Educação

Em dez anos, RS perde 51% dos professores concursados

Em contrapartida, contratos temporários cresceram 17% no período

Foto: Camila Domingues - Palácio Piratini - DP - Governo do Estado diz que já está remodulando o quadro, com chamamento de 1,3 mil concursados no início de 2024

Um estudo inédito divulgado ontem pelo movimento Todos Pela Educação revela que a rede estadual de educação do Rio Grande do Sul perdeu 51% dos professores concursados entre 2013 e 2023, enquanto a contratação de professores temporários cresceu 17% no período. No total, o RS perdeu 17.790 professores efetivos, enquanto o número de contratos temporários cresceu em 3.165.

O estudo, que usou dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revela ainda que, em 2023, 41% dos docentes da rede estadual eram efetivos, enquanto 59% eram temporários. Com esses números, o Estado é o nono com menos docentes efetivos. Apenas cinco estados possuem mais de 90% do quadro de professores efetivos: Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Pará, Bahia e Amazonas.

No Rio Grande do Sul, o número de professores concursados está abaixo da média nacional, que em 2023 foi de 46,5% efetivos e de 51,6% temporários, quando as redes estaduais contavam com 356 mil temporários e 321 mil professores efetivos. Em 2013, os percentuais eram de 31,1% de contratados e 68,4% de concursados no Brasil. Foi em 2022 que o número de contratados superaram os efetivos.

Mauro Amaral, diretor geral do Cpers/Sindicato na região, defende que o acesso à carreira do magistério e do serviço público como um todo deve ser através de concurso. “A pesquisa mostra aquilo que o Cpers há muito tempo tem denunciado e cobrado, que o governo do Estado não tem feito o concurso público”, diz, avaliando que os processos seletivos recentes são insuficientes.

Cenário nacional
De acordo com o estudo, o aumento das contratações temporárias é um dos principais motivos para o crescimento do quadro geral de professores nas redes estaduais nos últimos anos. Entre 2020 e 2023, por exemplo, houve acréscimo de quase 30 mil profissionais no corpo docente das redes. Apesar disso, ao longo da década, o número geral de professores teve redução de 57 mil docentes - movimento alinhado com a diminuição de matrículas da Educação Básica.

O gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, Ivan Gontijo, considera que a contratação de professores temporários é importante para que as redes de ensino consigam manter um quadro completo de docentes. “No entanto, esse tipo de contratação deveria ser uma exceção, a ser utilizada em casos específicos previstos na legislação, mas o que vemos é que ela tem se tornado a regra nas redes estaduais de ensino”, diz. “Isso pode trazer impactos negativos para a Educação, em especial quando se observa que em muitas redes é baixa a qualidade das políticas de seleção, alocação, remuneração e formação para esses profissionais”, pontua Gontijo.

O estudo também apresenta um perfil dos professores temporários nas redes estaduais. Os dados apontam que a média de idade desses profissionais era de 40 anos, ante 46 anos dos efetivos. A pesquisa aponta que quase metade (43,6%) dos temporários atua há pelo menos 11 anos como professor, o que indica que esse tipo de contratação é utilizado não apenas para suprir uma demanda pontual, mas também para compor o quadro docente fixo de alguns estados.

O que diz a Seduc
Segundo a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), os dados deste ano já são diferentes do ano passado, e dos 49.272 professores, 53% são efetivos e 47% são temporários. A Seduc explica que os concursos realizados devem mudar este cenário. Em fevereiro, foram nomeados 1,3 mil professores a partir de um concurso realizado no ano passado. Já no segundo semestre deste ano, haverá um concurso para três mil vagas no segundo semestre deste ano, além de haver a previsão para um outro concurso com mais três mil vagas em 2025.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Hipertensão é principal causa para AVC Anterior

Hipertensão é principal causa para AVC

Servidores da educação municipal realizam ato na zona norte Próximo

Servidores da educação municipal realizam ato na zona norte

Deixe seu comentário