Entrevista

“Essa possibilidade de não acontecer nada é absolutamente remota”, diz coordenador da Defesa Civil sobre cheias na Zona Sul

Mesmo com níveis de água ainda seguros, moradores de áreas de risco têm que procurar abrigo em locais seguros

Volmer Perez - DP - Coordenação ficou centralizada em um único local

Desde esta quinta-feira o 9º Batalhão de Infantaria Motorizada (9°BIMtz), é a sede da sala de situação de Pelotas para o monitoramento do avanço das águas no município. Com o propósito de concentrar todas as ações operacionais e informações técnicas, no local estão reunidas equipes das instituições envolvidas na gestão das cheias. As decisões são coordenadas pela Defesa Civil regional e baseadas em dados em tempo real de meteorologistas e hidrólogos. A principal recomendação segue sendo que os moradores em áreas de risco saiam de suas casas de forma calma, mas com a maior brevidade possível.

Pela manhã, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) fez novo pronunciamento pedindo que as pessoas que residem nas localidades marcadas em vermelho ou laranja no mapa divulgado pelo Município, permaneçam realocadas em lugares seguros, mesmo com diminuição momentânea dos níveis da água e o tempo seco. Após o encerramento da live, a movimentação na sala de situação voltou a ser intensa entre forças de segurança, secretários, profissionais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a Defesa Civil. “Aqui é para organizar os fluxos de informação para que a resposta seja ágil e organizada, para que não vá, por exemplo, duas instituições atender a mesma demanda. Todas as informações que chegam vêm pra cá e são redistribuídas para os grupos que vão atuar nas demandas”, diz a prefeita.

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Os efeitos de desprezar os riscos

Na principal pauta de debate da sala estava a importância de mobilizar a população a seguir as instruções divulgadas pela Prefeitura. Coordenador da Defesa Civil da Região Sul, o Coronel Márcio Facin ressalta que as recomendações são baseadas em estudos e na dedicação de pesquisa de vários técnicos. “As manchas vermelhas que foram colocadas no mapa são o que de mais apurado foi feito por parte de estudiosos que estão ao lado da Prefeitura ajudando nesse processo (...) ninguém está falando que é uma certeza, mas estamos fazendo de tudo que é possível para dizer saia desta área vermelha porque os riscos são muito significativos", disse.

Facin, assim como a prefeita, destaca o “privilégio” que a região tem ao dispor de tempo para o planejamento contra as inundações. O coordenador, aconselha que as pessoas em área de risco “aproveitem” a água em níveis seguros e o dia seco para organizarem as suas saídas de casa. “Não é para causar desespero, mas é para que respirem, pensem para onde irão, levantem os móveis”, explica. A recomendação da Defesa Civil para Pelotas é que os moradores de áreas de risco saiam imediatamente. “Porque quando a água vier, eu tenho poucos minutos para sair. Se para sair na última hora, outras milhares de pessoas também deixam, o trânsito vai ficar interrompido e daqui a pouco não vai dar tempo para todo mundo sair”.

O Coronel também esteve coordenando ações de salvamento no Vale do Taquari, na última semana, e relata que na região central muitas mortes poderiam ter sido evitadas se as pessoas seguissem os alertas emitidos. “Lá também tiveram muitas pessoas que não quiseram sair, que não acreditaram que fosse possível que as águas chegassem nas áreas onde a Defesa dizia que chegariam, olha para o que aconteceu”.

Na sala de situação há uma equipe com quatro meteorologistas, dois hidrólogos e uma engenheira cartográfica acompanhando a movimentação das águas e do tempo. Diante dos dados, Facin afirma que “essa possibilidade de não acontecer nada é absolutamente remota”. O Coronel complementa ainda, que “o que mais nós queremos é que esses alertas não tenham sido necessários, só que não temos esse dados e temos que passar o que o dado real: saia de sua residência com calma”.

Acolhimento

Para a população que não reside em área de risco, Facin pede que as pessoas busquem abrigar familiares, amigos e conhecidos em suas casas para evitar a falta de vagas em abrigos. “Porque os abrigos têm que ser deixados prioritariamente para aqueles que não tem para onde ir. Gente que tem conhecido que está em área de risco, liga, abriguem essas pessoas”.

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