Tratamento

Herpes-Zóster: além da pele, a doença pode trazer outros comprometimentos

Provocada pela reativação do vírus varicela-zóster, a doença se destaca pelo surgimento de lesões dolorosas

Foto: Irena Sowinska/Getty Images - A infecção é causada pelo vírus varicela-zóster, o mesmo que causa a catapora na infância

Por Joana Bendjouya

Erupção cutânea dolorosa ou pequenas bolhas na pele, dor localizada além de sensação de queimação ou pontadas, principalmente nas regiões mais do tórax e a face, este costuma ser os sintomas relatados por quem é diagnosticado com a herpes-zóster, conhecida popularmente como cobreiro. Os sintomas são fruto da condição causada pela reativação do vírus varicela-zóster no organismo, o mesmo causador da catapora, que se trata de uma doença infecciosa muito comum de contágio entre as crianças, já o herpes-zóster pode surgir décadas após a pessoa ter sido infectada pela catapora, sendo comum que a doença ocorra em adultos, principalmente, após os 50 anos.

Essas lesões surgem geralmente, em apenas um dos lados do corpo, e somem após poucas semanas. Entretanto, a dor provocada pela reativação do vírus pode permanecer por meses e até mesmo anos, uma condição conhecida como neuralgia pós-herpética. Segundo a infectologista Bruna Gazoni de Souza, quando uma pessoa adquire o vírus varicela-zóster, ela desenvolve uma infecção primária, conhecida como catapora ou varicela. Apesar de a doença se curar, o vírus não é eliminado do organismo, permanecendo de forma latente no sistema nervoso. “O paciente tem que ter tido catapora em algum momento da vida, e esse vírus, principalmente na vida adulta, entra em atividade. Ele reativa, pode ser por um desequilíbrio de imunidade, quando ela fica baixa, e desta forma surgem as lesões acompanhadas de dor, que podem se manifestar na forma de pontadas ou de queimação”, explica.

O diagnóstico geralmente é clínico e, segundo a infectologista, para pessoas sem risco de agravamento, é recomendado apenas o tratamento sintomático. Já quando existe o risco de agravamento, é recomendado também o uso de antivirais.
Ainda assim, a médica relata que podem aparecer outros sintomas, como dor em apenas em apenas um dos lados do corpo, que costuma anteceder o surgimento de erupções cutâneas, e algumas vezes pode ser confundida com um incômodo muscular. As bolhas costumam ficar mais visíveis entre o sétimo e o décimo dia depois do início da infecção, justamente quando o quadro começa a apresentar melhora nos demais sintomas. “O surgimento das erupções costumam ser mais frequentes no pescoço, nas costas, no tórax e no abdômen. O diagnóstico do herpes-zóster é geralmente feito por meio da análise dos sintomas do paciente. Entretanto, em algumas situações recomenda-se a realização de exames complementares”, explica a médica. O quadro é contagioso, desde que se entre em contato com as bolhas e feridas da pessoa infectada pelo vírus. Já as lesões que costumam surgir na fase adulta são uma reativação do vírus causada por baixa imunidade. Muitos fatores podem levar a isso, como medicamentos que causam queda da imunidade, tratamentos à base de imunossupressores ou más condições de saúde em geral.

Após os 50 anos de idade, o sistema imunológico vai ficando mais debilitado, este é o motivo pelo qual, o herpes-zóster costuma ser mais comum nos idosos.

Como tratar?
A infectologista explica que o primeiro passo para o tratamento correto é o diagnóstico. “Qualquer tratamento deve ocorrer com recomendação médica, mesmo sendo uma medicação bem conhecida, qualquer auto-medicação, pode ser muito perigosa”, enfatiza a médica.

A vermelhidão e as bolhas podem demorar um pouco a surgir, desta forma é muito importante que o médico seja procurado quando surgirem os primeiros sintomas de mal estar, para que possa fazer o diagnóstico correto. A infectologista enfatiza ainda que é fundamental identificar a doença o quanto antes para que não traga outras complicações. “É muito importante detectar e tratar da forma correta para que as dores e possíveis complicações não venham impactar negativamente a vida da pessoa, trazendo outras dores e incômodos, que podem perdurar por muito tempo.” No entanto, os tratamentos precoces são capazes de controlar as lesões na pele e também amenizar os sintomas. Isso deve ser feito por meio de medicamentos antivirais e analgésicos para aliviar a coceira e o ardor. É recomendado também, cuidados com a higiene da pele usando água e sabonete e, em caso de infecções secundárias, uso de antibióticos.

Como prevenir?
A única forma de evitar a doença, seja por meio da reativação ou transmissão, é através da vacina. A proteção, que é administrada em dose única, deve ser aplicada em pessoas com mais de 50 anos de idade, principalmente as que tiveram catapora na infância. No entanto, a vacina não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e deve ser adquirida em serviços particulares. No caso das crianças que foram vacinadas não exclui a chance de reativação do vírus herpes-zóster; desta forma estar com as vacinas em dia é mais uma forma de prevenção, segundo a médica. ”Em pessoas acima de 50 anos, a probabilidade de sofrer com a reativação do vírus do herpes-zóster aumenta, por isso a importância de se vacinar, para reduzir as possibilidades”, ressalta Bruna, já que o principal fator de risco para o desenvolvimento do herpes-zóster é o aumento da idade.

Imunização
No Brasil podem ser encontrados dois tipos de imunizantes, que apresentam recomendações distintas, sendo um indicado para todas as pessoas acima de 18 anos que apresentem alguma imunodeficiência, sendo administrada em situações pontuais para esta recomendação, e o outro indicado apenas para pessoas acima de 50 anos. Ambas são aplicadas em duas doses, e só estão disponíveis na rede particular.

“É uma doença muito comum em adultos e idosos, ao contrário da catapora que é mais comum nas crianças, chegamos a ter dois milhões de casos ao ano no Brasil. Por isso a importância da vacina e da proteção. Principalmente porque a neuralgia pós-herpética, que a dor que fica no nervo acometido, pode ser muito incapacitante”, ressalta a infectologista.

O Ministério da saúde salienta que a herpes-zóster pode provocar algumas complicações, caso não seja tratada com o cuidado necessário, sendo elas:


- Ataxia cerebelar aguda, que pode afetar o equilíbrio, fala, deglutição, movimento dos olhos, mãos, pernas, dedos e braços;
- Trombocitopenia, que é a baixa quantidade de plaquetas, responsáveis pela coagulação, no sangue;
Infecção bacteriana secundária de pele – impetigo, abcessos, erisipela, ou outras que podem levar a quadros com febre alta;
- Síndrome de Reye, doença rara que causa inflamação no cérebro e que pode ser fatal, acometendo principalmente crianças e jovens;
- Infecção fetal, se contraída durante a gestação, pode levar à embriopatia, com síndrome da varicela congênita acarretando má formação fetal;
- Varicela disseminada ou varicela hemorrágica, risco em pessoas com comprometimento imunológico;
Nevralgia pós-herpética (NPH) – dor persistente por quatro a seis semanas após o surgimento das erupções cutâneas, que apresentaram resultados pouco satisfatórios ao tratamento.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Influenza: vacinação é um cuidado que vai muito além da prevenção individual Anterior

Influenza: vacinação é um cuidado que vai muito além da prevenção individual

Clareamento dental: um dos procedimentos estéticos mais procurados nos consultórios odontológicos Próximo

Clareamento dental: um dos procedimentos estéticos mais procurados nos consultórios odontológicos

Deixe seu comentário