Cenário

Moradores retiram-se das novas áreas de risco apontadas pela Prefeitura

Nível das águas subiu no Arroio Pelotas, Canal São Gonçalo e Lagoa dos Patos nesta terça-feira em Pelotas

Foto: Jô Folha - DP - Em diversas partes da cidade, veículos grandes foram usados para retirar itens.

A prefeitura de Pelotas anunciou por meio de live nas redes sociais nesta terça-feira (7) novas áreas de risco que devem ser evacuadas pela população, somando-se à Colônia Z-3, Pontal da Barra e próximos à Ponte de Rio Grande: todo o Laranjal, a costa do Arroio Pelotas, dos Lagos de São Gonçalo, Navegantes, Fátima e Parque Una.

A novidade destacada pela prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) foi a de que o Município passa a fornecer um mapa com o grau de risco de cada localidade de Pelotas. O anúncio foi feito ao fim da manhã e o mapa divulgado apenas no começo da tarde, o que gerou revolta da população, em uma sequência de críticas nas mídias sociais da Prefeitura.

Com a situação, em Pelotas, vários moradores deixaram suas casas apenas com a roupa do corpo. Por isso, um dos itens mais necessários neste momento é roupa íntima nova. As doações podem ser feitas na Secretaria de Assistência Social, na Deodoro 404.

Pela manhã, na região do Laranjal, alguns moradores já deixavam suas casas com auxílio de barcos. Foto: Jô Folha - DP

Moradores respondem aos alertas

Nas regiões destacadas como de alto risco pela Prefeitura, a maioria absoluta dos moradores acatou ao pedido do poder público e o cenário foi caótico em alguns pontos, com a população organizando os móveis e buscando abrigo na casa de amigos, parentes ou os disponíveis pelo município.

Na rua do Pântano, próximo ao começo da rua General Osório, Mateus Teixeira Gomes relata que não é comum encher de água a localidade, à margem de um canal que deságua no São Gonçalo, mas as imagens que viu de Porto Alegre assustam. Assim, ele, a mulher e os três filhos vão temporariamente a uma casa alugada no Areal. “Tivemos que deixar alguma parte dos móveis, porque não conseguimos levar tudo, então colocamos no segundo andar. Estamos na esperança de salvar pelo menos nós, mas nossa preocupação maior é os animais que não vou conseguir levar, só vou levar os cachorros”, disse.

Moradores da rua Anchieta, próximo à rua do Pântano, relembram a enchente de 1998, quando a água subiu até ali, mas preocupam-se com a possibilidade de enchente pelo São Gonçalo. Aline Baltazar, 41, mora na primeira quadra da Osório, e relembra situações difíceis que viveu pelo alagamento. “Tem muita gente que vai perder tudo, não tem o que fazer. É salvar o que der”, relata. Ela e a família vão para casa de um amigo.

Na Estrada do Engenho, onde há sacos de areia amontoados em barricada para conter a subida do São Gonçalo, moradores também estão deixando as casas. Na Balsa, Rudinara Barcello Pinto, 57, e Nara Amaral, 53, que moram com os maridos em suas casas, relatam que deixaram tudo de prontidão, mas por enquanto não vão abandonar a casa. “Moramos mais para dentro, mas se a água chegar, a gente vai para casa de parentes”.

Às margens do Arroio Pelotas, que subiu bastante de segunda para terça, muitos moradores saíram com móveis.

“Quem está saindo são novos aqui e estão assustados”, relatou uma moradora, que vai permanecer em casa, mas não quis se identificar. “A gente tem o segundo andar, caminhonete alta para sair, qualquer coisa pega os cachorros e vai embora”, disse outra moradora, que também não quis se identificar.

Na Ilha dos Pescadores, próximo a ponte entre Pelotas e Rio Grande, a água chegou na altura da cintura. Antes de irem para os abrigos, cerca de 50 famílias se mobilizavam para conseguir retirar, por meio de barcos, o máximo possível de seus pertences devido ao temor de saques. Muitas pessoas deslocaram filhos e idosos para outros locais e iriam permanecer na Ilha para cuidar das residências durante a noite. Na área conhecida como Doquinhas, próximo ao Quadrado, o cenário é semelhante. O São Gonçalo invadiu várias casas. A maioria das pessoas já haviam sido encaminhadas a abrigos, mas alguns permaneceram também pelo temor dos furtos.

Barricadas no Quadrado

Equipes do Exército realizaram nesta terça a construção de uma barricada no Quadrado, na região do Porto de Pelotas. De um dos lados, a estrutura com cinco sacos mede aproximadamente 70 centímetros. De outro, a altura é um pouco inferior, com quatro sacos colocados.

À beira do São Gonçalo, no local, a água avançava em direção ao Centro. Porém, no fim da tarde, ainda permitia que se caminhasse. Moradores do entorno retiravam seus pertences e deixavam os lares sem pressa. Cenário parecido se vivia na Balsa, onde famílias carregavam carros para sair das proximidades.

Previsão

Nesta quarta-feira, o céu permanece nublado em Pelotas, com pancadas de chuva e trovoadas, passando a parcialmente nublado. Os ventos são de nordeste/sudoeste, fracos a moderados e com rajadas fortes ocasionais. Os dados são do CPPMet da UFPel.

Nível das águas

Último boletim divulgado nesta terça-feira pela Prefeitura apresentou elevação nos níveis das águas da Lagoa dos Patos (2,20 metros) e Canal São Gonçalo (2,40 metros). Na segunda-feira, os índices eram de 2 metros (Lagoa) e 2,20 metros (São Gonçalo). .


Orla da praia está com água já pela avenida Dr. Antônio Augusto Assumpção. Foto: Volmer Perez - DP

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