Cuidados

Extensão de cílios: entenda os riscos para a saúde ocular

Em busca dos cílios perfeitos, algumas pessoas experimentam técnicas que podem ser perigosas para os seus olhos

Foto: Divulgação -

Por Joana Bendjouya

Entre os procedimentos estéticos que não são permanentes, bastante procurados no momento, estão os alongamentos de cílios. Ter eles fartos, volumosos e com uma aparência que realça o olhar pode ser visto como um sinônimo de beleza para quem faz. Mas, como todo procedimento ou tratamento de beleza, requer cuidado e cautela, conforme explica Bruna Lima Rymer, médica oftalmologista e especialista em plástica ocular e de vias lacrimais.

Os cílios desempenham um papel importante na proteção do globo ocular. Ao mesmo tempo em que atuam como uma barreira física impedindo a passagem de microrganismos, também atuam como sensores, estimulando o fechamento das pálpebras quando corpos estranhos se aproximam. “Eles fazem parte do mecanismo de proteção dos olhos. São uma das primeiras barreiras, junto com as pálpebras, para algum corpo estranho, inseto, poeira, algo que venha do meio externo e possa ferir os olhos. Os cílios fazem a primeira proteção do globo ocular e também da córnea.”

Assim, os procedimentos estéticos que envolvem o alongamento dos cílios cumprem apenas papel estético, pois os cílios naturais já atuam de forma protetora. Apesar de ter um efeito interessante e bonito para alguns, esse procedimento pode ter consequências perigosas para os olhos e suas estruturas e podem, inclusive colocar em risco a saúde dos olhos. Ao alongar, a cola, a falta de higiene dos materiais ou após o alongamento podem causar irritação e inflamação na córnea e até consequências mais graves no futuro. “O que a gente vê nos atendimentos é que quem coloca os cílios, por medo de que estrague ou dure menos, acabam não higienizando os cílios e as glândulas que ficam na base deles. Isso acaba levando a uma inflamação da margem das pálpebras e vai acarretando outros problemas na superfície ocular”, comenta a oftalmologista.

A médica explica que o uso inadequado da substância colante ou removedora dos cílios temporários pode também causar alergias, inflamação e até a perda dos cílios naturais, podendo ainda provocar danos inclusive na córnea. “A longo prazo os cílios naturais podem sofrer e acabar ficando mais finos e mais frágeis, ocorrendo inclusive a queda.”

Muitas vezes bonito, mas nem sempre seguro
Por achar bonito os cílios longos e volumosos marcando o olhar, Juliana Pereira decidiu fazer o procedimento de extensão com fios sintéticos pela primeira vez em maio deste ano. O que não esperava era que a busca por um olhar mais bonito acabaria em uma reação alérgica. Minutos após terminar o procedimento, recorda que já começou a sentir o incômodo nos olhos. Os primeiros sintomas foram vermelhidão e ardência local. “Eu nunca tinha sentido algo assim nos meus olhos. Percebi na hora que não era normal sentir aquela dor. No dia seguinte já apareceu uma ferida no meu olho, foi quando procurei atendimento oftalmológico e o médico me alertou sobre os perigos de usar a extensão nos meus cílios. Precisei tomar antibióticos e usar uma pomada para aliviar a dor e a irritação e retirar tudo dos olhos, que tinha acabado de colocar no dia anterior”, lembra.

Suspeitando que a alergia era devido a algum produto específico usado pela profissional que colocou pela primeira vez seus cílios, após o término do tratamento oftalmológico Juliana buscou outra estética e, em julho, realizou novamente a extensão dos fios. Para a sua surpresa, mais uma vez apresentou um quadro de reação alérgica na ocasião, mais grave e intensa. “Desta vez eu acordei de madrugada e não conseguia nem abrir os meus olhos. Quando fui tentar lavar, percebi que estavam bem grudados e com muita secreção. Mais uma vez busquei atendimento e precisei usar a medicação novamente e foi quando decidi não fazer mais. Entendi que meu corpo estava reagindo àquilo”, relata.

Como as reações alérgicas podem não se manifestar em todas as pessoas que realizam o procedimento, ele pode parecer inofensivo por não apresentar sintomas. Mas o uso contínuo de cílios artificiais, assim como a falta de limpeza adequada e de cuidado com os fios naturais, podem causar diversos problemas que vão desde a queda dos pelos naturais, deixando os olhos expostos e desprotegidos, até patologias mais graves.

Cuidados
Se, mesmo sabendo dos riscos, ainda assim a escolha for pelo alongamento de cílios, Bruna salienta alguns cuidados básicos para escolha do procedimento e do profissional que irá realizar. “Meu alerta é: se decidir fazer, saiba de todos os riscos, verifique o histórico do local, procure um profissional que seja qualificado e habilitado, que entenda a importância com os cuidados, que use uma cola de qualidade, que proteja bem os olhos na hora da aplicação. É muito importante manter a higienização constante e muito bem feita enquanto estiver com essa extensão de cílios e estar alerta a qualquer sinal.”

A médica explica que alguns atendimentos de lesões oculares costumam ser recorrentes em virtude da realização de alongamento de cílios e que, se não forem tratadas de forma precoce, podem resultar em grandes ferimentos, podendo inclusive deixar sequelas. “Uma das alterações mais comuns e importantes é a blefarite, que pode ser causada por uma sensação pelo corpo estranho ou pela cola. Além da irritação local, acarreta o desconforto ocular, com ardência e erosões da córnea.”

Meibomite
É uma inflamação das glândulas de Meibômio localizadas nas pálpebras e que são responsáveis pela produção da parte sebácea, que é parte gordurosa da lágrima. Normalmente, esse tipo de inflamação obstrui os poros das pálpebras superiores ou inferiores e pode gerar um inchaço semelhante a uma espinha, conhecido como famoso terçol.

Blefarite
É uma inflamação das bordas das pálpebras. Algumas vezes apresenta escamas espessas, crostas, úlceras superficiais, vermelhidão e inchaço das bordas das pálpebras. A inflamação pode ser causada por infecções, reações alérgicas e algumas doenças cutâneas.

Bruna alerta ainda para os intervalos entre a colocação dos cílios e a permanência somente com os naturais, visto que não têm um regra preestabelecida, mas o recomendado é de que quanto mais tempo os cílios naturais estiverem sem os fios postiços, mais saudável será para os olhos. “Não tem um ciclo pré definido de intervalo mínimo e máximo entre trocar os cílios, mas é preciso entender que o ciclo normal dos cílios é em torno de seis semanas, entre cair e nascer novos fios. O ideal é que este olho fique pelo menos o intervalo de seis semanas, ou seja, de um mês e meio a dois meses para deixar que um ciclo inteiro se complete. Mas lembrando que os fios não caem e crescem todos ao mesmo tempo, então quanto mais tempo sem, melhor.”

O que fazer em caso de irritação nos olhos
- Lavar o olho afetado com água limpa e corrente
- Não esfregar, pois se tiver alguma lesão ela pode piorar
- Não tentar remover qualquer objeto que esteja dentro do globo ocular, ou os cílios, sem ajuda profissional
- Procurar atendimento médico o mais rápido possível

Sinais que exigem atenção
- Olho vermelho
- Sensação de corpo estranho
- Edema
- Alergias
- Prurido (coceira)
- Surgimento de terçol

Contra Indicação
Segundo a oftalmologista, não há uma regra ou uma determinação de contraindicação, exceto nos casos de pessoas que apresentem alguma doença ocular prévia. O que ela salienta é que, por ser tratar de um tratamento somente estético, é preciso que a pessoa, ao realizar, tenha consciência dos riscos possíveis e esteja preparada. “É necessário ter o mínimo de responsabilidade para entender que está colocando um corpo estranho em sua pálpebra e entender a necessidade de cuidados e boa higiene para prevenir qualquer tipo de problema”, alerta.

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