Por Joana Bendjouya

Conhecida como um tipo de medicina que busca a cura do corpo por meio do uso de medicamentos e tratamentos naturais, a naturopatia é reconhecida como terapia complementar, podendo ser adotada no tratamento e na prevenção de diversas doenças.

A naturopata Carla Cunha explica que se trata de uma terapia que organiza o corpo e mente e, por consequência, acabando com as dores relatadas pelos pacientes. Os sintomas são vistos como uma reação do organismo, ou seja, uma tentativa natural de se curar. Por isso, nos atendimentos, o objetivo é de tratar a causa da doença e não somente os sintomas. Carla explica que a procura em seu consultório se dá pelas mais variadas causas, que podem ser decorrências de dores físicas ou questões emocionais e, para que se tenha um melhor resultado no tratamento, estes são realizados em conjunto com os médicos especializados em cada uma das situações.

“Normalmente as pessoas procuram com alguma doença física, das mais variadas possíveis, e o que elas buscam é tratar de forma natural essas dores, a ansiedade e depressão, por exemplo. Os tratamentos são realizados sempre de forma multidisciplinar”, explica.

O atendimento inicia a partir de uma conversa minuciosa para conhecer mais do histórico e rotina de cada paciente, para assim poder iniciar o tratamento de forma individual. “Através desta conversa eu vou levar em consideração as heranças genéticas, algumas situações que este paciente vivenciou, se existem doenças preexistentes.Tudo isso será determinante para auxiliar no tratamento e restabelecer esse desequilíbrio que está sendo ocasionado”, explica.

Carla atua em seus atendimentos com sessões de acupuntura, homeopatia, fitoterapia, auriculoterapia.Terapias que completam a naturopatia clínica. Ela explica que seus atendimentos, assim como os tratamentos realizados, são sempre seguindo os princípios da natureza. Não são utilizados produtos químicos ou farmacológicos. Na naturopatia, as substâncias naturais é que são as protagonistas. “Podemos tratar desde os recém-nascidos até o idoso.Todas as pessoas podem ser tratadas com as diversas especializações para contribuir com situações pontuais. Como na pediatria, a fim de tratar uma cólica de um bebê, ou com pacientes oncológicos, para aliviar os sintomas, ambos com a acupuntura. São técnicas diferentes que usamos do mesmo contexto da medicina tradicional, fazendo as devidas adaptações para o tratamento, idade e causa. Sempre minimizando as dores e assim restabelecer o corpo”, explica.

OMS
De acordo com a OMS, a naturopatia é uma prática terapêutica que adota uma visão ampliada do processo de vida, saúde e doença e utiliza um conjunto de métodos e recursos naturais no cuidado e na atenção à saúde.

Tratamento
Esta medicina complementar geralmente se divide em três áreas: preventiva, curativa e educativa. Carla dá um destaque para a prevenção, que acaba por ser tão importante quanto a própria cura. “Têm pessoas que buscam os atendimentos para uma forma preventiva, que não têm nada, que não se sentes doentes. Mas querem relaxar, manter o sono equilibrado, sua saúde mental e emocional em equilíbrio. Esse seria o ideal, cuidar da saúde sempre e principalmente de forma preventiva”, comenta. Já para uma rotina educativa, requer que o paciente tenha conhecimento do seu organismo e assim possa ser protagonista em seu tratamento preventivo.

Para Maria Carolina Vaz Barboza, a procura pela medicina alternativa aconteceu em busca de um tratamento mais global, que entenda que as dores manifestadas pelo corpo são consequências do ambiente e da rotina de vida. “Comecei a entender que somos muito mais que sintomas, que quando não estamos bem emocionalmente o corpo manifesta em dores, feridas e males. Não tenho nada de negativo para relatar sobre a terapia interativa. Eu nunca excluí os meus tratamentos com a medicina tradicional, mas sim como algo a somar para minha vida, melhorar a pessoa como um todo, deixar de ser um emaranhado de sintomas e passar a fazer da existência o melhor possível”, relata.

Esta linha da medicina usa terapias seguras, que têm também como enfoque minimizar os efeitos colaterais. Como o objetivo é tratar e curar a causa, o naturopata evita tratamentos que escondem a causa e inibem os sintomas. Assim, o especialista atua, sobretudo, na busca das causas e origens psicossomáticas de uma determinada doença, que acaba tendo uma importância maior que os próprios efeitos, que ficam, assim, postos em segundo plano.

Ao praticar uma medicina alternativa e complementar que tem como atuação uma forma de interligação da mente e do corpo em conjunto com outras áreas, como a nutrição, fisioterapia, ginecologia e todas as demais especialidades médicas, pretende assim equilibrar o organismo e retirar qualquer obstáculo que impeça o funcionamento normal da saúde do paciente.

Para o advogado Otávio Santiago Gomes da Silva, além de aliviar as dores pontuais em decorrências de horas em que trabalha sentando frente ao computador, os tratamentos alternativos atuam também como restauradores dos sintomas gerados pelo stress da rotina diária. ”Comecei os atendimentos com acupuntura. De forma mais contínua, faz dois anos. Tive duas vezes Covid e na segunda vez me senti muito mal, a recuperação não foi fácil e fiquei com algumas sequelas, principalmente de memória. Faço um acompanhamento anual, de exames com meu clínico geral, mas também incluí os atendimentos de acupuntura uma vez por mês e sinto uma melhora no meu organismo, na minha memória, dores musculares, pois como eu estudo e trabalho em escritório, fico muito tempo sentado usando o computador, acabo tendo dores e tensões musculares. Atualmente, sinto muito meu organismo respondendo de forma muito positiva em diversos fatores. Além das sessões deixaram meu corpo mais ativo e disposto, sinto grande diferença nos resultados, inclusive no stress mental”, relata.

Alternativa e complementar
De acordo com o Ministério da Saúde, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) fazem parte de um amplo conjunto de práticas de atenção à saúde baseadas em teorias e experiências de diferentes culturas, utilizadas para promoção da saúde, prevenção e recuperação, conforme definição da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS). As Pics integram e complementam os tratamentos convencionais, contribuindo para a identificação das causas e melhoria de sintomas que afetam o bem-estar das pessoas, inclusive para problemas crônicos de saúde. O SUS recomenda as Pics como abordagens de cuidado integral à população, sendo atualmente uma oferta gratuita no sistema de atendimento.