Perigo

Famílias seguem deixando suas casas e moradores mantêm-se assustados

Níveis da Lagoa dos Patos e do Canal São Gonçalo subiram durante a segunda-feira

Volmer Perez - DP - Rua Nova Prata, no Laranjal, estava completamente alagada

Moradores do Quadrado e das Doquinhas foram evacuados durante esta segunda-feira (6) em decorrência da elevação do nível do Canal São Gonçalo e da elevação do grau de severidade dos alertas emitidos pela Defesa Civil estadual.

Até o começo da noite desta segunda, alguns moradores ainda trabalhavam na retirada dos móveis das casas. Na parte mais baixa das Doquinhas, a água do São Gonçalo já invadia as residências. No Quadrado, o nível ultrapassou a primeira contenção, mas ainda não subia aos degraus do segundo muro.

Segundo informações divulgadas pela prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), durante a manhã e a tarde de segunda-feira o vento foi Sul, o que represou a água na Lagoa dos Patos e fez com que o nível subisse. O vento voltou ao Norte e Nordeste (o que fez com que o nível da Lagoa descesse) e assim deve permanecer até amanhã. “Serão 24 horas muito importantes para que todo mundo possa se preparar, precaver e se proteger”, ressaltou Paula.

Desde sábado, há divulgação do monitoramento dos níveis da Lagoa dos Patos e do Canal São Gonçalo pela Prefeitura. A Lagoa subiu de 1,54 metro na manhã do sábado para dois metros no meio da tarde de ontem; o Canal saiu de 1,94 metro para 2,20 metros.

Os alertas da Prefeitura incluíram a totalidade da Colônia Z-3 como área de risco, assim como as Doquinhas, Pontal da Barra, habitações próximas à ponte de Rio Grande e da rua Nova Prata, no Laranjal.

Laranjal

Na Avenida Arthur Augusto Assumpção, que dá acesso ao Balneário Valverde, a elevação do canal que deságua no São Gonçalo assustou os moradores. Valdir da Silva Mendes, 62 anos, residente de casa às margens deste canal, procurava desde o começo da tarde um caminhão para transportar os móveis e deixar a moradia para ir à casa da filha, na Santa Terezinha.

“Nunca tinha visto essa água subir tanto, desde que me mudei para cá, nos anos 2000”, relatou. Ao fim da tarde, Mendes conseguiu um caminhão e contou com a ajuda dos vizinhos para carregá-lo com os móveis e deixar a residência de forma preventiva.

Na rua Nova Prata, próximo à casa de bombas do Sanep, moradores retiraram uma barricada instalada pela autarquia, que visa impedir o avanço das águas do São Gonçalo ao sistema de drenagem do Laranjal, que poderia colocar todo o bairro em situação de alagamento, segundo um servidor.

No entorno residem cerca de 50 famílias, que relataram que a barricada de sacos de areia fez com que toda a água fosse represada na rua e invadisse algumas residências. Assim, a barricada foi parcialmente retirada pelos moradores para que a água escoasse; técnicos do Sanep a remontaram, para novamente os moradores desmontarem - situação encontrada pela reportagem ao fim da tarde.

“Tem que dividir a água, não dá para alagar só aqui”, queixou-se uma moradora. Outra reclamou do descaso da Prefeitura. “Para os pobres pode alagar, para os ricos não? Nós não temos dinheiro para repor se perdermos tudo em casa”, disse. A reportagem questionou à Prefeitura se ações para os moradores da rua estão sendo tomadas, mas não obteve retorno. O Sanep também não respondeu sobre a barricada montada.

Em live, Paula falou sobre isso, e disse que já há orientação para que os moradores deixem as casas imediatamente, “mas encontramos resistência”, lamentou a prefeita. “Faço o apelo que desocupem, porque é área de maior risco”, alertou.

Temor

Com a subida na Lagoa durante a tarde, moradores do Laranjal manifestaram temor com a possibilidade de uma enchente mais severa. Desde a manhã desta segunda circulam vídeos da orla com o visível avanço das águas. A Prefeitura bloqueou o acesso ao Trapiche e a estrada do Pontal da Barra está submersa - o mesmo acontece na Avenida Antônio Augusto de Assumpção após a rótula Jornalista Álvaro Piegas, em direção ao Barro Duro.

As águas agitadas e invadindo grandes trechos da faixa de areia entre a Avenida Rio Grande do Sul e o Shopping Mar de Dentro fizeram com que muitos curiosos fossem até a calçada da orla para registrar.

Mas nem só por curiosidade os moradores do Valverde e do Santo Antônio estavam indo à orla. Vanessa Christman, 46 anos, é de São Paulo, mas reside atualmente no Valverde, a três quadras da Lagoa. Assustada, foi até o trapiche no meio da tarde para mandar vídeos aos familiares e mostrar como está a situação.

No entorno do Shopping Mar de Dentro, algumas ruas já estavam alagadas, devido à dificuldade de escoamento, relatam moradores e agentes públicos que estavam no local no meio da tarde. Na rua São Borja, a população local isolou quadras submersas com fitas, a fim de evitar a circulação dos carros, que levam a água para dentro das residências. “Em novembro foi um horror, tivemos que tomar as mesmas atitudes. A gente nunca tinha visto nada igual”, relatou uma moradora. 

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