Saúde

Doença mão-pé-boca: Entenda como ocorre o processo da transmissão da doença, contágio e os sintomas

Causada por um vírus, ela provoca pequenas bolhas pelo corpo e é mais frequente em crianças, principalmente as menores de cinco anos

- Manchas vermelhas na boca e região da garganta e febre alta nos dias que antecedem são características da doença

Por Joana Bendjouya

A doença mão-pé-boca é uma enfermidade contagiosa causada pelo vírus Coxsackie, da família dos enterovírus que normalmente habitam o sistema digestivo e que também podem provocar estomatites, quadros virais que se manifestam em forma de aftas na mucosa da boca. Embora esta doença possa acometer os adultos, ela é mais comum na infância e, em algumas épocas do ano, torna-se mais recorrente, conforme explica a pediatra Ana Luiza Behrensdorf Reis.
“É uma doença popularmente conhecida, ela pode acontecer em adultos, mas normalmente acontece em crianças pequenas, menores de cinco anos, com a transmissibilidade sendo mais frequente. É uma doença extremamente transmissível”, afirma.

A transmissão da doença é fecal-oral, ou seja, ocorre mediante contato com pessoas, fezes, saliva, secreções, objetos ou alimentos contaminados. A pediatra explica que, mesmo depois de recuperada, a pessoa pode transmitir o vírus pelas fezes durante aproximadamente quatro semanas. Dessa forma, a higiene das mãos deve se manter intensificada mesmo após perceber a melhora dos sintomas. Também por isso, profissionais de creches, pais e cuidadores de crianças precisam reforçar a atenção nas rotinas de troca de fraldas e higiene dos ambientes. “O fato de espirrar numa superfície e a outra pessoa passar as mãos nesta superfície pode se contaminar. É muito difícil o cuidado e por isso a contaminação é bastante alta”, diz a médica.

A principal medida de controle é reforçar os hábitos de higiene de mãos, do ambiente e de superfícies, com especial enfoque em objetos compartilhados, como por exemplo brinquedos. Nos casos das crianças que já frequentam escolas ou creches, o afastamento até resolução dos sintomas é essencial. “O paciente infectado deve ficar em casa, deve fazer repouso enquanto tiver sintomas, principalmente no período das primeiras semanas, quando a contaminação se dá mais intensamente”, ressalta a pediatra.

Sintomas
O nome da doença se deve ao fato de que as lesões aparecem com mais frequência justamente nas mãos, pés e boca, mas Ana Luiza explica que podem surgir em outras regiões e, desta forma, ampliar o mal-estar e as dores. “Os principais sintomas são febre, dor de garganta, associada às lesões que não acontecem só nas mãos, nos pés e na boca.Pode acontecer nos glúteos, genitais e também cotovelos. A doença nem sempre é tão característica, existem algumas variantes dela em que febre e dor de garganta são mais frequentes. Então, procurar um pediatra é importante para os diagnósticos diferenciais.”

Para Betina Porto Bratkowski, mãe de Joana e Gabriela Bratkowski Estivallet, o contato com o vírus foi uma experiência que abalou a família toda. Primeiro foi quando Gabriela, a caçula, estava com um ano e dez meses, e começou com um quadro de febre persistente que rapidamente evoluiu para lesões na boca, o que dificultou muito a alimentação.

“Ela ainda mamava no peito e não conseguia se alimentar e nem mesmo mamar.Acabou ficando três dias hospitalizada e fazendo medicação para dores das feridas na boca e soro para se manter hidratada, já que não conseguia se alimentar”, conta a mãe. Hoje em dia, Gabriela, com cinco anos, acabou novamente contaminada e dessa vez não passou pelo quadro viral sozinha, transmitindo para irmã de nove anos e para avó. “Começou novamente episódios de febre e foram aumentando.Dois dias depois ela já estava com febre muito mais alta. Levei ela ao pronto atendimento e começou com bolinhas nas mãos. Após, a irmã mais velha também apresentou aftas e ficou com a boca bastante machucada. Minha mãe, que ficou cuidando delas, também apresentou bolinhas nas mãos e febre”, conta a mãe.

“Vejo que a gente aprendeu muito com o coronavírus sobre higiene, manter sempre mãos higienizadas e superfícies limpas, em estar atenta aos sintomas gripais e possíveis contaminações. Mas não tem muito o que a gente consiga fazer, principalmente quando elas são tão pequenas. Por mais que tenha todos os cuidados, não consegue ser 100%, pois até a minha mãe, que é uma senhora, cuidadosa, acabou infectada”, lamenta Betina.

Tratamento
A pediatra comenta que ainda não existe vacina contra a doença e que, em geral, como ocorre com outras infecções por vírus, ela regride espontaneamente depois de alguns dias. Por isso, na maior parte dos casos, são tratados apenas os sintomas. Medicamentos antivirais ficam reservados para os casos mais graves. “De forma geral, o quadro é autolimitado, ou seja, melhora sozinho e tem duração de cinco a sete dias. O tratamento recomendado é sintomático e a orientação é para a criança aumentar o consumo de líquidos, repouso e alimentação leve”, recomenda Ana Luiza.

Recomendações
Nem sempre a infecção provoca todos os sintomas clássicos da síndrome. Há casos em que surgem lesões parecidas com aftas na boca ou as erupções cutâneas. Em outros, febre e a dor de garganta são os sintomas predominantes. Desta forma, a pediatra orienta que se busque uma opinião de um especialista para que assim se tenha o tratamento mais eficaz, além de readaptar a rotina alimentar oferecendo alimentos pastosos, como purês e mingaus, por serem mais fáceis de serem engolidos, em virtude das lesões. Além disto, é indispensável manter boa hidratação e cuidados básicos com a higiene. “Para as crianças que ainda usam fralda, a cada troca os adultos devem lavar muito bem as mãos e também manter um nível adequado de higienização da casa e das escolas, além de descartar adequadamente as fraldas e os lenços úmidos”, orienta.

A pediatra explica ainda que o diagnóstico é clínico, sem necessidade de exames, a não ser em casos específicos, e que após o ciclo do vírus ainda podem surgir novos sintomas que também serão amenizados com o passar do tempo, podendo ser tratado de acordo com as necessidades. “No próprio consultório é possível dar o diagnóstico para família e as alternativas de tratamento. De sete a dez dias essa criança normalmente estará saudável de novo. De três a oito semanas após o ciclo do vírus pode ter uma descamação de mãos e pés e, junto com isso, o deslocamento das unhas. Para isso não há tratamento específico, é esperar o tempo de regeneração da pele, manter mais hidratada para que depois volte ao normal. Não há tratamento especifico para doença aguda ou as complicações, precisamos evitar as transmissões. Os tratamentos são medidas sintomáticas, como analgésicos para dor, controle de temperatura e principalmente evitar contágios.”

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