Alerta

Z-3 e Pontal da Barra em debandada pelos alagamentos

Populações ribeirinhas começam a deixar as casas e prefeitura fala em 1 mil pessoas afetadas

Volmer Perez - DP - População da Z-3 deixou as casas com temor de água subindo à cabeceira da ponte de acesso

O clima de tranquilidade no Centro de Pelotas, com a feira de artesanato na Avenida Bento Gonçalves e famílias ocupando as praças, contrasta com o cenário caótico na Colônia Z-3, uma das áreas de maior risco de enchente no município. No meio da tarde deste domingo, carros carregados com móveis e famílias inteiras transitavam em meio à lama das ruas da colônia de pescadores, por uma população em debandada com medo dos alagamentos, que já ultrapassavam um metro na localidade do Cedrinho e deixavam ruas submersas em outros pontos. A Prefeitura informou que moradores do Pontal da Barra também foram encaminhados a abrigos no Laranjal e mais de 1 mil pessoas já foram afetadas no município.

Entre os moradores, o sentimento é de que, desta vez, os alagamentos serão maiores na localidade, comparando-se com anos anteriores. Caminhões do Exército, da Ecosul e da Defesa Civil e viaturas da Brigada Militar estavam em meio ao caos, em auxílio à população.

A água que já ocupava as ruas não vinham diretamente da Lagoa dos Patos, mas sim do Canal da Divinéia, apontam moradores. O Diário Popular questionou à Prefeitura quanto subiu a Lagoa e o Canal, quantas famílias foram realojadas e quais ações do município para o auxílio da população na Z-3, mas não obteve retorno.

Perto do fim da tarde, uma família inteira estava mobilizada em amarrar os móveis de Diná Alves a uma Pálio Weekend, sobre o teto e em um reboque, e levá-los, junto à Diná e o marido, para a casa do filho, no bairro Fragata.

É a primeira vez que a moradora da Z-3 há 14 anos opta por deixar a residência, com o temor de que, desta vez, a enchente será mais feroz do que em anos anteriores. Em novembro do ano passado, Diná relata que a água invadiu acima de cinco centímetros em sua residência.

Agora, ela viu subir rapidamente o nível e, em questão de poucas horas, a água invadiu todo o pátio da residência. Na mesma rua de Diná, o comerciante Jean Foster aguardava até as 18h, com o armazém aberto, para deixar sua casa, que foi reforçada com um sistema de contenção de água improvisado na porta.

A água do Canal da Divinéia invadiu rapidamente o pátio, e a família apostou em um sistema caseiro de medição: colocou um graveto em frente à garagem, e puderam perceber que houve avanço gradual em poucas horas.

A reportagem constatou que o nível da Lagoa também avançou em relação aos últimos dias. O temor dos moradores é de que a ponte de acesso à Z-3 submerja. "É ruim porque aí não vai entrar recurso nenhum pra nós, nem ônibus", relatou a moradora Cleunice, que não pretende deixar a moradia.

Em live no seu perfil no Instagram, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) disse que a Prefeitura atua em ações de prevenção, como reforços nos diques da cidade e mobilizações de diversas secretarias em apoio e orientação. A prefeitura montou abrigos na Colônia Z-3, na Escola Edmar Fetter, no Laranjal e na AABB, espaço cedido pela UFPel, no Centro da cidade.

A sede de Secretaria de Assistência Social (SAS) serve, atualmente, como um local de apoio de voluntários, onde é possível entregar doações de alimentos, cobertores, água, material de higiene e limpeza, roupas e calçados. A SAS localiza-se na rua Marechal Deodoro, 404 (esquina com a Três de Maio). Também há ponto de coleta desses materiais na Prefeitura.

Paula afirmou que há mais de 1 mil pessoas atingidas pelas águas da Lagoa, "muito especialmente na Z-3 e no Pontal da Barra", e mais de 100 famílias realojadas. "A catástrofe não chegou a Pelotas, felizmente, mas a gente sabe que essas águas [do Lago Guaíba] vão descer. Nossa preocupação é essa, de enfrentarmos estes eventos extremos, que a gente ainda não sabe com que intensidade chegarão aqui."

Até o momento, divulgou a Prefeitura, "conforme o monitoramento da Defesa Civil, as áreas consideradas de maior risco devido a alagamentos são as localidades de Junquinho e Cedrinho, na Colônia de Pescadores Z3, Pontal da Barra, Doquinhas e sob a ponte do Canal São Gonçalo entre Pelotas e Rio Grande".

A Defesa Civil do Estado divulgou novo comunicado de alerta de inundação, no começo da noite deste domingo, às regiões costeiras à Lagoa dos Patos, de "severidade alta", "esperado" e "provável", e reforçou a recomendação de que os moradores das áreas de risco deixem suas residências.

Também há um alerta de chuvas intensas, de "severidade alta", "esperado" e "provável" em toda a Zona Sul. O término de vigência do aviso é as 11h desta segunda-feira.

A Eterpel anunciou que as linhas de ônibus intermunicipais para Porto Alegre, Santa Maria e Uruguaiana estão suspensas. Na BR-116, seguem as interdições em Guaíba. O aeroporto Internacional Salgado Filho, de Porto Alegre, está com a pista submersa e não tem previsão de retorno das atividades. O aeroporto João Simões Lopes Neto, em Pelotas, segue funcionando com os voos a São Paulo.

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