Saúde

Março Azul: prevenção é o melhor tratamento

Este é o mês de conscientização para a prevenção do Câncer de Intestino, o terceiro que mais mata no Brasil. Porém, pode ser evitado com diagnóstico precoce

Foto: Divulgação - Médico Marcelo Britto alerta que a maioria dos casos de câncer de intestino podem ser evitados com exames de rotina.

Por Joana Bendjouya

​O câncer de intestino, também conhecido como colorretal, é um dos tumores mais incidentes entre os brasileiros. É o terceiro tipo de câncer mais comum no Brasil, ficando atrás apenas do de mama para as mulheres e de próstata para os homens.

Segundo o médico Marcelo Britto, coloproctologista e vice-presidente da Associação Gaúcha de Coloproctologia, o caminho para reduzir os casos de diagnósticos de câncer é a prevenção, seja nos exames de rotina ou na atenção aos sintomas quando eles existem. “Prevenir sempre é o melhor remédio e faz todo sentido quando pensamos em saúde. É preciso mudar o pensamento em torno da doença, fazer o exame e procurar os médicos mesmo quando não se sente nada”, alerta.

Apesar da alta prevalência deste tipo de câncer, ainda há muita resistência sobre o assunto. A prevenção, muitas vezes, também é um tabu. Este é um tumor bastante relacionado ao estilo de vida. “Sabemos que mudar hábitos estabelecidos não é tarefa muito fácil; porem é essencial, tanto para atuar de forma preventiva, como nos resultados para o tratamento”, explica.

Alerta
O câncer de cólon e reto ou colorretal abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon e no reto final do intestino.

Entre os fatores de risco estão o consumo de carnes processadas, gordura saturada, carne vermelha, tabagismo, consumo abusivo de bebidas alcoólicas, diabetes, doenças inflamatórias intestinais, sedentarismo, idade superior a 45 anos e histórico familiar. “Todos estes itens devem ser levados em consideração, porém não é necessário ter a combinação de todos para estar alerta”, comenta Marcelo.

Desta forma, a prática de exercício físico regular, o controle do peso, uma dieta equilibrada são atitudes muito relevantes para uma qualidade de vida e em consequência a prevenção.

Atenção às mudanças do organismo
O médico ressalta que, mesmo que ainda não tenha a idade indicada para fazer o exame de rotina e não apresente histórico familiar, não se deve esperar muitos sintomas, e a qualquer sinal de mudança do aparelho gastrointestinal é importante procurar um especialista. “Alguns tipos de câncer podem ser evitados, podemos descobrir quando ainda são muito iniciais, o processo de retirada é feito durante o exame mesmo, não se deve esperar uma lista de sintomas, o importante é investigar ao primeiro sinal”, orienta Marcelo.

Foi com este pensamento de investigar as mudanças do funcionamento de seu organismo que a empresária, Daniela Ávila, de 31 anos, levou um susto ao descobrir o diagnóstico precoce de câncer no intestino. Ela conta que não tem histórico nenhum na família e nunca havia feito o exame, mas buscou após uma sequência de mal-estares que ela atribuía à rotina alimentar descuidada e sem regras; mas logo ao iniciar os primeiros exames desconfiou ser algo mais sério. “Eu nem imaginava que poderia ser um a sentir muita azia e procurei uma gastroenterologista foi ai que começamos as investigações, fiz endoscopia, todos os exames de intolerância alimentar e, por curiosidade, para investigação mesmo, ela sugeriu a colonoscopia. Eu lembro que foi tudo meio no susto, na época meu plano de saúde nem tinha a carência necessária para esse exame, mas eu sentia que era necessário investigar, até porque na época a minha alimentação não era nada saudável, minhas escolhas eram por comida e temperos prontos e não tomava quase nada de água, então eu tinha uma ideia que isso poderia ser um problema, mas não tão grave”, relata.

Para Daniela, o exame indicado pelo seu médico também foi um tratamento precoce, visto que durante o procedimento foram encontrados pólipos, que foram prontamente retirados e enviados para biópsia. “Hoje em dia meu comportamento é outro. Até descobrir que não era maligno, parece que dentro de mim uma chave virou e eu mudei minha forma de encarar minha rotina, incluindo uma alimentação melhor e mais saudável, mais natural. Eu penso na organização da minha alimentação com carinho, planejo ela semanalmente. Dentro do possível estou fazendo atividade física e sigo com exames e acompanhamento em dia. E sempre que possível oriento as pessoas que conversam comigo e comentam algum desconforto ou sintoma, para procurar o médico, sempre falo que quanto mais cedo melhor. Eu lembro que até receber o meu diagnóstico eu tive conselhos de me automedicar e sempre pensava que não faria porque poderia acabar mascarando os sintomas e melhorando momentaneamente o desconforto e não seria o tratamento real. Procurar o médico especializado é sempre a melhor escolha”, alerta.

Colonoscopia
A colonoscopia é um exame de imagem utilizado para investigar alterações no cólon, ao longo do intestino grosso e no final do intestino delgado, usando um aparelho chamado colonoscópio, que é um tubo fino e flexível com uma luz e uma câmera na ponta. Com ele, é possível identificar lesões sugestivas de câncer colorretal, pólipos e outras condições médicas. A realização do exame é recomendada para todas as pessoas a partir de 45 anos de idade, ou no caso de histórico familiar pode ser recomendado até dez anos antes, conforme orientação médica.

Durante o procedimento também é possível a retirada de tecido para biópsia e a realização de procedimentos simples, referentes à remoção de pólipos intestinais e outras doenças na região.

Prevenção
O médico enfatiza que a melhor forma para atuar na prevenção é estar com os exames em dia, além da atenção a possíveis sinais ou sintomas. “O câncer de intestino é tratável, quando precoce, muitas vezes o paciente vai para realizar o exame e no próprio já é retirado o tumor ou pólipos”, explica.

O rastreamento é realizado por colonoscopia, que é um exame de imagem, realizado mediante sedação. Marcelo explica que não é necessário anestesia para realização e trata-se de um exame indolor. “Pode ser um pouco incômodo, às vezes as pessoas têm um pouco de preconceito, mas não é um exame dolorido. É recomendado ser realizado por todos a partir dos 45 anos e é um procedimento seguro, que vai analisar todo o intestino grosso. Muitos pacientes têm uma série de dúvidas e preconceitos, o que os acaba afastando do exame”, comenta.

Importante também ressaltar que, quando o exame está com o resultado normal, deve ser repetido somente após cinco anos.

Desta forma, uma avaliação, através do exame de imagem é extremamente importante, sendo capaz de detectar os pólipos, lesões que podem ser pré-malignas e que, quando retiradas, apresentam uma diminuição significativa da chance de desenvolvimento de um tumor. “De acordo com os estudos, as chances caem para mais de 80% quando realizado um diagnóstico precoce, é preciso que não só os pacientes, mas também os médicos estejam atentos”, explica Marcelo.

Para Lenita Pereira Maagh, de 65 anos, infelizmente essa não foi a experiência. Mesmo com um acompanhamento minucioso, por estar se recuperando de uma cirurgia de rins, recebeu um diagnóstico de um câncer avançado localizado no intestino. “Eu vinha com a saúde um pouco mais debilitada, me recuperando da cirurgia e com os exames solicitados todos em dia, foi quando tive umas cólicas e uma dor muito forte, eu senti por mais ou menos uns dois meses antes de realizar o exame. As dores iam e voltavam até que ficaram muito fortes e persistentes”, relata.

Vale destacar que o câncer colorretal é um tipo de doença curável. Quando é localizado, o tratamento recomendado é o cirúrgico e, em alguns casos, há necessidade de uma complementação com quimioterapia.

Lenita conta que desde a sua infância apresentava dificuldades relacionadas com o funcionamento do intestino, que então eram contornadas com tratamentos caseiros e uma alimentação bastante controlada para que não tivesse problemas. “Eu sempre fui muito atenta a minha alimentação, ao equilíbrio e à escolha por alimentos saudáveis, sempre tomei muita água, porque se não fizesse isso sabia que teria problemas, foi algo que sempre me acompanhou, a vida toda”, conta.

Mesmo assim, ela conta que nunca imaginaria ter problemas mais sérios relacionados ao intestino, justamente por demandar cuidados e atenção e por não apresentar histórico familiar. Outro fator que não fazia com que ela imaginasse isto é ter vivido um período de muitos cuidados e exames, mas lembra que nunca havia realizado a colonoscopia investigativa como exame de rotina, mesmo referente à idade. “Eu achava que estava novamente com problemas nos rins, já não conseguia mais identificar a dor, como não tinham solicitado o exame, nunca fiz, não sabia que era recomendado por idade. Acabei fazendo em virtude das dores que eu tinha”, relata. Para o caso de Lenita foi necessário, além da cirurgia, a complementação do tratamento com sessões de quimioterapia por seis meses. “Hoje em dia ainda estou em recuperação, após os 16 ciclos da quimioterapia, mas me sinto bem. Eu me preparei para esse período da melhor forma que poderia, inclusive dando uma atenção ainda maior para minha alimentação”, relata.

Marcelo explica que, hoje em dia, uma combinação de tratamentos, aliada s novas técnicas cirúrgicas, permite que homens e mulheres com a doença, possam ter controle do tumor e, em muitos casos, possam ser curados. “Mesmo na doença mais avançada, o tratamento evoluiu muito, não apenas com os agentes quimioterápicos, mas também com imunoterapia, que é indicada em mais ou menos 15% dos pacientes”, explica.

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