Orientações

Conselho de Agrometeorologia do RS prevê fim do El Niño e orienta sobre culturas do próximo trimestre

Boletim trimestral também aponta tendências meteorológicas para o período

Foto: Fernando Dias - Seapi - Boletim prevê fim do El Niño e probabilidade de 60% de entrada do La Niña

Os modelos de previsão apontam para um enfraquecimento gradual do El Niño para os próximos três meses, com chances de transição para neutralidade e 60% de probabilidade de formação do fenômeno La Niña no segundo semestre de 2024.

É o que aponta o Boletim trimestral do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), coordenado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). As previsões apresentadas pelo boletim são baseadas no modelo estatístico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e dos modelos do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do INPE (CPTEC) e da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

O prognóstico indica precipitação pluvial variando de normal a acima da média na maioria das regiões no trimestre abril-maio-junho, especialmente na primeira metade do outono. No período de abril e maio, o ar mais úmido predomina, enquanto que junho pode ser mais seco, exceto na fronteira com o Uruguai. No mês de maio, a chuva fica mais concentrada no norte do estado.

Eventos com tempestades, rajadas de vento forte e queda de granizo podem ocorrer no estado, mesmo com a perda de intensidade do El Niño. Os meses de abril e maio devem ser mais chuvosos que junho, em função da passagem de frentes frias, dos ciclones extratropicais e de áreas de instabilidade que se formam especialmente no oeste do estado. Eventos de frio mais intenso podem ocorrer especialmente no oeste e sul do estado. Em junho, a chance aumenta na maioria das regiões, inclusive com formação de geadas.

As temperaturas devem ficar um pouco acima da média mais ao norte do estado, especialmente na divisa com Santa Catarina; devem ficar próximas da média no centro e podem ficar ligeiramente abaixo mais ao sul e oeste. Ou seja, espera-se contraste térmico em função das massas de ar mais quentes que devem predominar no Brasil Central.

O boletim do Copaaergs é elaborado a cada três meses por especialistas em Agrometeorologia de 14 entidades estaduais e federais ligadas à agricultura ou ao clima. O documento também lista uma série de orientações técnicas para as culturas do período. Confira a seguir:

Culturas de verão em final de ciclo

  • Realizar a colheita das culturas de verão assim que o grão atingir a maturação (ponto de colheita) e armazenagem;
  • Utilizar estratégias para manter a cobertura dos solos após a colheita;
  • Antecipar a adequação das áreas destinadas à lavoura de arroz para a próxima safra, principalmente as atividades de preparo e sistematização do solo e drenagem, para possibilitar a semeadura na época recomendada;
  • Considerando que o prognóstico para o próximo trimestre (abril, maio e junho) indica tendência de chuvas em torno ou ligeiramente acima da média, recomenda-se que os produtores aproveitem o período para captação e armazenamento de água para a próxima safra.

Culturas de inverno

  • Escalonar a época de semeadura dentro do período indicado pelo zoneamento agrícola atentando para os ciclos das cultivares, iniciando com as cultivares de ciclo mais longo e seguindo para as de ciclo mais curto ao longo da época de semeadura;
  • Nos cereais, buscar informações a respeito das características de tolerância e suscetibilidade a doenças para a escolha da cultivar mais adequada as condições das áreas de cultivo; realizar a reserva das sementes assim que definida a cultivar.

Hortaliças

  • Dar ênfase ao monitoramento de doenças, principalmente daquelas favorecidas pelo molhamento da parte aérea ou excesso de umidade no ar ou no solo;
  • Realizar o manejo de abertura e fechamento de ambientes protegidos para a manutenção das condições térmicas e de umidade do ar.

Fruticultura

  • Implantar ou manter a cobertura vegetal nos pomares de forma que esta proteja o solo e retenha água;
  • Nesta fase de pós-colheita de frutíferas de clima temperado, deve-se manter a sanidade das plantas para que ocorra acúmulo de reservas e ativação natural e plena do estado de dormência, realizando os tratamentos de inverno para redução de fonte de inóculo de doenças e pragas;
  • Evitar o excesso de adubação com nitrogênio, principalmente em pessegueiros e macieiras, para que não ocorra estímulo a brotações; realizar adubação somente quando o solo apresentar umidade adequada;
  • Para cultivos em ambiente protegido recomenda-se retirar as telas para aumentar a disponibilidade de radiação para as plantas;
  • Devido ao prognóstico de temperaturas médias acima da normal, especialmente na metade norte do estado, atentar para o monitoramento do acúmulo de horas de frio no período visando o correto manejo de quebra de dormência para o próximo ciclo;
  • Monitorar o acúmulo de horas de frio nas áreas ao sul do estado para frutíferas como pessegueiro e oliveiras, em especial para variedades com menores exigências em frio, a fim de acompanhar o risco de brotação precoce;
  • No período de outono/inverno, recomenda-se realizar o planejamento das ações necessárias para implantação de novos plantios, como análise e correções de fertilidade do solo, sistematização das áreas e implantação de plantas de cobertura;
  • Considerando a possibilidade da ocorrência do fenômeno La Niña para o segundo semestre de 2024 recomenda-se investir em ações de armazenamento de água no período de outono/inverno.

Forrageiras e conforto animal

  • Realizar a semeadura de forrageiras de inverno de ciclo longo, anuais ou perenes, o mais cedo possível, havendo condições de umidade do solo e luminosidade;
  • Reduzir a carga animal em pastagens naturais, mantendo uma disponibilidade forrageira de no mínimo 8%;
  • Diferir potreiros com pastagens cultivadas de inverno e campo nativo melhorado com sobressemeadura de espécies hibernais para permitir o reestabelecimento dessas espécies e acumular forragem para o período hibernal;
  • Priorizar os melhores campos, preferencialmente diferidos no outono, para as categorias animais em crescimento/recria, como terneiros e terneiras desmamados, e mais exigentes nutricionalmente, como novilhas de primeira-cria e gestantes;
  • Utilizar suplementação proteica a campo (sal mineral proteinado), considerando a baixa qualidade e quantidade de nutrientes e massa forrageira dos campos naturais durante o período;
  • Utilizar sistemas sustentáveis como a Integração Lavoura-Pecuária para novilhos em terminação, visando melhorar a produtividade do rebanho;
  • Embora o período seja caracterizado por temperaturas mais amenas que as registradas no verão, o produtor rural deve ficar atento à previsão de ocorrência de ondas de calor durante o trimestre e, consequente, possibilidade de estresse térmico imposto aos animais, principalmente para vacas de alta produção de leite.

Piscicultura

  • Para evitar mortalidade dos peixes devido as maiores amplitudes térmicas neste período, promover a maior retirada de matéria orgânica do fundo dos viveiros e usar aeradores para evitar a estratificação térmica;
  • Não alimentar os peixes se a temperatura da água estiver acima ou abaixo da temperatura indicada para as espécies criadas.





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