Saúde,

Espaços públicos são protagonistas para a prática de atividade física

Hábito de se exercitar em ambiente externo tem sido cada vez mais comum em Pelotas

Foto: Volmer Perez - DP - Além da bicicleta, João Vinholes costuma correr e aproveitar espaços públicos de Pelotas

Com cada vez mais frequência se vê pessoas explorando os espaços públicos de Pelotas para a prática de exercícios físicos. Quer seja em parques, praças, calçadas e ciclovias, a realização de atividades físicas ao ar livre vem se consolidando em diversos pontos da cidade. A incorporação do hábito, por si só, já funciona como um provedor de benefícios à saúde corporal, se desempenhado de maneira correta e segura. Ao mesmo tempo, no geral, quem se movimenta na rua garante que o uso do ambiente externo promove o alívio sensorial e mental tão procurado, proporcionando uma desconexão rápida da rotina agitada do dia a dia.

O professor da Escola Superior de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Inácio Crochemore, que estudou, durante o doutorado, sobre o ambiente do entorno das pessoas e sua influência na prática da atividade física, avalia a prática de exercícios ao ar livre como positiva e democrática. “Se ela é realizada em um espaço adequado e agradável, que propicie o convívio entre as pessoas, aumenta ainda mais a chance de ser vinculada ao prazer e, sendo assim, aumenta suas possibilidades de efeito em questão da saúde mental e bem-estar social, e os benefícios se potencializam em outras dimensões [...] Através da promoção de espaços adequados para a prática de atividade física se lança um olhar de equidade, oportunizando os benefícios do exercício às pessoas que não tem condições de ter acesso aos locais privados”, explica o professor.

Gosto pelas ruas
Como cita o professor, um dos principais benefícios da prática de atividades físicas ao ar livre está vinculado ao bem-estar psicológico, e esse aspecto ganha relevância considerando o aumento de problemas de saúde mental a níveis populacionais nos últimos anos, sobretudo nas camadas mais jovens da sociedade. O estudante João Vinholes, de 21 anos, pratica a corrida quase todos os dias, além de circular regularmente de bicicleta pela cidade. Ele relata que os exercícios que pratica são sempre em ambiente externo, sendo este um fator imunizante contra potenciais sensações de aprisionamento. “Eu me sinto livre correndo na rua, consigo ver o ambiente, me conecto mais com a cidade e gosto de ver a natureza. A rua é o meu terceiro lugar, depois da casa e do trabalho”, define.

A orientação é outro ponto importante destrinchado por Crochemore. Segundo o professor, o ideal seria que todas as pessoas tivessem acesso a um profissional de educação física que orientasse o exercício de forma adequada, seguindo os objetivos e necessidades de cada um. No entanto, na falta de ajuda profissional, as práticas desportivas não deixam de ser recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde. “São poucas as pessoas que conseguem pagar academia ou um personal trainer. Portanto, a gente reforça que a orientação é de suma importância, mas mesmo sem ela, a prática pode ser realizada [...] Principalmente, no domínio de lazer, quando essas atividades envolvem o prazer, o interesse”, frisa. Além disso, o professor chama a atenção do poder público para a ampliação do acesso aos profissionais de educação física por parte dos pelotenses, especialmente, com políticas vinculadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Estruturação
Com a crescente exploração de locais públicos para a prática de exercícios, o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAUrb) da UFPel, Otávio Peres, que atua na área de planejamento urbano, avalia que as cidades carecem de espaços públicos e determinados aspectos estruturais frente a uma sociedade desigual. “Embora a cidade seja um palco que possibilita os deslocamentos ativos, a caminhada, o uso de bicicleta, ela é estruturada de modo muito desigual. Temos espaços qualificados para isso, boas calçadas e faixas, mas uma grande parte da população não tem calçadas no bairro onde mora [...] usam transporte coletivo para longos deslocamentos e acabam excluídos dessa possibilidade e necessidade de manter uma vida ativa em associação com a cidade”, aponta Otávio.

Segundo argumenta o professor, há a necessidade de criação de estruturas na cidade que se ofereçam de modo mais equitativo à sociedade, para que demandas urbanas e os cotidianos físicos possam ser igualmente acessados por todos. Além disso, aponta a demanda pela adoção de políticas públicas que fomentem sistemas de espaços livres abertos e também equipamentos esportivos. Por fim, o professor enfatiza a importância do entendimento da cultura das diversas práticas físicas em ambiente urbano, sem criminalização. “Além da cidade ser desigual, ela tende a restringir as possibilidades de uso e ocupação espontâneos da cultura urbana”, conclui. ​


Propostas do Município
Ciclovias e ciclofaixas: Conforme divulgado pela Prefeitura, Pelotas deve passar a contar com um incremento superior a 4,5 quilômetros, entre ciclovias e ciclofaixas, no ano de 2024. Por meio de um investimento de R$ 819 mil, financiado pelo Banco de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), estão projetados 2,5 quilômetros de ciclofaixas e 1,9 quilômetro de ciclovias, totalizando na cidade um quantitativo superior a 75 quilômetros de vias destinadas exclusivamente para bicicletas.

Quanto à manutenção, a Secretaria de Transporte e Trânsito (STT) explica que o processo de recuperação da via, depende, exclusivamente, do fator de degradação da mesma. Somente as demandas que envolvem problemas relacionados à sinalização competem à pasta, ficando os demais casos, como degradação de pavimento, obstrução por matéria arbórea e intervenção por resíduos sólidos, sob responsabilidade das secretarias de Obras e Pavimentação (Smop), Qualidade Ambiental (SQA) e Serviços Urbanos e Infraestrutura (Ssui). Havendo constatada a necessidade de reparo em praças e parques do Município, equipes das secretarias competentes são deslocadas aos locais para fazer a manutenção e, quando necessário, a remoção do equipamento.

Áreas de lazer: O Município trabalha atualmente no processo de construção do complexo esportivo do Parque da Baronesa. Com um investimento superior a R$ 7,1 milhões, oriundos do Programa Avançar no Turismo do Governo do Estado, o espaço prevê a implantação de quadras esportivas, alambrado, pracinha, academia, áreas de lazer contemplativo, paisagismo, pavimentação de caminhos, fechamento com muro e gradil, mobiliário urbano, iluminação em led e anfiteatro ao ar livre. De acordo com a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), em termos de percentual de execução, a obra ultrapassa hoje a marca de 60% de conclusão. A expectativa é que o parque seja inaugurado ainda no segundo semestre de 2024.

Parque Estrada do Engenho: Há também o projeto de construção do Parque Estrada do Engenho, com investimentos de R$ 17 milhões, pelo programa Avançar Turismo, do governo do Estado, com contrapartida de aproximadamente R$ 3 milhões do Município, para transformações da área onde se situam os diques de contenção do canal São Gonçalo. O local promete se tornar um atrativo disponível para lazer, descanso e práticas desportivas. O projeto prevê a instalação de duas academias ao ar livre, dois playgrounds, passarelas para caminhadas e ciclovias.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

O Pajador – A História do Rio Grande é escolhida como canção-tema dos Festejos Farroupilhas 2024 Anterior

O Pajador – A História do Rio Grande é escolhida como canção-tema dos Festejos Farroupilhas 2024

Pelotas e Rio Grande superam o Estado no índice de aumento de vendas de veículos Próximo

Pelotas e Rio Grande superam o Estado no índice de aumento de vendas de veículos

Deixe seu comentário