Ciência

UFPel impulsiona o desenvolvimento de inovação no RS

Um dos destaques é em registro de patentes, fruto de investimentos em mais um pilar, além de ensino, pesquisa e extensão

Foto: Carlos Queiroz - DP - Ranking considera RS o estado mais inovador

Por Victoria Fonseca
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)


Pelo segundo ano consecutivo, o Rio Grande do Sul foi considerado o Estado mais inovador do país no ranking de competitividade do Centro de Lideranças Públicas (CLP). Dentre os cinco parâmetros de avaliação, dois se destacam pela nota: patentes e empreendimentos inovadores. A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) é uma das instituições protagonistas nesses quesitos, assim como é responsável por parte do impulsionamento da inovação.

Em 2021, a UFPel foi a primeira colocada no Estado em registro de patentes e no ranking deste ano, novamente, recebeu destaque na produção de novos registros. O resultado positivo se deve aos programas de incentivo elaborados pela instituição a fim de ter como quarto pilar, além de pesquisa, ensino e extensão, a inovação.

O trabalho em torno dessa meta vem sendo desenvolvido desde 2017, quando criada a Superintendência de Inovação (Inova) equivalente a uma Pró-reitoria, que também media as relações da universidade com a comunidade, como negociação com entidades, órgãos públicos e empresas. “Criamos essa estrutura para demonstrar que a UFPel está dando passos concretos no desenvolvimento de tecnologia e inovação”, explica o superintendente de Inovação e Desenvolvimento Interinstitucional da UFPel, Vinicius Campos.

Por ano, a universidade registra em média 25 novas patentes. Somente em setembro deste ano, foram assinados contratos com cinco novas empresas, provenientes de patentes que serão incubadas na Conectar, startup da UFPel no Pelotas Parque Tecnológico que serve como incubadora de empreendimentos novos ligados à universidade.

Aposta em Empreendimentos
A universidade auxilia os pesquisadores em duas frentes: no desenvolvimento da inovação e na formação para o empreendimento da produção. Assim, a criação de empresas foi a forma encontrada de iniciar o processo de teste de desenvolvimento dos novos produtos e serviços em escala e de levar de forma mais rápida as inovações para o mercado. “O meio encontrado foi transferir a tecnologia para empresas, seja para uma empresa que já existe ou para uma startup”, aponta o coordenador do Escritório de Propriedade Intelectual Transferência de Tecnologia e Empreendedorismo da UFPel, professor Felipe Marques.

Os pesquisadores, geralmente, abrem as empresas quando as patentes já estão em algum grau de formação como produto. “É um refinamento para que o produto chegue ao mercado como um novo negócio”, explica Marques. Em sua maioria, as patentes estão relacionadas às áreas da Química Forense, Economia, Biotecnologia, Veterinária e Saúde. “Dos novos desenvolvimentos, 70% são voltados para a saúde, agropecuária e fármacos”, mensura. Atualmente, há cinco contratos de transferência de tecnologia ativos, ou seja, são patentes que já estão no setor produtivo.

Incentivo à pesquisa
Em razão da Zona Sul do Estado ainda ser uma região com pouca industrialização, o investimento em inovação e geração de novas tecnologias tem um peso de relevância ainda maior. E, foi devido a esse quadro, pensando também em reter os pesquisadores no país, que a UFPel está exercendo o empenho em incentivar cada vez mais a inovação. “Nós esperamos dar outra perspectiva para os nossos alunos. A maioria dos egressos que têm mestrado e doutorado não encontram emprego no Brasil e muito dificilmente em Pelotas porque não há empresas que desenvolvam tecnologias”, explica Marques.

Inovação na Química Forense
Em um pequeno laboratório do curso de Química Forense, que tem apenas dez anos de existência na UFPel, já foram desenvolvidas pelas mãos de alunos seis patentes. Em sua maioria, as inovações são relacionadas ao campo da Papiloscopia, no desenvolvimento de novos reveladores de impressões digitais. Atualmente, o produto utilizado pelos órgãos de segurança pública em investigações para a revelação e identificação de impressões digitais é importado. Não há no momento nenhuma opção nacional. Pensando nesse quadro, o professor e tutor Cláudio Pereira percebeu a lacuna que poderia ser explorada em pesquisa pelos químicos em formação.

A partir daí o recurso da parceria do curso com o Instituto de Ciências Forenses (INCT) foi o pontapé para o começo das pesquisas. Após o desenvolvimento de cerca de 60 reveladores, os alunos de doutorado e pós-doutorado, Tais Poletti e Bruno Rosa abriram a Revemark Brasil, empresa incubada na startup Conectar da UFPel.

Conforme os pesquisadores, o objetivo é lançar um produto nacional e com menor custo de aquisição. Conforme o professor, além disso, outra vantagem do revelador de digitais desenvolvido na UFPel é que o produto não contém nenhuma substância tóxica. “O que vem de fora, as vezes não tem discriminação no rótulo, então tem casos que o papiloscopista, a longo prazo, pode ser prejudicado”, explica.

Um trabalho de anos de dedicação
Os reveladores de digitais são produtos constituídos de substâncias em pó que ao entrar em contato com a superfície destacam a marca da digital. A doutoranda Tais explica que o processo de desenvolvimento é complexo e envolve diversos tipos de reveladores com cores diferentes para que o pó possa destacar a digital conforme a cor da superfície em que estiver. Após anos de pesquisa, eles já têm dois tipos de reveladores com grande potencial para o mercado. E, é justamente nesta etapa que a Startup entra. Após avaliação de órgãos de segurança pública em testes de campo, Bruno e Taís passaram a produzir os reveladores em escala na Revemark Brasil. Com apenas um mês de existência, a empresa já foi contemplada em um edital de recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). “A ideia é termos um produto 100% nacional e também ceder os reveladores para os estudos na academia”, ressalta Taís.
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