Cuidados com os bebês

Bronquiolite viral aguda

A BVA é a infecção respiratória mais comum em crianças com idade inferior a dois anos e representa importante causa de internação nos meses de temperaturas mais baixas

Imagem: ilustração - Entenda a diferença

Por Joana Bendjouya

A bronquiolite aguda é causada pelos vírus respiratórios. Por esse motivo é que na maioria das vezes o quadro inicia como um resfriado, com obstrução nasal, coriza clara, tosse, febre, recusa das mamadas e irritabilidade de intensidade variável. Em um ou dois dias o quadro evolui para tosse mais intensa, dificuldade para respirar, respiração rápida e sibilância, mais conhecido como chiado no peito. Por vezes, podem haver outros sinais e sintomas mais graves, como sonolência e pausas respiratórias.

Segundo a presidente do Departamento de Pediatria e Neonatologia da Associação Médica de Pelotas (AMP) e pediatra do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel), Paola de Morais Peraça, as crianças menores de um ano, os prematuros, os portadores de doenças cardíacas ou de doença pulmonar crônica (broncodisplasia), os imunodeficientes e os bebês que nascem com baixo peso estão no grupo daqueles que possuem maior risco de desenvolver quadros de bronquiolite mais graves e que possam apresentar a necessidade de internação, por vezes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Mas ela alerta que todas as crianças, principalmente as menores de dois anos, estão bastante sujeitas ao vírus. “Costumo explicar para os pais que é o mesmo vírus que provoca uma gripe ou resfriado em adultos, que vai provocar a bronquiolite em crianças e que vai provocar essa infecção respiratória nos pulmões dos bebês, que são mais frágeis e necessitam de cuidados”, alerta.

O principal agente responsável pela doença é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que é um vírus sazonal e, em países tropicais como no caso do Brasil, tem aumento do número de casos em épocas de temperaturas mais baixas. Normalmente, a principal fonte de transmissão do vírus é por outro membro da família, na creche ou escola, e se dá através do contato direto com as crianças pequenas. “A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, então normalmente através de um familiar, irmãos mais velhos que estão na escola e pegam algum vírus, algum resfriado e acabam trazendo para o bebê que está em casa. Ou a própria creche onde as crianças têm contato com outras crianças doentes e acabam fazendo essa infecção“, esclarece Paola. Ela explica ainda que o contato primário com o vírus não resulta em imunidade. Desta forma, reinfecções são comuns ao longo da vida, mas podem apresentar menor impacto nas crianças, quando mais velhas. Outros vírus também podem causar a bronquiolite aguda, como o rinovírus, parainfluenza, influenza, bocavírus, metapneumovírus, adenovírus e coronavírus.

Sintomas e diagnóstico
O diagnóstico é dado a partir de análise de dados clínicos, os principais sintomas que as crianças normalmente apresentam costumam ser tosse seca, que muitas vezes persiste após melhora do quadro, dificuldades respiratórias e febre, sendo que este último não é uma regra, desta forma a sua ausência não exclui diagnóstico. “Normalmente os pais começam a notar que a criança começa a respirar muito rápido, que é a taquipneia. É importante estar atento, o principal é essa respiração mais rápida e o esforço e a dificuldade para respirar”, alerta a pediatra.

A médica explica ainda que os exames de imagem não são necessários para avaliar a bronquiolite, mas podem ser úteis em quadros graves ou de piora súbita, ou ainda em casos de doenças cardiopulmonares prévias.

A história natural da doença se dá com um início de infecção das vias aéreas superiores, evoluindo para o aparecimento de sintomas nas vias aéreas inferiores em dois a três dias, quando costumam ficar evidentes a dificuldade respiratória, obstrução brônquica, quando algumas vezes são emitidos sons que parecem um chiado durante a respiração. É importante enfatizar que a bronquiolite viral aguda tem um quadro que pode variar de intensidade em cada paciente e a duração da doença vai depender da idade, da severidade que se apresenta e dos fatores de risco. Em crianças menores de seis meses e com outras comorbidades, a bronquiolite viral aguda pode persistir por mais tempo, podendo ser necessário inclusive, o uso de ventilação mecânica.

Cuidados
Segundo a pediatra, o segredo é a prevenção. Algumas medidas bastante simples, mas extremamente eficazes nos cuidados de bebês, especialmente nos menores de um ano de vida e naqueles que apresentem fatores de risco, pode mantê-los protegidos dos quadros de bronquiolite e de outras doenças virais. “A prevenção é a melhor forma de evitar esses desfechos que podem ser mais graves”, alerta.

Desta forma, é recomendado ao recém-nascido evitar o contato com crianças maiores ou adultos resfriados. Os cuidadores devem lavar as mãos e higienizá-las com álcool 70% quando forem ter contato ou dar colo aos bebês e, principalmente, antes das trocas de fraldas. A médica também sugere fugir de aglomerações, promover a amamentação e evitar o tabagismo passivo.

Além desta medidas, é fundamental o acompanhamento pediátrico para monitorar o crescimento, a introdução adequada da alimentação e o cumprimento do calendário de vacinação.

Tratamento
Segundo a pediatra, como é uma doença causada por vírus respiratórios, não existe nenhum tratamento específico para bronquiolite. Na maioria dos casos, especialmente das crianças sem fatores de risco, a evolução do quadro costuma ser benigna e o tratamento medicamentoso é para amenizar o quadro de desconforto que, ao progredir do ciclo, costuma evoluir para cura. Nos casos em que há necessidade de algum tipo de intervenção, a maior parte pode ser feita em casa, com acompanhamento da febre, observação do padrão respiratório e cuidados para manter a hidratação e nutrição da criança em níveis adequados. “A medicação nestes casos é de suporte, como se trata de um vírus não tem uma medicação que vai matar o vírus, então é preciso tratar os sintomas, para deixar a criança mais confortável. Se usa a lavagem nasal para criança respirar melhor e o oxigênio, quando indicado. Não são todos os casos que precisam internar e usar o oxigênio, mas em algumas situações pode ocorrer. Já nos maiores é possível usar os broncodilatadores, o que resulta numa melhora”, explica.

Principais sintomas
- Falta de ar
- Dificuldade para respirar
- Chiado no peito
- Boca e ponta dos dedos que adquirem aparência azulada (cianose, causada pela falta de circulação de oxigênio no sangue)
- Tosse
- Fadiga
- Respiração acelerada

Evitar
- Visitas aos recém-nascidos nos primeiros dias de vida
- Lugares fechados e aglomerações
- Levar crianças com febre e ou resfriado para creche
- Contato com adultos gripados ou resfriados
- Exposição ao tabagismo
- Esses cuidados ajudam a prevenir internações ou auxiliam na recuperação após internações.

Técnicas fisioterapêuticas
De acordo com a SBP, a maioria das crianças com bronquiolite viral aguda podem ser tratadas no domicílio, e apenas 1% a 3% necessitam de hospitalização para receber cuidados, quando a doença não apresenta sintomas graves.

Como a maior parte das crianças acometidas pela BVA são muito pequenas, não há condições de relatar os próprios sintomas e tampouco condições de expelir as secreções sem auxílio. Um dos tratamentos que auxilia de forma bastante rápida e eficaz é a realização de fisioterapia onde, através de movimentos do fisioterapeuta, chamados de manobras, são desobstruídas as vias aéreas, além da liberação de muco causador de desconforto, conforme explica Cristina Carvalhal Schwanz, especialista em fisioterapia pediátrica e neonatologia hospitalar. “A primeira coisa para um tratamento fisioterápico efetivo é uma avaliação, pois é a partir disto, da ausculta pulmonar, da avaliação efetiva e bem feita, que vai se determinar quais são as condutas que devem ser realizadas nessa criança. Assim, se avalia a fase e quais os sinais e sintomas que ela está demonstrando, para então tratar. Crianças muito pequenas, de zero até três anos, não conseguem realizar nada muito ativo, então a fisioterapia é realizada totalmente pelas mãos do fisioterapeuta. Através da avaliação eu consigo determinar as manobras necessárias para que se seja possível retirar a secreção do pulmão, ou alongar a musculatura dessa criança, por exemplo”, explica.

Fotos: Arquivo pessoal - DP

Cristina alerta ainda que a fisioterapia respiratória não irá curar a BVA, o principal objetivo é auxiliar na redução e na melhora dos sintomas e sempre atuar de forma conjunta com o tratamento medicamentoso, que deve ser prescrito por um pediatra.

A aplicação das técnicas de higiene brônquica previne pioras no quadro, diminui a resistência das vias aéreas e o trabalho de ventilação pulmonar. A fisioterapeuta explica que a aplicação das técnicas apresenta diminuição dos sinais clínicos e dos sintomas respiratórios. Dentre estes resultados, a dispneia e a melhora da ausculta pulmonar são alguns dos resultados positivos a partir da intervenção fisioterapêutica.

O tratamento é realizado de forma humanizada, onde fisioterapeuta e paciente estão em contato direto. Essa relação é responsável, inclusive, por deixar a criança mais calma, fator muito importante para melhora, pois a agitação e choro podem também agravar a piora do quadro respiratório. Entre as manobras utilizadas nos atendimentos, são realizadas técnicas para melhorar fluxo respiratório, remoção das secreções, mobilizando e induzindo a expectoração, desobstrução das vias respiratórias e assim gerando melhora da ventilação pulmonar. Em alguns casos há a necessidade de aspiração das vias aéreas. “Às vezes, no atendimento a domicílio, a criança precisa de uma ajuda para eliminar a secreção, ou seja, ela não consegue liberar através da tosse, das fezes, e tem uma quantidade muito grande, que está causando desconforto. Então a gente precisa fazer uma aspiração. A fisioterapia também tem esse objetivo de limpeza das vias aéreas”, explica a fisioterapeuta.

Édila Madeira, mãe de Luiza, de um ano e três meses, conheceu a fisioterapia respiratória por indicação do pediatra, há dois anos, quando sua filha apresentou quadro de bronquiolite. Ela conta que durante a própria sessão de fisioterapia já percebe os resultados positivos das manobras realizadas durante a sessão. “Nós já notamos uma melhora na respiração da Luiza ainda durante a fisioterapia, além dela já expelir a secreção. Para nós, a fisioterapia é muito eficaz. Ela já realizou várias vezes e sempre que está com dificuldade para respirar é o que nos socorre, notamos uma melhora imediata”, comenta

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