Editorial
Até lá fora...
Já se passaram mais de duas semanas das eleições presidenciais. O resultado foi oficializado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Diversas entidades fiscalizadoras, tanto nacionais quanto internacionais, atestaram a lisura do processo eleitoral brasileiro. Mas para alguns ainda dói ver que seu candidato favorito foi derrotado nas urnas. E depois de passar vergonha Brasil afora, muitos resolveram fazer o mesmo também nos Estados Unidos.
Por aqui, o feriado desta terça-feira, no dia em que é comemorada a Proclamação da República, foi de novas manifestações em frente a quartéis do Exército em diversas cidades, inclusive em Pelotas. Os protestos em Brasília, por exemplo, tinham como objetivo defender intervenção militar, anulação do pleito (mas apenas o nacional, onde Jair Messias Bolsonaro saiu derrotado) e a dissolução da atual composição do Supremo Tribunal Federal (STF). Desta vez, porém, sem bloquear rodovias federais e sem tirar o direito de ir e vir de cidadãos que só querem seguir suas vidas livremente.
Nos últimos dias, vimos diversos grupos, sempre vestidos de verde e amarelo, caindo em fake news como uma suposta prisão do ministro Alexandre de Moraes, ou até mesmo a anulação da eleição presidencial. Houve até comemoração quando passou um caminhão que estaria carregado de armas para iniciar a “intervenção”, mas que na verdade apenas carregava provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Só que a vergonha alheia não ficou por aí. Desde segunda-feira, apoiadores de Bolsonaro estão hostilizando ministros do STF que estão em Nova York para participar do Lide Brazil Conference, evento organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais. Inclusive com a participação do blogueiro Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira. Em um vídeo amplamente divulgado nas redes sociais, ele aparece ofendendo um homem que não tinha nenhuma ligação com o evento.
Na semana em que começa mais uma Copa do Mundo, a torcida é que as camisas amarelas da Seleção Brasileira voltem às ruas para torcer por um time. Que a vergonha, agora internacional, seja substituída pelo orgulho de ser brasileiro, nem que seja apenas pelo futebol.
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