Oftalmologia

Deslocamento de retina, uma emergência oftalmológica muitas vezes silenciosa

A atenção aos sinais de alerta e o tratamento precoce podem, em muitos casos, preservar a visão

Foto: Divulgação - Ambos os sexos são suscetíveis ao descolamento de retina, mas fatores como idade e histórico médico desempenham um papel de grande importância

Por Joana Bendjouya

Uma membrana bastante fina, flexível e delicada, assim é a retina. Ela é que reveste a superfície interna da parte posterior do globo ocular e que converte a imagem do exterior em impulsos elétricos que, através do nervo ótico, são enviados para o cérebro em um movimento no qual se processa a visão.

A retina não possui nenhum elemento de fixação especial que a prenda ao globo ocular, desta forma, é o vítreo, uma substância gelatinosa e transparente, situada entre ela e o cristalino, que a mantém na posição adequada, ou seja, em contato com outras estruturas que lhe garantem suporte e nutrição, como os vasos sanguíneos e nutrientes.

O descolamento de retina é uma alteração que se caracteriza pelo desprendimento dessa estrutura da superfície interna do globo ocular. Essa separação interrompe o fornecimento de nutrientes e promove a degeneração celular, conforme explica o oftalmologista Marcelo Niemiec Teixeira, especialista em retina e vítreo. “O descolamento é quando a camada sensível à luz dentro do olho se separa da camada abaixo dela. Imagine isso como a tela de um cinema se soltando da parede, causando problemas na projeção das imagens”.

Segundo o oftalmologista, o descolamento de retina é relativamente raro, ocorrendo em cerca de seis em cada dez mil pessoas. “A incidência pode variar em diferentes grupos populacionais e regiões geográficas, mas a prevalência é baixa na população em geral. Mas no caso de grupos de risco requer cuidados, como pessoas com miopia severa”, explica. Mas quando o deslocamento de fato ocorre, uma série de processos compromete a função visual, podendo ser um rasgo ou furo na retina, acúmulo de fluidos, a separação da retina, comprometimento da nutrição, formação de áreas descoladas, sintomas visuais e outras complicações.

Descolamento de retina regmatogênico
É o tipo mais comum. Ocorre quando há um rasgo ou furo na retina permitindo que o fluido do olho passe e se acumule entre a retina e as demais camadas subjacentes. “Isso pode ser causado por fatores como envelhecimento, miopia, trauma ocular, histórico familiar”, explica o oftalmologista.

Descolamento de retina tracional
Neste tipo, a retina é puxada para longe das camadas subjacentes devido à tração exercida por tecidos anormais que se formam na superfície da retina. Isso pode ocorrer devido a condições como a retinopatia diabética ou inflamações oculares. Causando geralmente alguns sintomas como distorção visual.

Descolamento de retina exsudativo (seroso)
Nesta condição, o fluido se acumula sob a retina e acaba a empurrando para longe das camadas subjacentes. Isso pode ocorrer devido a condições inflamatórias, tumores oculares ou distúrbios vasculares. Geralmente não há rasgos na retina e os sintomas podem variar dependendo da causa.

De acordo com Teixeira, existem quatro sinais que servem de alerta para se observar uma possível relação ao descolamento de retina, sendo eles a presença na visão de flashes de luz como riscos, pontos escuros flutuantes, sensação de sombra escura e perda súbita da visão em uma área específica.

Estes sinais e sintomas podem acometer pessoas de qualquer sexo e faixa etária, mas segundo o especialista, a prevalência é em adultos com idade mais avançada e que tenham familiares que já tenham sido diagnosticados, sendo o fator genético bastante importante nestes casos. “Alguns fatores de risco podem tornar pessoas mais jovens suscetíveis. Se um membro da família teve um descolamento, há um risco ligeiramente maior”, ressalta.

Tratamento
De acordo com o oftalmologista, o quadro de descolamento, que requer um tratamento e um olhar especializado e individualizado, nem sempre é possível de ser revertido, sendo necessário avaliar o grau e os danos que foram causados. “A reversibilidade depende do grau, e principalmente do momento do tratamento. Se tratado cedo, muitos casos podem ser corrigidos, restaurando a visão. Se não tratado a tempo, danos permanentes podem ocorrer”, explica.

O médico irá recomendar o tratamento adequado de acordo com a gravidade e extensão do descolamento de retina. “São recomendados, em alguns casos, a cirurgia de vitrectomia com gás ou óleo de silicone, ou cirurgia de laser nos casos diagnosticados como iniciais, tendo como intuito selar possíveis rasgos na retina”.

Para que o procedimento seja realizado o médico alerta que são realizados exames prévios para descartar condições médicas preexistentes. Miopia severa e outras questões de saúde podem afetar as opções de tratamento. “Cada caso é avaliado individualmente, para somente após ser encaminhado para cirurgia”.

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