Emoção

Aluna de escola no Fragata ganha prêmio por poesia sobre o uso racional de medicamentos

Estudante do nono ano da Escola Sylvia Mello, Thamili Gonçalves dos Santos se inspirou no que passou a avó para escrever o texto

Jô Folha - Thamili passou por processos de reescrita do poema, onde a avaliação da professora e o anseio da estudante por melhorar características estruturais da produção foram pontos principais que ensejaram a conquista.

"Poções de alívio, mesmo em doses exatas, podem se tornar armadilhas nada sensatas". Este é um trecho extraído do poema que foi escrito pela aluna do nono ano da Escola Estadual Prof.ª Sylvia Mello, Thamili Gonçalves dos Santos, de 14 anos. O texto foi vencedor da terceira edição do concurso artístico "Farmácia Vai à Escola", da Secretaria Estadual da Saúde (SES). Neste ano, o Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF), através da Secretaria de Educação, propôs aos educandários de todo o Estado que desenvolvessem atividades buscando a conscientização sobre o uso racional de medicamentos, com o tema "prevenção da intoxicação medicamentosa". Os melhores trabalhos seriam gratificados com premiações aos alunos e professores respectivos.

A professora da Escola Sylvia Mello responsável pela aplicação do trabalho na turma de Thamili foi Fernanda Mello Ferrary, de 48 anos. Professora de língua portuguesa e práticas experimentais em linguagens. Fernanda conta que aceitou participar do concurso pela oportunidade de trabalhar a parte textual dos alunos. Para isso, uma aula especial foi preparada e desenvolvida pela professora acerca da ponderação ao usar medicamentos. Ela contou com o apoio do professor do curso de Farmácia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Paulo Maximiliano Correa, que ofereceu o embasamento técnico necessário sobre o tema. Dessa maneira, a professora Fernanda pode lecionar a respeito da intoxicação medicamentosa, aliada à teoria do gênero textual poesia. As duas turmas de nono ano do colégio produziram os textos, sendo feita uma seleção posterior com a ajuda da universidade, onde foram escolhidos nove poemas a participarem da competição.

Segundo a professora, a aluna teve todo o merecimento pela insistência e vontade. Thamili passou por processos de reescrita do poema, onde a avaliação da professora e o anseio da estudante por melhorar características estruturais da produção foram pontos principais que ensejaram a conquista. "Ela é merecedora, porque foi até o último momento. Foi o último poema que eu fiz a inscrição, estava fechando o prazo", relata Fernanda. O prêmio do concurso é um tablet, um presente à dedicação da aluna que se encaixa perfeitamente em sua realidade de vida. "A Thamili não tem celular. [...] Ela precisa mesmo do aparelho. Eu uso muito as tecnologias em sala de aula e para ela vai ser muito útil", salienta.

"Eu fiquei muito feliz, porque realmente eu preciso. Vai mudar meu desenvolvimento em sala de aula", diz Thamili, orgulhosa pelo feito. Durante o processo de produção, a menina passou por momentos de autodepreciação, em que o descrédito ao próprio potencial tomava conta dos pensamentos. Ela garante que ficou surpresa com o comunicado de que havia ganhado o concurso, não só pela questão da aquisição de um equipamento tão importante para seus estudos, mas pela compreensão acerca da própria capacidade, confirmada através do êxito. "Cheguei a chorar de felicidade, porque foi uma conquista muito grande para mim", narra.

Uma das inspirações da autora do poema, segundo conta, foi a lembrança de uma situação mais próxima vivida por ela em relação a automedicação exagerada. "Eu lembrei do caso da minha avó, que tomava muitos remédios", aponta a aluna. A professora observa que a turma de Thamili, no geral, adotou a mesma metodologia, resgatando as realidades testemunhadas em casa em relação aos medicamentos e trazendo essas questões para dentro do texto. "Tem a automedicação, tem o descarte de medicamentos que é feito de maneira inadequada, eles trouxeram suas realidades para as poesias", aborda a professora.

A poesia

Na poesia, de acordo com a análise da professora, Thamili contemplou com sabedoria todos os pilares do uso racional de medicamentos. Quanto à estrutura, ela optou por fazer quadras, três estrofes com quatro versos, transmitindo as informações que precisava da maneira adequada, valorizando o trabalho do farmacêutico e do médico. Na visão da docente, a conquista da aluna motiva não só a ganhadora, como os outros colegas também. "Por que eu acho que ela é merecedora? Porque teve essa construção, ela fez o processo de reescrita, fundamental na aula de língua portuguesa, e por ela realmente precisar. Ela está envolvida, participa de todo o processo, está sempre ajudando em sala de aula. [...] E o incentivo. Mostrar para eles que são capazes e que tem um trabalho por trás disso", concluiu a professora.

Não à intoxicação

No frasco, a cura prometida,
mas cuidado ao usar a medida.
Poções de alívio, mesmo em doses exatas,
podem se tornar armadilhas nada sensatas.

Um comprimido além da conta
transforma a esperança e desconta,
A saúde que deveria ser restaurada
se perde na dose equivocada.

Então, atenção ao medicar,
pois o remédio pode intoxicar.
Consultar o médico, o farmacêutico, regra fundamental,
Evita o risco de um final letal.

Thamili Gonçalves dos Santos
9º ano do Ensino Fundamental Anos Finais

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