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Moradores de locais distintos da cidade relatam perturbação por música alta em pontos de encontro
Por: Aline Klug
aline.klug@diariopopular.com.br
O som alto da música que vem das ruas não dá trégua e facilmente ultrapassa o horário das 22h. Embora assegurado por lei, o tão esperado sossego é interrompido pelo barulho dos jovens que utilizam as madrugadas para ouvir “pancadões”, abusar do consumo de álcool e drogas ilícitas em meio às vias e até mesmo urinar na frente de residências em diversos pontos da cidade. Alguns desses casos são registrados na rua Santa Cruz e se repetem semanalmente na avenida Bento Gonçalves.
Descrito por moradores como “calmo”, o trecho da rua Santa Cruz entre Uruguai e Almirante Tamandaré, passou, em outubro, a contar com um bar. Após o fechamento do estabelecimento, cujo horário de funcionamento é alterado dependendo do dia, jovens ocupam a extensão da rua como ponto de encontro com música alta e consumo de drogas lícitas e ilícitas.
Morando a algumas casas de distância, Pedro (nome fictício) conta que a música atinge um volume tão alto que as janelas do seu quarto, que ficam do lado oposto do bar, passam a noite vibrando. “Nem é muita gente, é um ou dois carros que eles abrem o porta-malas e têm aquelas caixas enormes de som. Além disso, eles usam a via pública como banheiro, as pessoas têm que acordar já limpando a frente das casas porque fica um fedor”, conta.
À reportagem do Diário Popular, o grupo de vizinhos enviou diversos registros do dia 3 de dezembro (sexta-feira), entre 5h07min e 5h23min, para servir como exemplo do que é presenciado todas as semanas. Nos vídeos de câmeras de segurança de residências ou celulares, a cena é de um veículo Corsa Sedan rebaixado com caixas alto-falante e luzes dentro do porta-malas, além de diversos jovens em volta com copos. “Não é algo pontual, não é uma situação em que termina uma festa e as pessoas ficam na rua conversando. A rua vira um carnaval, mas com pouca gente e muito som”, compara o morador.
Outra moradora, que não quis se identificar por questão de segurança, vive em frente ao novo estabelecimento e possui uma filha com deficiência intelectual. Ela relata que as noites dos últimos dois meses têm sido de desespero para a jovem e insegurança. Ela aponta também que não é possível dormir antes das 7h, quando as pessoas começam finalmente a deixar o ponto de aglomeração. “Minha filha fica incomodada [com o barulho]. Ela acorda e diz ‘mãe, vai estourar minha cabeça’, porque os carros com aquele som de batidão fazem retumbar a casa inteira e as janelas sacodem”, conta.
Além da música, a moradora relata que motos ficam acelerando em frente à residência. “Parece que eles estão dentro da minha casa. Eu tenho medo de ir ao menos ver o que está acontecendo. É insuportável, não respeitam as pessoas. A minha filha, por ser especial, fica gritando dentro de casa. Eu preciso acalmar ela, às vezes gritar para que ela me ouça”.
Há várias quadras dali, na avenida Bento Gonçalves, o problema é semelhante - e constante. Carlos (nome fictício) mora em frente ao Altar da Pátria, local de encontro nas madrugadas do final de semana. De acordo com ele, o problema ocorre durante todo ano e já virou rotina, com ou sem pandemia. A junção de pessoas inicia à meia-noite de sexta-feira e traz a quem habita ou transita pelo local a sensação de insegurança. “Começa na sexta, dia que tem menos pessoas, mas o barulho já aparece. Já na madrugada de sábado para domingo, por exemplo, é ensurdecedor. Para se ter uma ideia, este final de semana foi até 6h da manhã a algazarra”, relata.
São caminhonetes paradas no acostamento e até em cima da calçada do parque Dom Antônio Zattera. “Eles têm caixas de som nos veículos, ligam aquilo e chega a tremer as janelas. Sinceramente não sei como nenhum morador ainda não fez uma besteira, porque dá uma raiva, é insuportável uma coisa dessas com alguém que trabalha e só quer algumas horas para descansar”, desabafa.
A respeito de ambos os casos, o Ministério Público já foi acionado. Além disso, os moradores das duas localidades relatam que a Guarda Municipal e a Brigada Militar são acionadas. Em alguns momentos as linhas 190 [BM] e 153 [GM] chegam a passar por congestionamento com tantos pedidos por ajuda; em outros, a resposta é a mesma por parte da população: “eles chegam, dispersam ou mandam baixar o som, mas em poucos minutos os jovens retornam ao local”.