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Alimentação: entenda os riscos da obesidade na adolescência e os principais fatores pelos quais ela ocorre

Sobrepeso e obesidade devem ser combatidos e tratados precocemente para evitar agravos na saúde ainda durante a juventude e, depois, no decorrer da vida adulta

Divulgação - Doença crônica, obesidade tem atingido cada vez mais o público jovem

Considerada um problema de saúde pública, a obesidade é um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes e diferentes tipos de câncer. No caso das crianças e dos adolescentes, o aumento da obesidade é muito mais preocupante, pois significa que estes jovens irão passar mais anos de vida com uma condição que poderá ser fator de risco para outras doenças.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), se nada for feito, em 2030 o Brasil será o quinto país no mundo com maior número de crianças e adolescentes obesos.
De acordo com a responsável pelos ambulatórios de Hebiatria da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel) e médica hebiatra, Milene Maria Saalfeld, este é um assunto que merece atenção. Ela destaca serem essenciais ações que promovam o conhecimento sobre a importância de uma alimentação saudável, além de, é claro, estar associada a bons hábitos de vida, como a prática de atividade física e a redução do uso de dispositivos eletrônicos, para desta forma prevenir a obesidade entre os adolescentes. “Precisamos tratar a obesidade como uma doença e mais importante, investir em prevenção através de conscientização de pais, sociedade médica, escolas, indústria e governo através de políticas públicas de saúde”, diz.
Ela ressalta ainda que essas medidas não beneficiam somente os adolescentes, mas também têm o potencial de influenciar positivamente todos os familiares, uma vez que virem rotina. “Como melhor prevenção é que as famílias, para quem faz as compras dos alimentos, que tentem comprar comida de verdade, como arroz, feijão, carne, legumes. Pois é muito fácil para o adolescente ir no armário e pegar uma bolacha recheada, abrir um refrigerante. Isso não é saudável e o importante de prevenir isso na adolescência é por que esse jovem vai ter o estirão de crescimento se essa família conseguir que haja uma mudança no estilo de vida, com mudança na alimentação, com mudança em iniciar uma atividade física. Isso tudo pode melhorar a saúde, é constatado através dos exames”.
Além disso, Milene ressalta a importância do acompanhamento de um médico hebiatra, no desenvolvimento dos adolescentes, para que tenham um acompanhamento efetivo e orientações corretas, sendo o profissional preparado para lidar com temas como puberdade, estirão de crescimento, maturação sexual e mudanças físicas típicas desse ciclo da vida. “Muitas vezes as pessoas acham que o adolescente não precisa mais de atenção, só precisa ir em um médico quando está doente, e não é assim que nós como profissionais atuamos. É importante que o adolescente continue sendo acompanhado durante a puberdade, quando está acontecendo esse estirão do crescimento, pelo menos de seis em seis meses ou uma vez por ano”, explica.
No caso da obesidade, a médica orienta que, sempre que os pais perceberem que os adolescentes estão com o peso acima do que deveria ser indicado para sua estatura e idade, devem procurar ajuda médica, pois as causas que resultam na obesidade podem ter diversas origens, desde hábitos irregulares até fatores genéticos e hormonais. Quanto mais precoce for tratado, maiores são as chances de ter a saúde preservada.
Cuidados com a rotina
A combinação entre dieta e atividade física insuficiente se reflete nos índices de excesso de peso e comorbidades. Isso inclui também os adolescentes. Além do consumo de alimentos ultraprocessados, que ganha espaço entre a turma devido à praticidade e ao sabor realçado a partir de substâncias artificiais. A lista inclui salgadinhos de pacote, bolachas ou biscoitos recheados, refrigerante, macarrão instantâneo, entre outros. O Ministério da Saúde destaca que, em excesso, esse tipo de produto pode ser nocivo ao organismo pelo alto teor de gorduras, açúcares e de sódio, além de baixo valor nutricional, conforme descrito na maioria dos rótulos.
A obesidade na adolescência é um grave problema de saúde pública definido como o acúmulo excessivo de gordura no organismo, estando ligada ao desenvolvimento de inúmeras desordens metabólicas, incluindo-se a intolerância à glicose, hiperlipidemia, complicações cardiovasculares e acidente vascular cerebral.
A hebiatra salienta que também é importante consultas com nutricionistas para alertar e mostrar o equivalente de açúcar e gordura em alimentos frequentemente consumidos por adolescentes, como no caso dos refrigerantes, fast food, salgadinhos e bolachas, principalmente como opção em lanches escolares; além de ser montado um cardápio exclusivo com orientações e dicas para uma alimentação mais saudável.
Prevenção é a chave
A obesidade entre adolescentes já se tornou uma preocupação crescente e alarmante no Brasil, sendo reconhecida como um problema de saúde pública. Estatísticas recentes revelam que um número significativo de adolescentes brasileiros está enfrentando essa condição, o que pode ter consequências graves tanto em sua saúde física como mental.
Segundo a OMS, obesidade infantil é uma doença crônica, decorrente do excesso de gordura no corpo da criança, que já é considerada uma epidemia global. O diagnóstico da doença é feito com base na distribuição do peso do corpo em relação à altura ou à idade. Esses cálculos são feitos a partir de parâmetros definidos pela OMS, relacionados às curvas de crescimento e utilizados para classificar o estado nutricional infantil.
Vale ressaltar, no entanto, que a obesidade infantil não pode ser analisada apenas pelo número na balança. Para entender a doença, é preciso levar em conta fatores como crescimento e desenvolvimento da criança, acesso a uma alimentação saudável, entre outros aspectos.
O excesso de peso ainda na adolescência pode acarretar em uma série de problemas de saúde, incluindo hipertensão arterial, diabetes, alterações no colesterol, doenças hepáticas, problemas ortopédicos, má formação óssea, problemas de sono e até mesmo problemas psicológicos, como ansiedade e depressão.
Ao longo da vida, pessoas com obesidade podem sofrer sérias consequências psicológicas, cardiovasculares, endócrinas e reprodutivas. Em crianças e adolescentes, essa doença pode ser o resultado de fatores genéticos, individuais, comportamentais e ambientais, presentes nos contextos familiar, comunitário, escolar, social e político. No ano de 2022, o Sistema Único de Saúde (SUS) acompanhou mais de 4,4 milhões de adolescentes entre dez e 19 anos de idade, segundo o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde. Desses, quase 1,4 milhão foram diagnosticados com sobrepeso, obesidade ou obesidade grave.

Causas da obesidade na adolescência
A obesidade têm diversos fatores, e dentre eles podem estar:

Genéticos
Filhos de pais não-obesos têm 9% de possibilidade de se tornarem obesos, enquanto que se um dos pais for obeso a chance sobe para 40% e se ambos os pais forem obesos, para 80%.

Individuais
Cada indivíduo tem suas próprias características de metabolismo, com maior ou menor capacidade de ganhar ou perder peso, isso deve ser sempre levado em consideração.

Ambientais
Têm grande influência na obesidade do adolescente, geralmente é consequência a grande ingestão de calorias e baixa quantidade de atividades físicas. O erro alimentar e o sedentarismo são responsáveis pela maioria dos casos de obesidade na infância e adolescência.

Doenças pré-existentes
Apesar de não serem a causa mais comum de obesidade, existem algumas doenças que podem desencadear, como doenças endocrinológicas ou síndromes genéticas.

Consequências da obesidade na adolescência
Muitos são os agravos de saúde relacionados com a obesidade na adolescência, sendo os principais:

Hipertensão arterial
Segundo dados da OMS, cerca de 24% dos adolescentes brasileiros têm pressão arterial elevada, sendo a obesidade responsável por 20% dos casos.
Diabetes tipo 2
A obesidade pode provocar o aumento da insulina e piorar a sua sensibilidade à glicose, levando ao diabetes tipo 2. Quando não tratado pode causar problemas cardiovasculares, oculares, renais, entre outros, já no adulto jovem.

Dislipidemias
As alterações de colesterol, com aumento do LDL, triglicérides e VLDL, e queda do HDL, estão muito relacionadas com a obesidade e podem provocar AVCs, coronariopatias e infarto agudo do miocárdio. Quando as alterações se iniciam na infância ou adolescência, podem provocar a morte súbita na idade adulta.

Doenças hepáticas e biliares
A obesidade é a principal causa de esteatose hepática (gordura no fígado) e cálculos biliares (pedras na vesícula) em crianças e adolescentes.

Problemas ortopédicos
O excesso de peso pode levar a diversos problemas ortopédicos, incluindo fraturas e dores musculoesqueléticas.

Problemas oncológicos
Pessoas obesas têm maior risco de desenvolver alguns tipos de câncer, como os de endométrio, mamas, intestino, fígado, vesícula e rins.

Problemas psicossociais
Crianças e adolescentes obesos podem desenvolver baixa autoestima, distorção de autoimagem, ansiedade, depressão, isolamento social, transtornos alimentares, além de serem alvos frequentes de bullying. Alguns permanecem com algum transtorno mesmo após o emagrecimento.

Alguns hábitos para os jovens não descuidarem da saúde e preservarem bons hábitos:

Seguir uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes e verduras;
Respeitar os horários das refeições e não beliscar guloseimas entre um intervalo e outro;
Evitar alimentos gordurosos, como doces, frituras e refrigerantes;
Praticar atividades físicas, desde esportes no colégio ou academia, sempre orientado por um profissional;
Consumir bastante água, de preferência dois litros por dia.

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