Nutrição

A relação entre a alimentação e o humor

Nutricionista explica como as comidas podem causar ou agravar problemas relacionados à saúde mental

Foto: Divulgação - A glicose é o alimento principal para o bom funcionamento do cérebro, dando preferência para os carboidratos e frutas

Por Joana Bendjouya


Sentimentos como cansaço frequente, falta de energia, irritabilidade e até mau humor são questões que podem estar diretamente ligadas às escolhas alimentares. A conhecida frase, “cada pessoa é o que come” traz uma relação entre a alimentação e a projeção de vida e longevidade de cada pessoa, incluindo nesta, a saúde mental. A nutricionista Priscila Cardoso Meirelles alerta que uma alimentação pouco saudável, com base em alimentos ultraprocessados, excesso de açúcar, pouca água, sono desregrado e com ritmo irregular de atividade física pode causar ou agravar transtornos como a depressão e a ansiedade. Por outro lado, uma alimentação mais focada em alimentos naturais, verduras, frutas, carnes, cereais, grãos e gorduras boas, como ômega 3, tem demonstrado capacidade de melhorar essas questões. “Assim como a gente nutre nosso corpo, o cérebro também precisa ser nutrido. Assim como precisamos manter os órgãos do nosso corpo, o cérebro mais ainda. Se o corpo se apresenta desnutrido de alguma forma, o cérebro também estará”, explica.

Tanto o estômago quanto o intestino humanos possuem uma série de bactérias boas, que ajudam a quebrar a comida, realizando assim o processo de digestão e fazem com que o organismo humano absorva melhor os nutrientes presentes nos alimentos. Vários nutrientes, provenientes dos alimentos, são importantes para a fabricação de neurotransmissores, sendo estes responsáveis pela comunicação entre os neurônios. Quando há um desequilíbrio nessa relação, pode ter impactos diretamente em emoções de cada indivíduo.

“Quando passamos muito tempo sem nos alimentar, a irritabilidade é um sentimento presente e isso acaba atrapalhando a rotina, assim como o consumo de alimentos inflamatórios, que resultam em uma baixa nutrição e um ganho de peso de forma nada saudável”, ressalta Priscila.

O motivo se deve à química dos alimentos, no organismo humano. Alguns deles podem alterar a produção de neurotransmissores, que são os responsáveis por transmitir impulsos nervosos ao cérebro e pelas emoções. Outros podem ajudar na produção da serotonina e do hormônio de bem-estar, como os carboidratos.

Assim, manter esse equilíbrio nos grupos de alimentos é uma organização que não podem faltar na alimentação, pois os impactos terão consequências também no futuro, mesmo que em outro momento se escolha uma dieta mais saudável, segundo explica a nutricionista. “A prevenção começa na introdução alimentar com as crianças, que se cria uma memória, e com certeza será mais rica do que uma pessoa que teve uma introdução alimentar rica em sal, processados e tantos outros alimentos que comprometem a nossa saúde”.

Fontes de alegria
Alguns alimentos como a banana, a aveia, o espinafre, o maracujá, laranja e a jabuticaba atuam no combate ao estresse e à fadiga, além de serem ótimos para a defesa do organismo. Todas as oleaginosas como nozes, amêndoas e castanhas também são ótimas para combater o estresse. Sementes de girassol e abóbora ajudam a regular o sono e contribuem também com o humor. A maioria delas liberam serotonina, uma das principais responsáveis pela regulação do humor.
Algumas orientações da nutricionista

Estar hidratado
A água é necessária para todos os processos fisiológicos do corpo humano, inclusive para manter o bom funcionamento do cérebro. O ideal é preferir sempre água ao invés de refrigerantes ou bebidas industrializadas. Beber pelo menos 1,5 litro por dia ajuda a melhorar os processos enzimáticos digestivos do organismo.

Consumir alimentos naturais
Os alimentos em estado natural, ou seja os que não passaram por processo de industrialização, tendem a melhorar a qualidade de vida, como cereais, vegetais de todas as cores - especialmente os verde escuros -, frutas, carnes, azeites e alimentos fermentados.

De acordo com a nutricionista, o consumo excessivo de fast food, refrigerantes e embutidos é um agravante para a saúde mental, porque é uma dieta que não fornece os nutrientes necessários para que o cérebro funcione de forma adequada. “São dietas geralmente com excesso de açúcar e de gorduras ruins, que tendem a causar aumento de peso, o que não é uma consequência boa. A questão da saúde mental, assim como físico, é também uma prevenção para longevidade, que vem auxiliar na qualidade de vida futura. Uma boa nutrição é fundamental para isso”, alerta.

Consumir probióticos
Os alimentos que contém bactérias vivas benéficas à flora intestinal devem fazer parte da dieta que visa beneficiar o cérebro, já que facilitam a produção de neurotransmissores, além de hormônios e substâncias consideradas anti-inflamatórias que atuam em diversos órgãos, no corpo inteiro.

Rotina alimentar
É recomendado, dentro do possível, fazer as refeições no mesmo horário, todos os dias. De acordo com Priscila, manter essa regularidade é muito importante para a organização da rotina de todo organismo. Um exemplo é a regularidade do sono, que por sua vez é importante para a recuperação do cérebro e a proteção contra doenças neurológicas. “Para a produção de hormônios, para o bom funcionamento do metabolismo. Nosso corpo precisa de uma boa rotina de sono, quando isso por algum motivo não ocorre, como quando a pessoa come refeições pesadas à noite, por exemplo. Isso pode fazer com que ela demore mais para dormir ou ficar com o sono prejudicado. Se é uma situação que ocorre cronicamente, isso irá impactar diretamente na saúde mental, podendo inclusive desencadear quadros de depressão, ou no caso de quem já tem, uma piora”.

A endorfina e a serotonina, conhecidas como os hormônios da felicidade, são normalmente liberadas durante a prática de exercício físico. A nutricionista explica que ter uma alimentação saudável, variada, rica em frutas e vegetais pode ter um impacto significativamente positivo, inclusive no humor, através da escolha correta da alimentação e que contribuem para liberação destes hormônios. “Quando estamos com os níveis de serotonina equilibrados, os níveis de bem-estar no nosso corpo também estão equilibrados. A produção colabora para o processo de aprendizagem, atenção, raciocínio e memorização. Ela é uma das responsáveis pela temperatura corporal, a libido e até do ritmo dos batimentos cardíacos”, explica.

Alimentos do humor
Priscila explica que existem diversos nutrientes presentes em alguns alimentos que auxiliam na melhora do humor. O triptofano, por exemplo, é um aminoácido essencial que atua na regulação do sono e do humor, que podem ser encontrados em alguns alimentos como o arroz, banana, feijão e abacate, sendo esses alimentos ricos. Já o cacau, que também é uma fonte de triptofano, estimula a produção de serotonina, um neurotransmissor que melhora o humor trazendo assim a sensação de bem-estar e prazer.

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