Crença

Conheça o significado da Páscoa para diferentes religiões

Festa cristã leva elementos do judaísmo; outras crenças usam a data como período de reflexão

Foto: Volmer Perez - DP - Páscoa é uma das datas mais importantes do calendário cristão

A Páscoa é uma das datas mais importantes do calendário cristão e é vista como um momento de reflexão e renovação daquilo que compõe a vida. A celebração acontece em memória à crucificação e ressurreição de Jesus Cristo, e inspirou-se na festa judaica "Pessach". A Páscoa também é uma festa móvel, que varia de data conforme o ano. O entendimento do período também pode mudar integralmente ou não, de acordo com a religião, com particularidades dispostas por cada uma das tradições.

Dentro do cristianismo, por exemplo, entre católicos, protestantes e ortodoxos, não há diferenças quanto ao motivo pelo qual se celebra a data, pois o intuito é lembrar a ressurreição de Cristo. No entanto, existem algumas divergências entre as religiões que tratam do modo como a páscoa é vivida.

O catolicismo adota o costume de começar as cerimônias no chamado Domingo de Ramos, quando se lembra a chegada de Jesus a Jerusalém, onde acontece a ressurreição, sendo este o primeiro dia da Semana Santa. A semana ainda inclui a Quinta-Feira Santa e Sexta-Feira Santa. No sábado à noite, se realiza a missa da Vigília Pascal, momento no qual a ressurreição já é celebrada.

Os ortodoxos se diferenciam dos católicos na definição da data em que a páscoa acontece, já que seguem o calendário juliano e não o gregoriano. A páscoa ortodoxa acaba sendo celebrada sempre mais tarde do que no catolicismo. Em 2024, por exemplo, a festa ocorre em 5 de maio, com pouco mais de um mês de diferença do dia original.

Para luteranos e anglicanos, são realizados os cultos de Sexta-Feira Santa e do Domingo de Ressurreição. Na tradição de outros segmentos protestantes ou evangélicos, é festejado apenas o Domingo de Ressurreição. Na cultura dos fiéis, é comum que sejam feitas ceias e peças teatrais que lembram os últimos instantes de Cristo.

Judaísmo

A palavra páscoa, como foi dito, tem sua origem no Hebraico. O vocábulo original que indica a data no judaísmo é Pessach, que quer dizer "passagem", quando são lembrados os episódios ocorridos durante o período de escravidão no Egito e a posterior saída para retornar a terra de Canaã. Na tradição judaica, os fiéis se recordam de todo esse processo, compreendendo o que passaram seus antepassados desde que Moisés começou a liderar o povo judeu, as 10 pragas do Egito, a peregrinação pelo deserto, até o momento em que Moisés sobe ao Monte Nebo para ir ao encontro de Deus e o povo.

"Esta festa, que dura oito dias, é marcada por não serem consumidos produtos à base de cinco tipos de grãos: Trigo, aveia, centeio, cevada e espelta (uma espécie de trigo selvagem existente na Europa e Ásia)", disse o membro da diretoria da Sociedade Israelita de Pelotas, Jaime Roberto Bendjouya. Nesse período, o único produto à base de trigo que é consumido é o pão ázimo, pão não fermentado, que lembra a miséria do Egito.

Normalmente, as datas de Pessach e Páscoa coincidem, já que para o cálculo ambas as festividades se baseiam em eventos semelhantes, o equinócio de outono e a lua cheia. "Neste ano, entretanto, o Pessach ocorre de 22 a 30 de abril, havendo, pois, praticamente um mês de diferença entre as festas", concluiu.

Incorporações ao cristianismo

Muitos dos simbolismos adotados pelo cristianismo para a Páscoa são oriundos do Pessach. O pão ázimo é a origem da hóstia. O vinho, assim como na tradição judaica, também está presente na páscoa cristã. O fato de repartir o pão também é originário de Pessach, inclusive a Santa Ceia.

Islamismo

A páscoa cristã não tem significados no islamismo, pois os muçulmanos acreditam na existência de Jesus não como filho, mas sim como um grande profeta de Deus, assim como Mohammad, Abraão e Moisés, por exemplo. "Para nós, comemorar a páscoa é Haraam (termo usado no Islã para se referir a algo ilícito). A páscoa não faz parte do islamismo. A história católica é diferente da história islâmica. Somos muçulmanos, subservientes a Allah. Não participamos de nada envolvendo a Páscoa, para nós é pecado", esclareceu o muçulmano Sérgio Abdul Rashid. "Respeitamos qualquer atividade, de qualquer religião ou espiritualidade. Mas nossos filhos, nas escolas, não participam das comemorações".

Para os muçulmanos, o Ramadã é considerado o mês sagrado, e corresponde ao nono mês do calendário islâmico. Durante 30 dias, o fiel deve deixar de comer, beber, ter ações conjugais ou qualquer atitude ruim, se dedicando inteiramente à religião. De acordo com a tradição, o jejum deve ser feito desde a alvorada até o pôr do sol. Os muçulmanos enxergam o período como uma chance anual de evoluir espiritualmente.

Espiritismo

Embora seja respeitada, a Páscoa é uma festividade não cultuada na doutrina espírita, mas relembra momentos históricos e importantes, sobretudo os ensinamentos morais que Cristo trouxe durante sua passagem na Terra. Dessa forma, os espíritas buscam celebrar a data ao longo do ano todo, vivenciando a mensagem de Jesus. "Como espíritas, procuramos vivenciar a transformação que a ressurreição do Cristo simboliza, todos os dias de nossa existência, através do esforço de internalizar seu evangelho", disse a espírita, Fernanda Farias.

"O certo para nós é que a figura de Jesus assume posição privilegiada no contexto espírita, dizendo-se inclusive que a moral de Jesus serve de base para a moral do espiritismo", pontuou. Em linhas gerais, Fernanda explica que as instituições espíritas não celebram a páscoa, nem programam situações específicas para marcar esta data, como fazem as demais religiões.

Os espíritas se esforçam durante toda a vida para vivenciar a mensagem de Jesus, estando cientes que, um dia, poderão testemunhar o que diz a passagem bíblica de Gálatas: "Fui crucificado junto com Cristo. Já não sou eu quem vivo, mas é Cristo vive em mim. Minha vida presente na carne, vivo-a no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim".

Umbanda

De acordo com a Federação Umbandista do Brasil (Feubra), para os umbandistas, a Páscoa, como qualquer outro período do ano, deve ser um momento de reflexão, estudos e reafirmação do compromisso com os ensinamentos da espiritualidade superior. A Umbanda tem seus próprios fundamentos, rituais, doutrina, crenças e valores, e, embora respeite, não faz comemorações vinculadas a datas de outras religiões, diz a entidade.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Próximo da retirada dos incentivos fiscais, entidades voltam a atrás e apoiam o aumento da alíquota de ICMS Anterior

Próximo da retirada dos incentivos fiscais, entidades voltam a atrás e apoiam o aumento da alíquota de ICMS

60 anos de golpe militar: fruto da polarização da sociedade brasileira Próximo

60 anos de golpe militar: fruto da polarização da sociedade brasileira

Deixe seu comentário