Atenção

Mais de 133 famílias estão em abrigos no Centro, no Laranjal e na Z3

Doações podem ser entregues na Secretaria de Assistência Social e na Prefeitura; no momento, a prioridade inclui cobertores, lençóis, alimentos não perecíveis, kits de higiene e água potável.

Foto: Jô Folha - DP - Sede da Secretaria de Assistência Social concentra as doações

Três abrigos preparados pela Prefeitura de Pelotas estão acolhendo os moradores da Colônia Z3, do Pontal da Barra, das Doquinhas e demais áreas que correm risco de inundação pela cheia da Lagoa dos Patos e do Canal São Gonçalo. Uma parte das residências de cada um desses pontos já foi atingida pelo avanço inevitável das águas. De acordo com o último boletim de inundações do Município, na tarde desta segunda-feira (06), o nível da lagoa se encontra em 2m acima do nível normal, na régua do trapiche, no Laranjal, ao tempo em que o São Gonçalo mede 2,20m, conforme a régua no cais do Porto.

Enquanto isso, mais de 100 voluntários prestam ajuda em ações de assistência social e Defesa Civil, executadas em prol de mais de 133 famílias que já foram removidas de suas casas em Pelotas e também das vítimas das enchentes no Centro do Estado. Os abrigos estão espalhados entre a Z3 (salão da paróquia João Paulo II), o Laranjal (Escola Edmar Fetter) e o Centro (antiga AABB), onde também existem locais para animais de estimação. Os espaços recebem um total de 44 famílias desabrigadas. Outras 89 famílias se encontram desalojadas e estão em casas de parentes ou amigos.

Voluntários e donativos

Na Secretaria de Assistência Social, voluntários auxiliam na organização dos donativosFoto: Jô Folha - DP

Na manhã desta segunda-feira, o prédio da Secretaria de Assistência Social (SAS) recebeu cerca de 30 voluntários, em sua maioria estudantes de graduação, que ajudaram no processo de triagem de doações que chegavam constantemente. Os donativos arrecadados e organizados são encaminhados, em parte, para os três abrigos da cidade, enquanto outra porção vai para o Governo do Estado, conforme explica o secretário responsável pela pasta, Tiago Bündchen. “A gente tem conseguido, com as doações, atender [os abrigos]. Converso com o Tenente Coronel Faccin. Ele nos orientou a remeter doações daqui para Lajeado. Tem um centro de distribuição lá que foi montado. Então, nós vamos também começar a encaminhar”, disse.

No momento, a Defesa Civil do RS pede doações, sobretudo, cobertores, lençóis de cama, alimentos não perecíveis, kits de higiene e água potável. “Pasta de dente, escova de dente, shampoo, sabonete [...] A gente tem uma quantidade legal de comida, então a gente vai poder mandar a comida que já está um pouco em excesso aqui, para Lajeado, pra eles distribuírem a quem mais precisa lá. Além dos colchões, a gente tem já quase 20 colchões que nós vamos mandar também. Então são coisas que a gente vai vendo que tá sobrando, digamos assim, e vamos mandar”, explicou.

Um grupo de mensagens contém mais de 700 pessoas dispostas a ajudar na ordenação das doações, além de voluntários da área da saúde que estão nos abrigos. No salão de donativos, o estudante Gustavo Santiago, de 27 anos, separava alimentos para a montagem de cestas básicas que seriam enviados para as vítimas mais afetadas do Estado. Natural de Bento Gonçalves, uma das cidades abaladas pela enchente, conhece pessoas que perderam tudo e que perderam a vida em deslizamentos. “É mais uma questão de solidariedade mesmo, de empatia, de doar um pouco do tempo para poder ajudar”, expôs. Quanto às doações, um dos pedidos dos voluntários é para que os itens cheguem com a indicação de tamanho e os pares de sapatos estejam juntos, o que facilita o trabalho de triagem.


Como ajudar
As doações podem ser feitas em dois locais no Centro de Pelotas: na Prefeitura, em frente à Praça Coronel Pedro Osório, e na sede da Secretaria de Assistência Social, na rua Deodoro, 404, entre Dom Pedro e Três de Maio, das 8h às 17h. Todas as doações serão utilizadas nos atendimentos às pessoas que estão nos abrigos temporários.

Pontos de doação
Prefeitura de Pelotas - Praça Coronel Pedro Osório, 101, Centro
Secretaria de Assistência Social, Rua Marechal Deodoro, 404, Centro
Secretaria de Qualidade Ambiental, Avenida Domingos de Almeida, 1490 (Casa azul da Baronesa), Areal.

Abrigos

No Laranjal, a Escola Edmar Fetter abriga nove famílias do Pontal da BarraFoto: Jô Folha - DP

No Centro, o antigo ginásio da AABB recebe, até agora, três famílias residentes das Doquinhas. Segundo a assistente social Thais Coitinho, está sendo feita uma acolhida preventiva de famílias em zonas de risco, com cobertura e suporte a elas. Também houveram famílias que ainda não quiserem sair de casa, mas um trabalho de conscientização acerca dos cuidados e riscos está sendo realizado. “Temos que estar preparados caso a água suba de uma hora para a outra”, apontou. Os três abrigos contam com atendimento multiprofissional em saúde, serviços de amparo psicológico e área de pets.

No Laranjal, a Escola Estadual Edmar Fetter abriga, conforme a última contagem, nove famílias do Pontal da Barra e proximidades. A assistente social, Ana Caroline, enfatiza a solidariedade da comunidade pelotense. “Muitas doações da comunidade, pessoal bastante mobilizado em auxiliar, e isso está sendo muito bom para as famílias que estão aqui, poder receber essa solidariedade”, destacou. “Tem mais famílias lá na Barra, só que alguns ainda não saíram, porque são pessoas que já perderam muitas coisas no ano passado, na enchente de setembro, e eles têm receio de sair de lá, de serem roubados, de perderem seus materiais de trabalho. A gente está aqui de sobreaviso para receber mais famílias que podem vir”, acrescentou.

Para os cães, um canil coberto foi construído no pátio da escola, onde seis animais descansavam à sombra. Fabiane Petter, da Secretaria de Qualidade Ambiental, “A gente está construindo essas baias sob a proteção da chuva. Eles têm comida, têm água, então vão ficar bem acomodados para que nenhum tutor deixe de sair das casas por causa dos animais”, afirmou. Tutora de quatro dos cães acolhidos, Carla Hernandes, de 34 anos, relata a importância de estar com os bichinhos. “Os bichinhos são importantes e a nossa vida também. Eu tenho eles e eu tenho mais quatro gatos, estão junto comigo. Eles estão alegres e felizes aqui”, disse a moradora de área de risco no Laranjal, abrigada na escola.

O abrigo da Colônia Z3 fica no salão da paróquia João Paulo II, onde 35 famílias já estão refugiadas. À medida que a água da lagoa sobe, mais pessoas chegam ao local. Mesmo sendo o abrigo mais distante da zona urbana, diversas doações chegam a todo instante, como explica a assistente social, Carmela Huttner. “Tem vindo bastante doações da comunidade. A gente tem recebido lanches prontos. Hoje mesmo, o pessoal veio trazer marmita para jantar. Ontem [domingo] a gente recebeu também pro almoço. A comunidade tá bem mobilizada”, contou. O canil do abrigo já conta com mais de 20 cães. Além disso, há profissionais oferecendo atendimento de saúde às pessoas. Na área externa, em frente à igreja, outras famílias da região optarem por armar barracas, enquanto outras se alojam em casas de conhecidos.

As pessoas abrigadas, na maioria, são idosos e crianças, pois muitos moradores ainda temem por saques e optam por permanecer nas residências. Com 64 anos, Iracema Teixeira mora há três décadas na localidade e está no abrigo, diferentemente do filho, que continua em casa. A idosa sofre com a ausência de um dos membros superiores e demais problemas de saúde, o que obrigou sua transferência para o abrigo. Acostumada com inundações, admite um amedrontamento extra considerando as enchentes que acometem diversas cidades do RS. “Essa está pior que as outras [enchentes]. As outras encheram, mas não encheram demais pra invadir a minha casa. E eu moro num lugar mais ou menos, não é muito baixo. Lá não entrou água no ano passado, mas nessa já entrou”, comparou.​

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