O número impressiona pela quantidade, embora para boa parte da população o problema seja invisível. No Brasil, 7,8 milhões de habitantes viviam em 2015 em situação de pobreza multidimensional, assim considerada quando a pessoa sofre privações no acesso a áreas básicas adequadas: saúde, educação, água e saneamento, eletricidade e padrões de habitação dignos.
O número representa 3,8% da população brasileira e foi divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em seu mais recente relatório sobre as várias faces da miséria.
Para chegar a ele, o órgão utilizou o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), que avalia as formas como os indivíduos têm condições de vida básicas negadas por causa da miséria. Quanto mais próximo do zero o IPM, menor é a pobreza multidimensional de uma nação. O do Brasil é estimado em 0,016, idêntico ao da China e à frente, na América Latina, de Trinidad e Tobago (0,002), Santa Lucia (0,007), Guiana (0,014) e República Dominicana (0,015). Foram analisados os cenários de 101 países.
A pessoa é considerada "multidimensionalmente pobre" ao ter privações em pelo menos 30% dos indicadores. Quando as limitações são observadas em mais da metade dos indicadores, vive-se em pobreza multidimensional severa - atingia 0,9% da população brasileira em 2015.
Conforme o estudo, o indicador que mais pesa na taxa do país é a mortalidade infantil, que responde por 49,8% do valor no cálculo das privações. Em segundo lugar vem os anos de escolaridade (19,8%) e, em terceiro, o acesso ao saneamento (11,9%).