Precariedade

Com risco de desabamentos há oito anos, deterioração do Félix da Cunha continua avançando

No último ano, os problemas estruturais foram ampliados devido a falta de manutenção; prédio de 1913 abriga a escola que formou gerações de alunos

Foto: Volmer Perez - Fachada do prédio também apresenta situação assustadora

Em processo de degradação e de constantes desabamentos desde 2016, a comunidade da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Félix da Cunha cobra do governo do Estado ao menos uma previsão sobre a recuperação do prédio. Com o passar do tempo, a degradação da estrutura de 111 anos tem avançado, comprometendo praticamente todas as dependências do colégio. Oito salas de aulas foram interditadas. Diante do cenário de destruição do conhecido casarão histórico do Porto, alunos têm exposto a situação com fotos e vídeos nas redes sociais em busca de alguma providência do poder público, pois no ano passado a situação foi ainda mais agravada.

Quem passa na rua Benjamin Constant, esquina Almirante Barroso, provavelmente duvida que no imponente prédio esverdeado, com aspecto que anos de abandono conferem, há uma escola em atividade com mais de 400 alunos entre ensino Fundamental e Médio. No prédio histórico, construído em 1913, a área onde está destinada a entrada dos estudantes está interditada há pelo menos oito anos devido ao desabamento de parte da varanda, o que também compromete a estrutura das vigas da fachada.

O risco de desabamento permeia quase todo o casarão. Eem uma sala do 1º ano do Ensino Fundamental, o cenário é de destruição completa. O buraco no teto foi expandindo com o tempo e a parte em que havia uma brinquedoteca se tornou um amontoado de entulhos e restos da construção. Com o telhado e o desabamento do assoalho de várias salas, os avisos colados nas portas e as faixas amarelas alertam para que os alunos mantenham distância. Indignados, alunos do Grêmio Estudantil reivindicam alguma ação da 5ª Coordenadoria Estadual de Educação (CRE) sobre a restauração. Sem retorno, eles partiram para as redes sociais.

Um dos autores dos textos que expõem a situação é Pedro Henrique Bessa. Frequentando a escola desde a sexta série, e atualmente no primeiro ano do Ensino Médio, ele afirma que para os estudantes a sensação é que a qualquer momento novos desabamentos podem ocorrer. “Desde que eu entrei aqui eu não conhecia algumas partes [devido às interdições]. É um grande desgosto, é uma tristeza a gente ver inclusive outras pessoas falando sobre o estado do prédio.” Representante da União Estadual dos Estudantes, Gael Costa também tem chamado a atenção para o Félix da Cunha. “A gente está passando em todas as escolas com o projeto de Grêmio Estudantil e é muito triste os relatos que estamos escutando, mas aqui é o mais assustador.” 

Algumas salas estão completamente destruídas pela ação do tempo. Foto: Volmer Perez

A Diretora da Escola, Rejane Monteiro, conta que a equipe diretiva já compareceu diversas vezes na 5ª CRE, mas que ainda não obteve uma resposta concreta sobre a recuperação do prédio. Atualmente, todas as turmas têm aulas somente na área mais nova do Félix da Cunha, que foi construída há cerca de 70 anos e não apresenta riscos. “No ano passado, a degradação do prédio aumentou consideravelmente. Está apertado, não temos a biblioteca, fora as salas temáticas, com retroprojetores, instrumentos, que infelizmente não temos mais.” 

Alertas em áreas da escola indicam o risco de desabamento. Foto: Volmer Perez

Ela relata que ao acompanhar o processo de degradação da escola o sentimento é de tristeza e impotência. Por isso, a direção e os professores evitam ao máximo que os alunos, principalmente os mais novos, circulem no prédio principal. “Não existe um bom trabalho se não tiver uma boa estrutura, o que me faz seguir adiante são os alunos, porque o desânimo é total. Olhar uma estrutura histórica dessa e saber o quanto tu poderia fazer ali.” 
Devido ao aspecto de abandono, são diversos os furtos no Félix da Cunha. No ano passado, a escola teve um prejuízo de R$ 40 mil.

Reforma sem licitação
Conforme a Secretaria de Obras Públicas do Estado, foi realizada vistoria na instituição de ensino pela 5ª Coordenadoria Regional de Obras Públicas (Crop) e as reformas deverão ser contempladas por meio da nova modalidade de contratação de serviço de manutenção, o sistema de registro de preços, que funciona como “catálogo de serviços”, ficando à disposição da Secretaria de Obras Públicas para atendimento das instituições de ensino. Com isso, haveria uma empresa responsável por atender um grupo de escolas na região, e sem necessidade de licitar novamente cada serviço.

Nesta primeira etapa, o governo do Estado atende instituições de ensino nas áreas de abrangência de quatro Crops, sendo 162 escolas na região de Pelotas e Rio Grande. A nota da Secretaria ressalta ainda que houve a contratação emergencial dos serviços de recuperação, porém, a empresa sequer iniciou as obras, havendo a rescisão do contrato. 




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