, péssimo serviço prestado", assim como com fogueiras de pneus e galhos, a rodovia foi bloqueada. Apesar das pistas liberadas próximo do meio-dia, os manifestantes, maioria produtores rurais, voltaram a trancar o fluxo do trânsito durante a tarde. Os protestos também foram registrados na Cascata, onde não há eletricidade há oito dias, na BR-392 e na avenida São Francisco de Paula.

A indignação pelos prejuízos domésticos e também nas produções rurais somado com a falta de previsão de restabelecimento da eletricidade foram os motivos que levaram os moradores de localidades como Colônia Osório, Capão do Almoço e Py Crespo a bloquear totalmente a pista da BR-116, no quilômetro 499, próximo a Santa Silvana, no final da manhã de terça. Após cerca de duas horas, o ato foi dissolvido. No entanto, sem nenhum retorno da CEEE Equatorial, a mobilização foi novamente formada durante a tarde. "Não sei até que horas vamos ficar aqui porque não tivemos nenhuma resposta", diz o produtor Vinicio Wetzel.

O morador da Colônia Osório relata que só não perdeu toda a produção de leite porque está utilizando um gerador. No entanto, já foram mais de R$ 1,5 mil desembolsados na compra de óleo diesel para o funcionamento da máquina. "Minha sogra já colocou um resfriador de leite [reservatório do produto] fora, eu ainda estou conseguindo manter por causa do gerador". Como muitos vizinhos não têm acesso a alternativa, Wetzel tem cedido os seus freezers para que os conhecidos possam armazenar seus alimentos. "São muitos relatos de pessoas colocando carnes fora, tudo azedando". O produtor relata ainda que apesar das inúmeras ligações não há nenhuma previsão de restabelecimento da energia. "A gente faz as ocorrências e eles só alegam que vão encaminhar para o serviço, a balela de sempre, mas até hoje não apareceu uma viatura [veículo da equatorial] para olhar um fio ou alguma coisa", conclui.

Sem energia elétrica desde a terça-feira passada, quando iniciaram os ventos mais fortes que antecederam o temporal de quinta-feira, os moradores da Cascata também tiveram que se mobilizar na tentativa de chamar a atenção da CEEE Equatorial no final da tarde de terça. O transtorno da falta do serviço também interrompe o fornecimento de água, pois a maioria das residências é abastecida por poços artesianos. Uma das pessoas vivendo essa situação e protestando é uma das Baronesas da Fenadoce, Maria Eduarda Dode. Ela relata que além de afetar todas as atividades da rotina doméstica, a falta de água também dificulta o trato de animais e impede a irrigação de plantações. "Aqui a gente não tem água do Sanep, todo mundo tem poço artesiano ou pega água de cacimba próxima. Para mim eu consigo comprar água, mas nos potreiros para os animais fica muito ruim, está muito difícil abastecer eles".

Maria Eduarda tem se deslocado até Pelotas diariamente para conseguir trabalhar na casa da mãe. Para ela, além dos inúmeros transtornos, a situação é ainda pior em razão da falta de previsão de retorno da energia. "Se a gente não se reunir, não juntar forças, a CEEE vai seguir procrastinando. Não conseguimos fazer nada do dia-dia e cuidar dos animais. O serviço é muito precário depois que se transformou em equatorial", ressalta. Somente na localidade do Alto da Cruz, conforme os relatos, eram mais de 30 famílias sem eletricidade. Além disso, outros pontos como Cascatinha, Três Figueiras e Santa Rita também estavam desabastecidos.

Outra mobilização realizada terça também foi organizada pelos moradores do Jardim Europa, que interditaram a avenida São Francisco de Paula com galhos e objetos em chamas. A maioria dos manifestantes mora na rua Plotino Campelo Duarte, que vai completar seis dias sem energia elétrica. "Já perdi tudo que tinha no freezer e na geladeira. Isso não tem fundamento. É um transtorno para trabalhar, fazer comida, tomar banho", diz a atendente Viviane Acosta.

Uma vizinha, a massoterapeuta Eleci da Silva complementa a preocupação. "Um ou dois dias a gente passa, mas agora não dá mais. É difícil e perigoso ficar entrando em casa no escuro, não consigo trabalhar. Minha vida parou", diz ela.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Rodoviários aprovam proposta do Consórcio Anterior

Rodoviários aprovam proposta do Consórcio

Quinta é o último dia para pagar IPVA 2024 antes do vencimento por placas Próximo

Quinta é o último dia para pagar IPVA 2024 antes do vencimento por placas

Deixe seu comentário