Mobilização

Beneficiários do loteamento Farroupilha reivindicam entrega das casas dentro do novo prazo

Vivendo sem as condições mínimas de uma moradia digna, contemplados pelas unidades relatam estarem cansados de enfrentar os desafios da falta de infraestrutura e de esperar para entrar nos novos lares

Foto: Jô Folha - Somente após expor a situação nas redes sociais, é que a vegetação teria sido aparada

Aguardando pela contemplação com uma moradia digna há cerca de 17 anos, os beneficiários do loteamento Farroupilha protestam diante da demora na entrega das 20 casas. Inicialmente, a conclusão do residencial era prevista para dezembro do ano passado, período que foi estendido até a primeira quinzena de maio. Com a falta de movimentação no local, somada a um aspecto de abandono, as residências foram alvo de depredações e furtos. Diante disso, os moradores temem danos maiores e que devido a legislação eleitoral, o loteamento só possa ser entregue no final do ano.

Pessoas em extrema vulnerabilidade social, para os contemplados com as casas da Farroupilha aguardar uma semana ou um mês a mais para entrar nos seus novos lares significa continuar enfrentando dias de grandes desafios. Isso porque, nos locais em que a maioria vivem - inclusive idosos e crianças - , não há o mínimo de condições necessárias para a habitação, são barracos sem infraestrutura e sem ao menos água encanada.

São 17 anos esperando, desde que a obra foi anunciada por meio do Programa PAC Farroupilha, contrato que foi feito com o governo federal, com contrapartida do Município, em 2007, e que devido a motivos burocráticos não foi viabilizado à época. De acordo com a liderança dos moradores, Joice Porto, no último contato que havia tido com a secretária de habitação e regularização fundiária, Claudia Leite, a resposta dada era de que as casas seriam entregues entre o final deste mês e início de maio. No entanto, o período curto e somente dois trabalhadores no local preocupam os moradores sobre o descumprimento do prazo mais uma vez. "A secretária diz que as casas estão prontas desde fevereiro, mas isso é uma inverdade. Eles deram esse prazo até o dia 30, a semana toda passou sem ninguém vir trabalhar, de hoje para o dia 30 tem sete dias. Recém hoje dois trabalhadores vieram".

Para Joice são muitos os reparos e acabamentos que ainda precisam ser realizados. Em uma rápida observação das casas, foi possível notar vazamentos de água nos telhados, dentro das moradias e de canos das varandas. Além disso, os moradores relatam que o mato no entorno do loteamento já alcançava cerca de 1,8 metro de altura e que, devido ao aspecto de abandono, as residências foram alvos de furtos e estavam se tornando ponto de usuários de drogas.

Somente após expor a situação nas redes sociais, é que a vegetação teria sido aparada. "Tem tanques arrancados, vidros quebrados, tem que ligar a luz dos postes para as casas, e na situação que a Equatorial está no Estado... Aqui estava tomado pelo mato, depois que começamos a fazer denúncia, eles podaram aqui, mas foi tipo para a gente parar e não vamos, nós queremos a entrega. Antes desse movimento não vinha ninguém aqui ", diz.

A situação por trás da reivindicação
Outra moradora teme que tenha que enfrentar com o filho mais um inverno habitando uma estrutura sem acesso às condições básicas de moradia. "Não tem porta na minha casa, eu coloquei uma provisória esperando em dezembro entrar para as casas. Não tenho banheiro, não tenho água encanada, não tem um chuveiro", relata Cristiane Furtado. A mulher ressalta que apesar do poder público exaltar a importância do saneamento básico, os gestores não teriam dimensão do que é viver nesta situação. "Vocês tem noção o que é tomar banho de balde, eu e o meu filho, o mínimo que eles mesmo dizem é que o ser humano tem que ter uma água encanada. Eu fico fazendo as necessidades em baldes".

Vizinha do loteamento, a beneficiária Charlene Nunes vive em condições semelhantes. Viúva recentemente, ela e os nove filhos, a maioria crianças pequenas, residem sozinhas em um barraco estruturado com pedaços de todos os tipos de madeiras e ripas. Conforme relata, no local há vários buracos por onde entra o frio e água. "Já faz anos que eu moro aqui e espero as casinhas. O teto da minha sala está caindo, chove mais dentro de casa do que fora". No pátio, as crianças são proibidas de brincar porque há um vazamento de esgoto, que se acumula junto com a lama.

Chegada inesperada
Enquanto a reportagem estava no Loteamento ainda inabitado conversando com os moradores que chamaram o DP, coincidentemente vários carros chegaram e movimentaram a rua antes deserta. Os veículos transportavam secretários do Município, assessores e um vereador da região, que foram ao local vistoriar o andamento das intervenções nas unidades. Questionada sobre o prazo para a conclusão das obras, a secretária de habitação, Claudia Leite, afirmou que as equipes estão trabalhando para a entrega ser realizada no início de maio. "Vou dizer dia 15 com folga porque eu disse final de abril, início de maio e eles já estão dizendo final de abril".

Conforme a gestora, estaria restando apenas reparos finais e que os problemas de vazamentos e outras questões de reparos estariam sendo realizados pela construtora responsável. Sobre o atraso na entrega, Cláudia diz que se deu devido a demora na ligação da rede pela concessionária de energia elétrica.

Segundo nota posterior da Prefeitura, a chegada dos secretários se deu devido a uma reunião da Secretaria de Ações da Cidade (SAC), no local, para definir detalhes das entregas. Uma reunião no Paço Municipal, com a participação dos moradores contemplados, deve ser realizada hoje para alinhar os detalhes da entrega.


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