Caderno Saúde

Hipertensão é principal causa para AVC

Conheça o processo de diagnóstico da pressão alta e o tratamento, além de maneiras de se prevenir da doença

Gustavo Mansur - Especial - DP - Estudo mostra que jovens vêm tendo cada vez mais problemas com hipertensão

Um estudo recente, liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aponta que o número de adultos com diagnóstico de hipertensão arterial entre 30 e 79 anos aumentou de 650 milhões para 1,28 bilhão nas últimas três décadas. A pesquisa levou em conta uma análise global abrangente das tendências na prevalência, detecção, tratamento e controle da pressão alta. Os dados expõem um cenário de crescimento significativo da doença, deixando clara a necessidade de informar acerca do assunto, mencionando seus riscos à saúde e maneiras de prevenção.

A hipertensão

A hipertensão é uma doença crônica que se caracteriza por níveis de pressão sanguínea que se mantêm, em média, acima do considerado normal, considerados danosos para alguns órgãos, principalmente coração, rins e artérias. O problema ocorre quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9). O médico especialista em cardiologia intervencionista, Felipe Marques, explica que o diagnóstico da hipertensão pode ser feito em consultório, em algumas aferições, em mais de um momento, ou através de exames de monitorização e acompanhamento da pressão, onde se faz uma média de várias aferições. “Com essa média se mantendo acima do valor considerado normal, se faz o diagnóstico de hipertensão arterial”, explica o médico.

Causas

A hipertensão arterial, na maioria das vezes, é idiopática, ou seja, não tem uma causa aparente. Alguns fatores aumentam a chance do diagnóstico e também o risco, como o sedentarismo, obesidade, alto consumo de sal e sódio e um histórico familiar de hipertensão, principalmente em parentes de 1º grau (mãe, pai, irmãos). “Toda a população tem que investigar a pressão, pelo menos a partir dos 30 anos. Não é necessário verificar todos os dias, mas, eventualmente, pelo menos uma vez por ano, ter uma aferição de pressão. Antes dos 30 anos, quem tem pais hipertensos, irmãos hipertensos, o cuidado tem que ser mais precoce com a pressão”, afirma. Além disso, existem algumas condições chamadas de secundárias, como doenças do sono e doenças endócrinas, que tanto podem gerar a hipertensão, quanto podem ser tratadas e revertidas.

Sintomas

O maior risco da hipertensão é por ela ser uma doença silenciosa, sendo que quase 90% das vezes é assintomática. Segundo Marques, há alguns pacientes que apresentam sintomas, como dor de cabeça. “Se você está com dor de cabeça e aferir a pressão, ela vai estar alta pela tua dor de cabeça. Está com dor na nuca, mal-estar, dor de cabeça, não é o aumento da pressão que está gerando o sintoma, e sim o sintoma que está gerando o aumento de pressão”, detalha o cardiologista. Por ser assintomática e alguns pacientes não terem o diagnóstico precoce, o médico acrescenta que a hipertensão pode gerar danos às artérias, favorecendo a longo prazo, principalmente, o Acidente Vascular Cerebral (AVC), o infarto, insuficiência cardíaca e doença renal crônica. “Hipertensão é a principal causa de AVC no mundo. Algumas vezes, o diagnóstico é feito após uma complicação. A hipertensão pode ser a causa de um problema maior.”

Prevalência

A prevalência de hipertensão é muito alta na população. “Depois dos 50 anos de idade, mais de 50% dos adultos são hipertensos. Próximo aos 70 anos de idade, mais de 70% são hipertensos. É uma condição que está diretamente relacionada ao aumento de risco cardiovascular, a mortalidade, ao AVC, ou infarto”, indica o médico. Por isso, a importância do diagnóstico precoce. Analisar como andam os níveis pressóricos tem um impacto muito importante na redução de doenças cardiovasculares.

Doença precoce

Normalmente, quando há o diagnóstico de hipertensão precoce, antes dos 30 anos, é preciso investigar uma causa. É muito comum os casos de hipertensão em jovem ter como causa a obesidade, explica o cardiologista. “A obesidade, por si só, já pode ser um fator de risco para hipertensão, com a grande vantagem de que, quando corrigida a obesidade, o paciente tenha quase 50% de chances de reverter o diagnóstico”. Além disso, as causas podem ser endócrinas, alterações do metabolismo e apneia do sono. Mais recentemente, o uso de esteróides, vinculado ao fisiculturismo, também tem chamado a atenção por estar relacionado ao aumento dos níveis pressóricos.

Doença silenciosa

Comprovando os argumentos do médico Marques, Zaíra Tarouco Garcia, de 65 anos, conta que não sabe precisamente em que momento da vida desenvolveu a hipertensão, embora acredite que aconteceu por volta dos 59 anos. “Deu sinais bem sutis, mas sou bem atenta, por isso percebi”, relata a mulher. Como já mantinha hábitos saudáveis em relação à alimentação e prática de exercício físico, não precisou realizar grandes mudanças na rotina, além de ingestão de suplementos com vitaminas e minerais que, segundo ela, ajudaram bastante. Hoje, ela conhece melhor o próprio corpo e a doença, e identifica que os gatilhos que a levam a um estado de pressão alta são emocionais, principalmente quando vive alguma turbulência. “No início causa uns sustinhos, mas nada de mais, agora a hipertensão está bem controlada”.


Tratamento
Uma vez realizado o diagnóstico de hipertensão, o tratamento segue o equilíbrio de alguns pilares:

- O exercício físico é fundamental e tem efeito hipotensor (queda da tensão arterial). “Claro que durante o exercício, a pressão sobe, e isso é fisiológico, mas após o exercício ela tende a cair para níveis mais baixos do que quando se começou”, esclarece o especialista. O recomendado é pelo menos 150 minutos de exercício por semana, para ter um efeito em redução de risco cardiovascular e redução de pressão, tanto o exercício aeróbico como o exercício resistido, preferencialmente uma associação dos dois.

- Melhoras alimentares, comer de modo saudável. O indicado é estabelecer uma dieta balanceada, com ingestão de legumes, verduras e frutas.

- Redução do sal. A diminuição no consumo de sal é uma das principais alterações de impacto dentro da alimentação, que favorece a queda de pressão. “O brasileiro come, em média, quase 11 gramas de sal por dia, isso é mais do que o dobro do recomendado, que são 5 gramas de sal por dia”, expõe o médico.

- Tratar a saúde mental também ajuda a diminuir a pressão. Isso inclui, por exemplo, analisar a qualidade do sono, investigar a ansiedade, etc.

- Uso de medicamentos. “Por fim, muitas vezes, a gente tem que lançar mão de medicamentos para alcançar os níveis mais adequados. Mas seguindo as condutas citadas com equilíbrio, menor vai ser a necessidade da medicação”.

Esses hábitos de vida não só melhoram os controles de pressão no hipertenso, como também previnem o diagnóstico. Pessoas que têm melhores hábitos, se mantêm no peso, têm dieta adequada, fazem exercício regularmente, têm menos chance de desenvolver hipertensão, mesmo que tenham uma predisposição genética.

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