Caderno Saúde

Higiene do sono é aliada de um ouvido saudável

Para prevenir ou minimizar a perda de audição, é importante manter cuidados, dentre eles ter um sono silencioso

Jô Folha - DP - Medidas devem ser tomadas para minimizar a perda de audição

Responsável pela audição, o ouvido é um órgão que demanda cuidados, muitas vezes desconhecidos ou negligenciados pelas pessoas. Manter uma alimentação saudável e uma rotina de exercícios, estar atento a sinais como zumbidos e fatores genéticos, e evitar exposição prolongada a sons altos, estão entre as principais medidas para minimizar a perda de audição e as consequências deste problema, de certa forma inerente ao envelhecimento humano.

A perda de audição começa, segundo o otorrinolaringologista Heithor de Castro Sell, professor da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), geralmente em pessoas entre os 45 e 50 anos. Ela é ocasionada pelo envelhecimento da cóclea, localizada no ouvido interno, assim como acontece com os demais órgãos do corpo.

Alguns cuidados, no entanto, podem ser tomados para evitar a perda de audição, precoce ou tardia. Em um mundo cada vez mais ruidoso, de trânsito intenso pelas ruas, e em uma sociedade na qual as pessoas procuram o isolamento pelas telas ou pelos fones de ouvido, é necessário atenção para manter a mente e o corpo saudáveis.

A orientação dos otorrinolaringologistas, baseada em estudos, é que se evite a exposição a sons acima de 85 decibéis. O que, em verdade, não é uma tarefa tão fácil. “Isso é basicamente o barulho a que estamos expostos apenas de ficar na rua, andando no Centro de Pelotas, por exemplo”, diz Heithor. “Permanecer 45 minutos expostos já nos daria alguma consequência à audição”, explica.

Sem conseguir escapar do mundo ruidoso, uma das chaves para estar em dia com a saúde auditiva é criar, em casa, um ambiente propício ao descanso, especialmente durante o sono à noite. “É importante o quarto e o ambiente de sono ser silencioso, para fazer todo o processo de recuperação do ouvido, ter esse período de descanso”, ressalta o médico.
É o que se chama de “higiene do sono”, de acordo com o especialista. “Na hora de dormir, é bom ter esses cuidados: evitar televisão, sons altos e luminosidade do quarto”. A quem trabalha em ambientes com sons mais intensos, Heitor reforça a importância de sempre usar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), o tampão auricular, de forma correta.

Aqueles que passam o tempo conectados aos fones de ouvido também precisam ter cuidado. A primeira recomendação, a mais óbvia, é evitar um volume muito alto, acima de 85 decibéis. “Embora sejam produtos testados, a gente sabe que têm pessoas que usam de forma errada, com o som muito alto, o que acarreta, a longo prazo, na perda auditiva, porque gera um dano sonoro diretamente ao ouvido”, reforça Heithor.

“É recomendado que se use por períodos menores, porque 45 minutos já é suficiente para causar os danos”, completa o médico. “O ideal é usar na altura baixa, de som de conversa. Ainda não se sabe se usar por muito tempo [na altura recomendada] pode trazer problemas, mas a gente sabe que acima de 85 decibéis pode causar esses danos”.

Limpeza

Gera incerteza entre as pessoas como proceder na limpeza da orelha e, consequentemente, do ouvido. A recomendação do especialista é que não se use o cotonete diariamente, pois a cera produzida no local não é uma vilã, mas sim um mecanismo de defesa contra bactérias que podem causar infecção.

Uma das dicas é procurar o especialista em caso de produção excessiva de cera, e assim ter a limpeza feita de forma correta. Em casa, o cuidado a ser tomado é passar uma toalha com o dedo na região externa, e, durante o banho, a orelha pode ser lavada com um pouco de sabonete, sem que escorra ao ouvido.

Sinais

É fundamental estar atento aos sinais que podem indicar problemas no ouvido e uma consequente perda de audição. “O paciente chega com um zumbido, a sensação de chiado no ouvido, principalmente ao deitar, de forma contínua, pode ser o início de uma perda de audição”, explica Heithor.

Outras questões estão relacionadas à genética e ao desenvolvimento individual. “É importante pesquisar a história familiar, se alguém teve perda de audição, há bastante relação”, relata o especialista. Ao mesmo tempo, pessoas que tiveram muitas infecções de ouvido ao longo da vida, devem permanecer atentas e procurar o especialista com certa regularidade.

Pessoas que não se enquadram nesses “fatores de risco”, de ter histórico familiar, estar acima dos 45 anos ou ter infecções de ouvido recorrentes, devem manter as consultas restritas ao clínico geral, que, se necessário, poderá encaminhar ao atendimento especializado.

Otite

A dor de ouvido é difícil de ser esquecida. Elas são ocasionadas pela inflamação no órgão, doença popularmente chamada de otite. Dois tipos são os mais comuns: a otite externa, durante o verão, e a otite média aguda, durante o inverno.

A externa pode acontecer ao contato com a água, principalmente em quem frequenta piscinas e praias, mas também no banho de chuveiro, especialmente se há uma caixa d’água sem manutenção.

Por outro lado, a otite média aguda é mais recorrente entre as crianças, e acentua-se durante o inverno. “É normal crianças terem mais infecções de ouvido do que o adulto, por uma questão anatômica. A tuba auditiva, a trompa de eustáquio, é mais verticalizada em adultos, então é mais difícil acumular a secreção, enquanto nas crianças é horizontalizada, a secreção dentro do nariz vai com mais facilidade ao ouvido”, detalha Heithor.

“O nariz, ouvido, garganta e laringe funcionam de forma conjunta. A gente consegue prevenir doenças no ouvido tratando o nariz. Por isso, é importante ter cuidado com a saúde nasal da criança, lavar bem o nariz, evitar a consequência de um resfriado, que pode acarretar em uma infecção de ouvido”, completa o médico.

Para os recém-nascidos, a recomendação é se fazer o quanto antes o teste da orelhinha, “porque a gente consegue proceder o quanto antes e encontrar a solução se tiver algum problema de audição”, diz o otorrino.

Preconceitos

Heithor chama a atenção para um fator social relacionado aos problemas de ouvido: o preconceito ao uso dos aparelhos auditivos. O especialista ressalta a importância de manter um tratamento adequado, a fim de se evitar complicações ainda maiores à qualidade de vida do paciente. “É importante fazer a correção o quanto antes, com prótese auditiva, o aparelho de amplificação sonoro individual, que previne com que o paciente entre, inclusive, em processo de demência”, aponta.

“O senhorzinho que está no almoço de família, se ele não interage, não conversa com as pessoas, vai se isolar em uma bolha, ficar naquele mundo dele, não terá novas experiências e não vai conseguir se comunicar com outras pessoas, e isso acaba entrando em processo demencial”, completa o médico.

Prevenção e tratamento

No geral, o melhor cuidado com a saúde individual é a prevenção. Nãoo é diferente em relação aos ouvidos, e as orientações são bastante conhecidas: ter alimentação saudável e a prática regular de exercícios físicos.

“É importante manter uma rotina de atividades físicas e uma alimentação saudável, o melhor tratamento para o ouvido é a prevenção, a deficiência de algumas vitaminas está relacionada a uma perda auditiva precoce, e todos os benefícios da prática de atividade física ajudam na microcirculação do nosso organismo, na vascularização dos nossos órgãos”, explica Heithor.

E, em caso de doenças infecciosas no ouvido, é fundamental ser fiel ao tratamento. “O mais perigoso é uma complicação da otite média aguda, que pode levar a uma meningite se o paciente não fizer o tratamento adequado. É importante fazê-lo de forma completa, cumprir o horário e a temporalidade correta, sempre passar em consulta de revisão para ver se existe resquício da doença”, conclui o especialista.

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