Problema

Crescimento de raízes de árvores ergue e destrói pisos de calçadas

Pedestres, sobretudo idosos, têm enfrentado transtornos ao caminhar pelos passeios que são deslocados

Foto: Volmer Perez - Ana Lúcia diz que a filha já tropeçou e por pouco não se machucou no trajeto próximo à sua casa

O processo de arborização é de extrema relevância dentro do ambiente urbano. As árvores são o patrimônio ambiental dentro de uma zona urbana, abrigando os pássaros, proporcionando sombras e transformando o gás carbônico em oxigênio. No entanto, uma situação que tem chamado a atenção dos pelotenses é a quantidade de calçadas que se encontram levantadas, deslocadas ou quebradas por conta do crescimento descontrolado de raízes. Por isso, a escolha da espécie, plantio inadequado e/ou a falta de poda podem acarretar em danos futuros às estruturas que ficam ao seu redor, como calçadas, muros e até mesmo residências, representando um risco aos moradores, em especial os idosos.
Na cidade de Pelotas, em vários bairros o mesmo problema se repete. No Porto e Centro, a situação chama ainda mais atenção pelo desenvolvimento vertiginoso de raízes de árvores. Nessas regiões, em determinados locais, é possível notar que as pessoas preferem utilizar a própria rua para caminhar, evitando passar pela calçada. Isso ocorre justamente por conta dos obstáculos dispostos no meio da rota que é destinada ao trânsito dos pedestres.
Um dos piores cenários foi localizado na calçada dos fundos do Campus II da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Nesse ponto, duas árvores de grande porte aumentaram de tamanho consideravelmente, uma ao lado da outra. Isso tornou o trajeto do pedestre, em torno de dez metros, um desafio de equilíbrio e concentração. No mesmo momento em que a reportagem chegou ao local, mãe e filha cruzavam o caminho com muita dificuldade. “Ela (filha) já tropeçou uma vez, não se machucou porque eu segurei. Eu tropecei e torci o meu pé e fiquei uns quantos dias com o pé machucado”, disse Ana Lúcia Moraes, de 47 anos.
Com sacolas de compras em uma das mãos e com a outra dando apoio à pequena, Ana Lúcia tenta não se desequilibrar pisando em cima de lajotas que não estão nada firmes. “Tem alguns que ficam falsos no chão. Traz insegurança para a gente. Um dia eu vi uma senhora cair em uma outra que tem ali adiante. Ela caiu de cara no chão, quebrou óculos, coisa mais horrível”, declarou. “Eu moro aqui há três anos e sempre foi assim.” A título de comparação, imagens do Google Street View no mesmo local, datadas de 2019, apresentam um cenário completamente diferente. As duas árvores estão assentadas perfeitamente em seus canteiros, no tamanho ideal, o que indica que entre 2019 e 2021 o crescimento das raízes e a falta de poda destruíram a calçada, piorando com o passar dos anos.
Calçadas nesse estado indicam um problema maior ainda para as pessoas de mais idade. A moradora Lenis Silveira, de 66 anos, circula pelas ruas da cidade todos os dias e relata sobre o perigo das lajotas soltas para os idosos. “Eu já quase caí. Tem ruas que tu tem que ter o máximo de cuidado, porque tu vem distraído. Além das árvores, tem buracos abertos. Tu não caminha com segurança”, relata. O plantio de muitas dessas árvores é feito pelos próprios moradores, então Lenis destaca a importância da escolha certa da espécie. “A gente comprou uma caneleira, porque a gente sabe que a raiz não se expande muito.”

Condições para arborização
O secretário de Qualidade Ambiental, Eduardo Schaefer, lembra que a Lei 5.528, que institui o código de obras para edificações do Município, estabelece que somente os passeios públicos com largura igual ou superior a 2,1 metros poderão ser arborizados, conforme autorização da Secretaria. Em caso de plantio devem ser observadas restrições, como árvores de até quatro metros de altura em calçadas com rede de energia elétrica e telefônica, e seis metros de altura para os passeios sem rede.
O secretário ainda relata que em 2021 a Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) reeditou o Guia de Arborização Urbana, que apresenta uma variedade de espécies adequadas de acordo com o entorno do espaço, assim como as diretrizes para a implementação da arborização nas calçadas.
O titular da pasta ainda destaca que um dos principais problemas nas quebras das calçadas ocorre em razão do mau direcionamento dos canteiros em relação às árvores, o que faz as raízes buscarem por novos espaços. Não havendo soluções viáveis para a readequação da calçada, a árvore deve ser transplantada ou, em último caso, conforme dispõe a Lei Municipal 4428/99, suprimida.

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